terça-feira, 1 de março de 2022

Contra a invasão da Ucrânia (4): "A Ucrânia não deve aderir à NATO"

Vale a pena recordar este artigo de 2014  sobre a Ucrânia de Henry Kissinger, que sabia a do que falava, onde defendia que o país deveria manter o estatuto de neutralidade, sem aderir à NATO (como aqui também defendi).

Adenda
Um leitor acusa-me de "desalinhar do consenso ocidental" de condenação sem reservas da agressão russa, mas não tem razão. Tendo condenado desde o início a invasão em termos inequívocos, só não tenho acompanhado o tal "consenso" político e mediático quando se trata de ignorar deliberadamente as responsabilidades euro-americana e ucraniana na criação dos fatores que deram à Rússia os pretextos para a invasão e sem consideração dos quais não se vislumbra a possibilidade de repor a paz na Ucrânia e restabelecer uma vizinhança pacífica entre a UE e a Rússia. Por isso, pareceu-me importante recordar este texto de Kissinger, que não pode seguramente ser acusado postumamente de "falta de alinhamento" com o Ocidente na relação com a Rússia pós-soviética. Os interesses políticos da UE na Europa - a que a Rússia pertence - não têm de coincidir sempre com os dos Estados Unidos.

Adenda 2
Também não sufrago a sanção de banimento de cadeias de informação russas do espaço mediático ocidental: primeiro, porque se trata de medidas de censura impróprias de democracias liberais e, segundo, porque não vejo motivo para privar os cidadãos de conhecerem o ponto de vista russo. Embora apoiando a Ucrânia contra a invasão russa, como devem, os EUA e a UE não estão em guerra com a Rússia, pelo que não devem recorrer a medidas mais próprias do "outro lado".