sábado, 3 de outubro de 2020

Gostaria de ter escrito (26): O caso do Professor Doutor Aguilar

Sobre o escandaloso caso do Professor Aguilar, que espuma ódio antifeminista nos seus escritos académicos (?), merece ser lido este texto da jornalista Fernanda Câncio, no Diário de Notícias (reservado a assinantes). Um excerto:

No país em que se assiste a um cortejo de gente a bramar contra uma disciplina de Cidadania na escola, alegando "objeção de consciência" contra o ensino da igualdade de género e da liberdade de orientação sexual e de identidade de género, no país em que há gente a acreditar que dizer a crianças que não estão condenadas a seguir papéis tradicionais de género é um crime, um professor pode portanto apresentar as feministas como criminosas e defender a inferioridade e a submissão das mulheres numa revista da Faculdade de Direito pública e nada daí resultar.  

Por que não haveria então um engenheiro de apresentar no congresso de um partido de extrema-direita, e vê-la aceite para discussão, uma moção para mutilar mulheres que abortam? Porque não há de esse partido querer submeter no parlamento uma proposta de revisão constitucional que prevê, à moda dos talibãs, a mutilação como pena de crimes?

Subscrevo!

Adenda

A diretora da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa veio publicamente condenar as ideias de Aguilar como "xenófobas" e "misóginas". É de saudar esta condenação pública. Mas o mais grave está em que, sabe-se agora, o dito Professor as expendeu repetidamente no seu ensino e nos seus escritos académicos antes de terem vindo a público. O "corporativismo académico" não pode coonestar situações desta gravidade.