sexta-feira, 13 de maio de 2022

Assim vai a política (11): O Bloco da direita

1. É evidente que, se o PSD fosse Governo, NUNCA se proporia atualizar as remunerações da função pública em função da inflação prevista, por ser uma medida supinamente irresponsável, quer pelo seu enorme custo orçamental, quer sobretudo porque o pior que se pode fazer numa situação inflacionista é fomentar a procura, gerando mais pressão inflacionista. 

Não ter proposto igual aumento para as pensões, também elas vítimas da inflação, deve ter sido esquecimento. Mas a incoerência e a discriminação são óbvias. De resto, para não privilegiar a função publica (mais do que já é...), o PSD deveria propor também uma atualização automática equivalente dos salários do setor privado...

2. Sempre defendi que os partidos de vocação governamental, como o PS e o PSD, devem defender na oposição as posições que adotariam se estivessem no Governo, sob pena de perderem credibilidade e ajudarem à desconfiança dos cidadãos na política. 

Pelos vistos, porém, em vez de trabalhar para vir a regressar ao Governo a seu tempo, o PSD decidiu comportar-se como partido de protesto, uma espécie de Bloco da direita. Deve ser por isso que as sondagens lhe dão o humilhante resultado que dão. 

Os genuínos partidos de protesto, como o Bloco e o PCP, são mais credíveis nesse papel. Na competição com eles, o PSD perde.