O destaque de hoje do Público -- «Governo conhece estudos que permitiriam tirar ao custo do novo aeroporto 2,5 mil milhões de euros» --, tomando claramente partido na questão (política) da localização do aeroporto da Ota, suscita as seguintes comentários:
1º - Não são conhecidos os tais estudos alternativos aos da Ota (nem as credenciais dos seus autores nesta área), sendo designadamente desconhecidos os alegados dados sobre os custos;
2º - Estudos destes, para terem algum crédito, não se podem fazer em alguns dias ou semanas, sendo desejável saber quem é que financiou ou está disponível para financiar os seus elevados custos, e as suas motivações;
3º - É absurdo imputar como custos da Ota acessibilidades que já lá estão, como a as auto-estradas, ou que serão construídas independentemente dela, como o TGV, e não imputar às novas hipóteses de localização os custos das mesmas acessibilidades, que ainda não existem, até porque se trata de localizações mais distantes de Lisboa do que a Ota;
5º - Nos investimento de infra-estruturas de longa duração, não faz sentido comparar somente os custos de construção, sem entrar em linha de conta com os custos da sua utilização para os utentes: ora, sabendo-se que a esmagadora maioria dos utentes do aeroporto de Lisboa reside a norte do Tejo, que custos acumulados não teria uma localização a sul do Tejo?
6º - O critério essencial para a localização do aeroporto de Lisboa não pode ser apenas o seu custo de construção (ficaria ainda mais barato em Vendas Novas, por exemplo...), mas sim a sua racionalidade em termos de ordenamento territorial, de vantagens económicas e de proximidade em relação aos seus utentes;
7º - Um aeroporto territorialmente periférico como o que agora se propõe aproveitaria sobretudo à Lusoponte, obrigando a mais uns milhões de travessias do Tejo (uma mina de portagens!...), e aos grandes interesses económicos implantados a sul do Tejo, cuja identificação é mais do que conhecida.