domingo, 22 de janeiro de 2023

Bloquices (22): Contra a UE

É manifesto que a proposta do Bloco, de proibir a aquisição de habitação em Portugal por "não-residentes", incluindo outros cidadãos da União Europeia, não tem a mínima viabilidade política, por afrontar direitos fundamentais dos cidadãos europeus, a começar pelos próprios portugueses, como o de residir e adquirir casa e terras onde quiserem e o de fazer investimentos onde desejarem no território da União, direitos sobre os quais Portugal não fez nenhuma reserva no momento da adesão. 

Com esta ideia politicamente oportunista, o Bloco não deixa de revelar, mais uma vez, a sua velha hostilidade política e ideológica à integração europeia, incluindo aos princípios constitucionais essenciais em que assenta a União.

Adenda
Um leitor objeta que nalguns países da União Europeia é mesmo proibido os não-residentes adquirirem casa. É verdade, mas trata-se de países, como a Dinamarca e Malta, que fizeram a competente reserva no momento da adesão à UE, o que não foi o caso de Portugal e todos os demais.

Adenda 2
Um leitor que se apresenta como «simpatizante» do Bloco diz que a hostilidade do partido à UE devia ser mais efetiva, porque, sendo um partido anticapitalista, não pode deixar de combater a «integração imperialista europeia». Estava habituado a identificar essa linguagem com o PCP, não com o BE, mas afinal ambos integram a mesma bancada parlamentar no Parlamento Europeu...