quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

A UE e a crescente ameaça terrorista


"Não estamos a conseguir proteger os nossos cidadãos face à ameaça terrorista e criminalidade organizada conexa, que  não nos apanha de surpresa e há muito nos impõe agir coordenadamente a nível europeu, porque sozinho nenhum país conseguirá vencê-la.
 
Estamos a pagar o preço da descoordenação na Síria, no Iraque, na Líbia e na questão palestina. Precisamos de trabalhar pela paz e segurança da vizinhança e de atacar as fontes de financiamento do terrorismo, como o tráfico de seres humanos, de armas, de petróleo e de drogas - com a cumplicidade de governos que se dizem nossos aliados, como os da Arábia Saudita, Turquia ou Qatar. Precisamos de nos coordenar no apoio às forças que resistem no terreno, como os Peshmerga, e de prestar ajuda mais eficaz a populações deslocadas e refugiadas e para que reocupem e reconstruam zonas libertadas, como o Sinjar, onde possam ficar em segurança. Pois não é com muros e o fim de Schengen, com encerramento de fronteiras, que impediremos de vir quem foge da barbaridade.
 
Internamente sofremos de desunião e desconfiança. Resistimos a partilhar informação contra o terrorismo e a agir contra o crime organizado, falhamos em criar um efectivo PNR europeu, em contrariar a  propaganda recrutadora e, com as políticas neo-liberais que criam mais desemprego e ghettos,  facilitamos mesmo a campanha radicalizadora dos próprios jovens europeus, que se juntam às fileiras do chamado "Estado Islâmico" dentro das nossas fronteiras e até dentro das nossas prisões! Além do desconcerto que exibimos, ajudamos os terroristas com a vaga de xenofobia, que agora miseravelmente ataca refugiados que fogem ao terrorismo e à guerra - e que temos a obrigação de acolher.
 
Não precisamos de inventar nada! Precisamos de vontade política e sentido do interesse estratégico num mundo regulado pela "rule of law" e direitos humanos. As soluções estão numa articulação inteligente e coerente das políticas de segurança interna e externa. Precisamos é que os nossos Governos trabalhem em conjunto! Este é um problema europeu e a principal arma de que precisamos é de União. De União Europeia!"

(Minha intervenção no debate em plenário do PE sobre "A crescente ameaça terrorista", esta manhã).