Como explico no meu artigo desta semana no Público, sou muito céptico sobre a possibilidade de obter a aprovação do Tratado de Lisboa num segundo referendo a curto prazo na Irlanda, caso seja essa a solução adoptada para sair do impasse criado. Para além de deixar passar alguns meses, são necessárias três condições para assegurar alguma possibilidade de êxito:
-- apostar na diminuição do enorme grau de desconhecimento sobre o Tratado, que foi o principal factor da sua rejeição;
-- oferecer aos irlandeses algumas garantias formais quanto aos pontos que foram objecto de maior exploração demagógica da oposição ao Tratado (neutralidade, impostos, aborto, etc.);
-- tornar claro que a definitiva inviabilização do Tratado, com uma segunda rejeição, aumentará as "chances" de criação de uma "Europa com dois escalões", com o avanço dos demais Estados-membros para formas de integração mais avançadas, sem a Irlanda (e outros Estados que não queiram acompanhar).