Se o PS fez tudo para aguentar a Geringonça até ao fim, concessão após concessão, apesar dos seus custos orçamentais e das golpadas dos parceiros da pseudoaliança parlamentar (sobretudo do BE), desta vez as coisas ultrapassaram todas as linhas vermelhas, quando os ditos aceitam o apoio eleitoralmente oportunista da direita para impor uma medida que, além de não constar deliberadamente do programa do Governo nem dos acordos interpartidários e de se traduzir numa enorme injustiça distributiva na função pública - o que é indigno da esquerda -, inflige ao Governo a maior derrota política da legislatura, numa das suas mais essenciais orientações políticas (a consolidação orçamental, a redução do peso da dívida pública e a contenção do aumento da despesa pública permanente).
Se na política não há lugar para gratidão, resta sempre a exigência de um módico de leadade política entre as partes num parceria política contratualizada.
Adenda
Penso que o melhor modo de lidar com o maximalismo político dos seus "parceiros" (!?) de esquerda é mesmo confrontá-los com uma moção de confiança baseada na importância decisiva da consolidação orçamental e com o desafio de apoiarem o Governo ou juntarem-se à direita para o derrubar.
Adenda 2
António Costa preferiu jogar pelo seguro e clarificar desde já as águas, anunciando a demissão do Governo, caso a lei seja definitivamente aprovada, jogando toda a responsabilidade sobre a leviandade e o oportunismo das oposições. Conversa acabada, portanto!