sexta-feira, 1 de setembro de 2017

Contradição

A defesa que Cavaco Silva fez da virtude da contenção e da discrição presidencial em matéria de declarações públicas (doutrina com que, aliás, concordo, mas que ele próprio nem sempre observou enquanto PR) devia valer também para os ex-presidentes, como tem sido prática geral, e virtuosa, dos anteriores titulares do cargo (com exceção de Mário Soares na fase final). E isso vale desde logo para as apreciações em relação aos seus antecessores ou sucessores. Um ex-Presidente não é um cidadão qualquer nem muito menos um comentador político.
Ora, essa posição foi foi logo flagrantemente contraditada pelo próprio CS, quando decidiu atacar em termos pouco contidos e pouco discretos o atual PR por excesso de exposição pública. Mesmo sendo a crítica fundada, não cabe a um anterior PR fazê-la, para mais nos termos descabidos em que foi feita e no local onde foi produzida, numa iniciativa partidária.  De resto, sendo CS membro do Conselho de Estado, órgão consultivo do PR em funções, esse seria o fórum apropriado para produzir doutrina sobre o perfil do poder presidencial de externalização de opiniões públicas.
Contradição óbvia, portanto