quinta-feira, 12 de maio de 2022

Ai o défice: Contas da saúde

Um especialista que sabe do que fala afirma que o SNS não precisa de mais milhões de euros, mas sim de melhor gestão do muito dinheiro que já recebe do orçamento. Mas quando o Governo decide acabar quase integralmente com as taxas moderadoras - de que estavam isentas todas as pessoas de menores rendimentos -, que valem mais de 30 milhões de euros, então é evidente que o orçamento tem de continuar a abrir os cordões à bolsa...

Quando os ricos deixam de pagar taxas (no SNS, nas autoestradas, no ensino superior...), são os contribuintes, incluindo os de menores rendimentos, que têm de pagar a diferença.

Adenda
Embora favorável às taxas moderadoras, um leitor observa que, contabilizando os atuais custos de sua cobrança (pagamento em dinheiro, falta de trocos nos serviços, etc.), elas causam provavelmente prejuízo. Observo que não há nenhuma razão para toda essa ineficiência no processo de cobrança, salvo o atavismo burocrático dos serviços, e que, independentemente da receita financeira, as taxas moderadoras se justificam por duas razões não financeiras: (i) pelo efeito dissuasor que possam ter contra o abuso no recurso aos cuidados de saúde e (ii) pelo efeito simbólico de significar aos utentes que o SNS custa dinheiro. O que é grátis tende a ser banalizado. Por isso, defendo há muito que o SNS deveria informar os utentes sobre o custo efetivo de cada serviço recebido.