quarta-feira, 25 de abril de 2007

Anti-americanismo primário no Capitólio


De Washington vêm sinais crescentes de que a nova maioria democrata no Congresso tem a coragem política para impor um novo rumo ao Presidente Bush no que toca à guerra no Iraque. E a fadiga do povo americano (e do mundo) em relação a esta Administração cada vez afoita mais gente a chamar as coisas pelos nomes.
Ontem, o líder dos Democratas no Senado, o Senador Harry Reid, respondendo à enésima acusação de "derrotismo" lançada pelo Vice-Presidente Dick Cheney contra todos aqueles que não consideram o Iraque um farol de esperança e progresso na Mesopotâmia, declarou:
"O Presidente Bush dá frequentemente ordem de soltura ao seu cão de combate [attack dog], também conhecido por Dick Cheney."
Touché!
E agora? Os porta-vozes da falange lusitana do pró-americanismo primário (que inclui alguns "socialistas") devem estar inquietos. Como explicar tamanho anti-americanismo no coração da democracia americana?
Durante anos, do lado de cá do Atlântico, as vozes dividiram-se entre aqueles que viviam na esperança de que a sanidade voltasse aos corredores do poder em Washington, e aqueles que abraçaram acriticamente a visão de um 'mundo novo' em que se invadem países ilegalmente, em que se mente descaradamente sobre as armas mais perigosas do mundo, em que se atropelam os mais fundamentais Direitos Humanos a pretexto de lutar contra o terrorismo, em que se criam falsos heróis e heroínas militares ao ponto de estes(as) e as suas famílias se verem obrigados(as) a distanciar-se das obscenas patranhas.
Não era difícil de adivinhar bem cedo, bem antes da guerra do Iraque, quem tinha chegado ao poder em 2000.
Só não viu quem não quis ver.
Só não se demarcou quem nasceu para rastejar.