
Um projecto, desenvolvido pela ONG francesa Humaniterra (financiado pela França e a Comissão Europeia) deixa-nos confortados – a Unidade para Queimados do Hospital local. Um novo hospital, ao lado do velho. Construido de raiz. Onde trabalham médicos e enfermeiras afegãs que foram receber formação a França. Há muitos e sobretudo muitas queimadas, fora os/as que morrem. Actualmente internadas mais de 12 crianças (água a ferver entornada, é a causa mais comum). E várias mulheres – na maior parte auto-imoladas, tão insuportávéis são as suas vidas. Vejo duas, ligadas da cabeça aos pés que se contorcem nas camas, as caras em carne viva, estorricadas. Uma visão dantesca, a trazer-me à cabeça a Eufrásia Lobato naquele hospital de Jacarta... “Nem na Europa, elas sobreviveriam...” dizem-me os médicos.
A par da Unidade para Queimados, a Humaniterra com apoio do governador e outras das autoridades locais, criou abrigos para mulheres e há cinco anos que faz campanha para desencorajar as auto-imolações. “Agora há menos imolações e muito mais divórcios”, informa-me uma enfermeira.