quarta-feira, 31 de agosto de 2016

Ao contrário


1. A narrativa anti-UE da extrema-esquerda reza invariavelmente que a integração europeia foi feita (e só serve) para proteger as grandes empresas e assegurar os seus lucros.
Mas os factos provam exatamente o contrário, como mostram as enormes punições aplicadas pela União aos cartéis ou aos abusos de poder de mercado das grandes empresas, sejam europeias (desde a Philips à Daimler Benz) ou extra-europeias (desde a Microsoft norte-americana à Gazprom russa).
A decisão de ontem da Comissão Europeia, de aplicar uma coima de 13 000 milhões de euros (!) à poderosa Apple, por ter beneficiado de ajudas de Estado ilícitas na Irlanda (isenções fiscais seletivas), confirma inteiramente esse ponto.

2. Acresce que só a União poderia sancionar efetivamente tais infrações à concorrência e combater o poder económico das multinacionais. Nenhum Estado isoladamente teria interesse ou poder para punir essas infrações. Pelo contrário, como mostra o caso da Apple, muitas vezes são os próprios Estados-membros que promovem essas infrações em benefício próprio.
No final, o que isto mostra é que a globalização económica e a competição nacional pela atração de investimento estrangeiro criaram uma perigosa "falha de mercado", que torna ineficaz a defesa da concorrência limitada ao plano nacional. A UE é a resposta apropriada a essa falha de mercado, sendo uma estulta ilusão a ideia de retorno a um mirífico "controlo nacional" da economia.