1. Já tardava nesta campanha eleitoral o "prato" habitual servido pelo MP, de instrumentalizar a investigação penal como instrumento de intervenção política, desta vez contra o candidato Gouveia e Melo, alegadamente suspeito de contuta ilícita na contratação pública, enquanto Comandante Militar.
O esquema é o habitual: 1º passo - arranja-se uma denúncia anónima contra uma personalidade pública, que não precisa de ser minimamente fundamentada; 2º passo - o MP abre automaticamente inquérito sobre o visado, sem nenhuma averiguação perfunctória sobre a veracidade da acusação; 3º passo (essencial) - o caso é oportunamente vasado para os media amigos num momento crítico para o visado; 4º passo - a vítima fica imediatamente sujeita a julgamento e condenação sumária e obrigada a provar a sua inocência, sem saber contra que acusação em concreto.
É tempo de dizer basta! Perante mais este episódio, o PGR tem a obrigação de vir explicar publicamente porque é que o tal inquérito tinha de vir a público em plena campanha eleitoral.
2. É óbvio o propósito de enlamear o candidato presidencial e de o atacar no seu ponto mais forte - a integridade pessoal e profissional, desde logo como CEMA. E não pode descartar-se a hipótese de a divulgação ter partido do círculo de um dos seus competidores na disputa presidencial, nesta reta final em que se decide quem vai à 2ª volta das eleições.
Mas o pretexto da investigação e o tempo do seu vazamento público tornam esta operação política tão suspeita de se tratar de uma manobra suja, que "o tiro pode sair pela culatra", e suscitar um movimento de solidariedade com o visado, em vez da desejada condenação sumária. Não podem aceitar-se estas baixas manobras contra a democracia eleitoral e a integridade política das eleições.
Falo por mim: não tenho escondido as minhas críticas às posições do candidato Gouveia e Melo (por exemplo, AQUI e AQUI), mas depois desta infame conspiração contra ele, e não tendo outro candidato preferido à partida, não posso excluir a hipótese de lhe dar o meu voto.