quarta-feira, 19 de outubro de 2005

Inovação democrática à esquerda

Ao escrever na sua crónica jornalística no Público que «Primárias plebiscitam Romano Prodi como líder da oposição em Itália» (versão electrónica disponível somente para assinantes), Jorge Almeida Fernandes não faz jus à inédita iniciativa das forças de esquerda italianas, que decidiram submeter à votação do conjunto dos seus simpatizantes a escolha do seu candidato à chefia do Governo, em vista das eleições parlamentares do próximo ano. Por um lado, a noção de "plebisito" não tem propriamente conotações democráticas, visto que designa as formas populistas ou autoritárias de legimitação do poder político pessoal; por outro lado, as "primárias" italianas foram tudo menos um plebiscito, seja pelo número e notoriedade dos concorrentes, seja pela seriedade do debate e pela serena mobilização dos cidadãos que participaram no exercício. A elevada taxa de apoio a Prodi apenas reflecte a evidência de que o antigo primeiro-ministro e abtigo presidente da Comissão Europeia é quem está em melhores condições para colher o consenso da esquerda e dos seus eleitores.
Com o sucesso desta inovação, a esquerda italiana começa bem o seu assalto eleitoral ao poder de Berlusconi.

terça-feira, 18 de outubro de 2005

O mais poderoso grupo de interesses?

O lado bom da notícia é que o Governo decidiu, finalmente, pôr fim às restrições à liberdade de estabelecimento de farmácias (fim da distância mínima entre elas e da capitação populacional mínima). O lado mau é que se mantém o monopólio profissional dos farmacêuticos, a quem continua reservado o direito exclusivo de estabelecimento.
Depois de ter levado de vencida, com coragem e determinação, todos os grupos profissionais que lhe apareceram pela frente (professores, militares, polícias, juízes e demais profissões judiciárias), Sócrates resolve claudicar perante os farmacêuticos.
O que é que têm essa corporação, que é diferente das outras?

Os bairros que nos envergonham

Ali está a fotografia, uma imagem de miséria e ruína, uma mulher negra com o filho ao colo numa rua entre ruínas, na primeira página do International Herald Tribune. A legenda: «Um 'bairro de lata' na Amadora, Portugal, habitado por imigrantes recentes, no maior parte oriundos das antigas colónias portuguesas em África». O imagem ilustra um artigo sobre as bolsas de pobreza na Europa, e o título não podia ser mais comprometedor: «Na igualitária Europa, um mal escondido mundo de miséria»...

segunda-feira, 17 de outubro de 2005

Cartas dos leitores: Sessão legislativa

«Toda esta trapalhada sem sentido sobre estar-se ou não ainda na mesma sessão legislativa teria sido evitada se tivesse ficado estipulado que uma proposta de referendo recusada só poderia ser renovada 365 dias mais tarde. Em vez de se falar de "sessões legislativas" falar-se-ia de dias comuns, um conceito muito mais simples.
Ou não?»

Luís Lavoura

Comentário
Não se trata de garantir um intervalo mínimo de um ano para repetir uma iniciativa referendária que tenha sido rejeitada. O que a Constituiçãon veda é a multiplicação da mesma iniciativa, proibindo que a mesma iniciativa seja retomada no mesmo ano parlamentar. Porém, se tiver sido rejeitada no final de um ano parlamentar, ela pode ser repetida logo no início do ano parlamentar seguinte, ou seja, com um intervalo de dias ou semanas.

Impressões

Haverá porventura ambiente mais lúgubre do que um grande aeroporto deserto, numa noite de domingo? Bruxelas, por exemplo.

domingo, 16 de outubro de 2005

Irão e proliferação nuclear

Já está na ABA da CAUSA um texto meu sobre o tema acima, que o EXPRESSO publicou ontem, 15.10.05.

Ceuta, Melilla e Fortaleza Europa

Já está na ABA DA CAUSA o texto «FORTALEZA EUROPA" em que abordo mais em detalhe o problema com que a Europa está confrontada em Ceuta, Melilla e Lampedusa. O referido texto foi publicado pelo "COURRIER INTERNACIONAL" a 14.10.05.

Uma nova estratégia da UE para África

Nos dois minutos que me couberam, comentei da seguinte forma o anúncio pelo Comissário Louis Michel de «Uma nova estratégia para África», no Plenário do Parlamento Europeu no passado dia 12:

"Ceuta e Melilla demonstram que a prática europeia para África, apesar da retórica, está a fracassar. Este não é um problema só espanhol-marroquino, nem pode ser tratado só sob o ângulo do controlo da migração ilegal. É um problema de toda a União e questiona a nossa credibilidade em matéria de direitos humanos.
Precisamos efectivamente de uma estratégia nova e coerente para África.
Uma estratégia que redobre a eficácia da política de desenvolvimento, fazendo-nos cumprir os Objectivos da Declaração do Milénio, o que implica dar-lhe expressão adequada no orçamento da União e uma melhor articulação da Comissão com os Estados-Membros. Implica também promover o comércio justo e para isso rever a Política Agrícola Comum, de impacto tão desastroso para os países em desenvolvimento.Implica combater a corrupção - e isto é uma via com dois sentidos.
Precisamos de uma estratégia que ponha a União Europeia na linha da frente da concretização do novo conceito da responsabilidade de proteger, incrementando as capacidades europeias na manutenção e construção da paz, em apoio conjugado da acção da União Africana. E combatendo a impunidade dos responsáveis por crimes contra a humanidade, através Tribunal Penal Internacional e outros Tribunais. Casos-teste são, desde já, Hissène Habré, Charles Taylor, e os responsáveis por Darfur.
Precisamos de uma Europa mais eficaz no apoio aos processos eleitorais, à sociedade civil, às ONG, às instituições democráticas, ao "empowerment" das mulheres e pela boa governação em África.
Precisamos, por fim, duma União Europeia que promova a paz e a segurança global, travando o passo ao terrorismo também em África. Atacando as causas profundas do terrorismo, mas atacando também, de uma vez por todas, a proliferação de armas no continente africano. Armas exportadas, entre outros, por europeus, que assim alimentam os conflitos que destroem África.
Ceuta, Melilla e Lampedusa questionam a segurança em África e a nossa segurança também. Os migrantes e os refugiados que fogem, fogem porque desesperam! Desesperam, também, pelo silêncio e inacção da Europa. Como no conflito do Sahara Ocidental. É desse desespero e raiva que se alimentam as hostes do terrorismo internacional, cujos recrutas conseguem penetrar, por mais que a Europa aumente os muros nas suas fronteiras."

sábado, 15 de outubro de 2005

Histórias que ficaram por contar

Memórias de mulheres cujos maridos um dia abalaram para Peniche ou Caxias. Memórias esquecidas ou nunca totalmente reveladas. Como aquela de que a Cruz Vermelha nunca apoiou as famílias dos presos políticos antes do 25 de Abril. Porém foi rápida no apoio às famílias dos agentes da PIDE no período que se lhe seguiu. Memórias de quem está sereno mas não esquece, hoje à noite recuperadas numa excelente reportagem coordenada por Daniel Cruzeiro para SIC.
(Imagem do Forte de Peniche publicada in EscritaCom Luz)

"Direito ao subsistema"

Os funcionários dos grupos parlamentares, que até agora beneficiavam do subsistema de saúde dos serviços sociais do Ministério da Justiça (!?), privilégio que vão perder, não querem ficar sem alternativa, porque acham que «não podem ficar sem subsistema».
Têm toda a razão, evidentemente! Sem subsistema como é que se distinguiriam dos demais trabalhadores?

Razões

Segundo a imprensa, o Tribunal Constitucional vai chumbar a convocação do referendo sobre a despenalização do aborto, aderindo assim à bizarra teoria de que a Assembleia da República ainda se encontra na mesma sessão legislativa que antes das férias parlamentares, pelo que a iniciativa do referendo não pode ser renovada antes de 15 de Setembro do próximo ano.
Quer dizer: segundo as regras constitucionais gerais, uma iniciativa referendária reprovada por exemplo em 15 de Julho (ou mesmo em 14 de Setembro...) pode ser renovada logo a 15 de Setembro seguinte; mas no caso de uma AR resultante de eleições antecipadas a iniciativa já não pode ser renovada, mesmo que, como na situação concreta, a iniciativa tenha sido rejeitada meio ano antes, ou mais. Vá-se lá saber qual é a lógica substantiva disso...
No TC há por vezes razões que a razão constitucional desconhece.

Golpe de Estado (3)

Mais um pensamento de Morais Sarmento:
Pergunta: «O que sugere é quase um golpe de Estado ao actual sistema...»
Resposta de MS: «A encruzilhada em que o país se encontra exige mais. Há um programa presidencial que se deve sobrepor à acção dos governos, balizando-o. E é pelo respeito por essas balizas que o Presidente da República passa a avaliar o desempenho de qualquer governo. E daqui decorre um ponto essencial: o mandato presidencial tem de ser para dez anos e não para cinco. E a única maneira deste processo ser possível é legitimá-lo na eleição presidencial. Os portugueses têm de legitimar este projecto e este modelo de funções presidenciais

Golpe de Estado (2)

Eis uma das pérolas da entrevista de Morais Sarmento:
Pergunta: «Mas o Presidente entraria na esfera do Governo..»
Resposta: «Apresentando-se desta forma ao país [ou, seja com um programa de reformas], o Presidente deixa de estar às quintas-feiras a receber o primeiro-ministro para comentar a situação do país e passa a estar às quintas-feiras a receber o PM para julgar em que medida o Governo está ou não a cumprir as directrizes. Enquanto estes pontos forem respeitados na livre decisão do Governo [sic], tudo bem. Quando qualquer destes pontos for tocado, o Governo terminou nesse dia. Com ou sem maioria

Golpe de Estado

Os sinais já eram muitos, quanto à propensão presidencialista da direita, na perspectiva da vitória de Cavaco Silva.
Mesmo o circunspecto e prudente Rui Machete tinha vindo advogar o reforço dos poderes presidenciais, incluindo a presidência das reuniões do conselho de ministros, em substituição do primeiro-ministro, sempre que estivessem em causa matérias mais importantes. Mas perante esta espantosa entrevista de Morais Sarmento, é agora imposssível ignorar o que vai na alma da direita. Com a brutalidade a que nos habituou como ministro, MS diz as coisas preto-no-branco: o Presidente da República (quer ele dizer Cavaco Silva, que ele já dá como eleito) deve sobrepor-se ao Governo, definir-lhe balizas e dissolver a maioria, se não for obedecido!
De duas, uma: ou Cavaco Silva desautoriza convincentemente esta proposta de golpe-de-Estado, ou temos de começar a temer que a eleição de CS pode constituir uma efectiva mudança de regime...

Correio dos leitores: Assembleias municipais

«[Não tem sentido] falar de "lógica democrática" referindo-se às Assembleias Municipais. Essas Assembleias são largamente constituídas pelos presidentes das juntas de freguesia. Ora, não só isto não tem proporcionalidade (por exemplo: pode acontecer que todas as juntas de freguesia tenham uma maioria PS, mas que em todas elas o PSD tenha uma votação quase igual à do PS), como, ainda por cima, há freguesias de tamanho muito diferente. Em Lisboa há a freguesia do Castelo, que tem 300 eleitores ou coisa parecida, e a de Benfica, que tem 50.000 eleitores ou perto disso. Ambas são representadas na Assembleia de Freguesia por uma pessoa - a qual, no caso da freguesia do Castelo, tipicamente nem lá mora!
Sejamos honestos. Controle pela Assembleia Municipal, está muito bem. Mas não falemos de "lógica democrática" neste contexto!»

Luís Lavoura

Correio dos leitores: Crise de valores

«Todos os dias pessoas com quem falo comentam, preocupadas, o tempo e a vida que hoje vivemos, explicando a conversa à luz da crise de valores que gera a visão materialista da vida de hoje, em particular da protagonizada pelos jovens normalmante associados a um certo idealismo.
(...) Vem isto a propósito do triste espectáculo a que tenho vindo a assistir com o recrutamento de gente para as mesas de voto. A troco de dinheiro os jovens acotovelam-se e "metem cunhas" para estar nas mesas e não descansando enquanto não recebem o preço. Por isso, quando fui votar não me foi possível deixar de ver, não um conjunto de jovens interessados na prevalência de valores democráticos, mas antes mercenários (que me desculpem aqueles que o fazem por convicção) apostados em "ganhar algum". Não faço a mínima ideia de quanto custa isto ao erário público mas será certamente muito dinheiro.
Longe vão os tempos em que via nas mesas de voto de Coimbra, cidade onde então vivia, gente conhecida pela sua intervenção democrática e generosidade. Gente que ainda por cima corre agora o risco de se ver confundida....se quiser continuar a participar.
Estar nas mesas deveria ser um serviço à Comunidade prestado ao menos uma vez na vida. A batalha pela Educação não se ganha apenas na escola.»

Amadeu C. Monteiro (Castelo Branco)

Correio dos leitores: "Incongruências democráticas"

«(...) No concelho do Porto, nas eleições para a Assembleia Municipal, a coligação PPD/PSD-CDS/PP obteve 43.71% dos votos enquanto que a soma conjunta dos votos de PS, PCP-PEV e BE foi de 52.06%. Como seria de esperar num regime democrático, daqui resultou que a coligação PPD/PSD-CDS/PP ficou com 18 deputados municipais, e nos seu conjunto os partidos de Esquerda ficaram com 21 deputados municipais. Note que nas eleicões para a Câmara Munipal do Porto a coligação PPD/PSD-CDS/PP obteve 46.17% dos votos, conseguindo uma maioria absoluta de vereadores (7 em 13).
Parece-me claro que uma maioria clara de eleitores do Porto pretenderam com o seu voto que a Assembleia Municipal tivesse um papel fiscalizador da acção do Executivo Municipal. Mas tal não se vai verificar devido ao absurdo sistema autárquico que determina que: (1) os presidentes de freguesia tenham assento na Assembleia Municipal, que como a coligação PPD/PSD-CDS/PP conseguiu 9 presidências contra 6 do PS, resultará num empate no número de deputados municipais (27 de cada lado) entre a coligação PPD/PSD-CDS/PP e o conjunto da oposição PS, PCP-PEV e BE; (2) caso não seja possível reunir uma maioria absoluta de deputados municipais em apoio a qualquer candidatura à Presidência da Assembleia Municipal, esta é por Lei atribuída ao partido ou coligação com mais votos para a Assembleia Municipal. Ora, em caso de empate no número de votos em Assembleia Municipal, cabe ao Presidente da Assembleia Municipal desempatar utilizando o seu voto de qualidade.
Temos assim o caso completamente absurdo do ponto de vista democrático de um orgão essencialmente fiscalizador (e não tem tantas competências como as que devia ter) do Poder Executivo, ser dominado por uma coligação de partidos que também controla o Poder Executivo (a Câmara Municipal) e que teve menos quase 10% (!) de votos que o conjunto da oposição nas eleições para esse orgão fiscalizador. Em que é que estavam a pensar os nossos legisladores quando fizeram as Leis Eleitoral e Autárquica de modo a permitir isto?!...»

sexta-feira, 14 de outubro de 2005

Correio dos leitores: Democracia estudantil

«Acho que o senhor tem todo o direito de "ridicularizar" e apontar a dedo aquilo a que chama "democracia estudantil".
Mas cuidado com as leituras e interpretações das representatividades que se obtém por via do número de votantes. É que o presidente do município em que vivo e trabalho foi eleito por 20% dos eleitores inscritos. E no entanto detém maioria absoluta na vereação. (...)»


Comentário
Não pretendi ridicularizar nada, mas somente pôr em causa a legitimidade material de certas votações aprovadas com a participação de escassíssima percentagem dos possíveis interessados. De resto, mesmo que no município em causa a taxa de abstenção tivesse superado os 50% (bem acima da média nacional), mesmo assim vai uma enorme distância entre uma participação de 48% dos eleitores e a participação de 1,5% (como no caso que eu referi)...

Democracia estudantil

Numa "assembleia magna" (nunca a palavra "magna" foi usada para coisa tão pequena) 300 estudantes da Universidade de Coimbra resolveram encerrar mais uma vez a Porta Férrea, impedindo o acesso aos "Gerais". São cerca de 1,5% da academia de Coimbra a impor a sua vontade ao resto da Universidade...

Os isentos

Parece que o Governo vai utilizar uma cláusula de lei da estabilidade orçamental para não cumprir integralmente a lei das finanças locais no que respeita ao montante das transferências do orçamento do Estado para as autarquias. Nada mais razoável que as autarquias também participem do esforço de disciplina das finanças públicas. Só há uma questão: e as regiões autónomas, em especial a Madeira, que já é a segunda região mais rica do País, vai ficar de fora, continuando a beneficiar das generosas contribuições do OE?

quinta-feira, 13 de outubro de 2005

O melhor de dois mundos

O sindicato dos juízes acha que os juízes podem fazer greve, apesar de eles serem titulares de órgãos de soberania, mas já entende que não pode haver requisição civil para cumprimento de serviços mínimos, porque «não pode haver requisição de um órgão de soberania»!
Lógica de juiz, ou lógica da batata?

o melhor post de arrependimento sobre o onanismo

Desculpem tanta publicidade descarada a título pessoal ou para grandes amigos. Agora já 'tá.

o melhor elogio a Vital Moreira

O CN passou, há poucos dias, a barreira do milhão de visitantes. O graaaaaaande responsável pelo feito é o Professor Vital Moreira que, desde o início, tem sido a alma e o coração (e desconfio que também o pâncreas, a vesícula, e mais uns quantos órgãos) deste blogue. Bem-haja.

o melhor plágio do estilo único de Nuno Costa Santos

Cúmulo do azar: apanhar uma multa de estacionamento pela Polícia Marítima.

o melhor blogue sobre o programa que dá em directo às 23h30, sextas-feiras na :2

Amigos da Revolta dos Pastéis de Nata:

ide ao blog do programa! Além das novidades da 2ª série, que irão sendo anunciadas e apresentadas no directo (com repetição na :2 às 19h dos domingos), está a decorrer uma votação interactiva: algures nesta segunda fornada de pastéis, o público escolherá um tema para ser tratado pelos convidados, vídeos e rubricas do programa.

Adenda e recomendação natalícia: o blogue do programa homónimo é gerido pela actriz e guionista Rita Matos, que acaba de lançar-se no mundo editorial com o livro de estreia da Editora Verso da Kapa, "Amar Demais", em grande destaque numa livraria perto de si.

a melhor festa da blogosfera nacional

"Hoje, Quinta-feira, 13 de Outubro, a partir das 23h30 (Frágil), festarola Quase Famosos
À terceira, cumpre-se o ditado. Desta é de vez. À terceira festa, os DJs do Quase Famosos sobem a colina até ao centro noctívago de Lisboa, acompanhados do seu fiel séquito de imitadores de Elvis Presley, sósias da Britney Spears, taxistas de Alfama, candidatos autárquicos, malabaristas de rua, magistrados em greve, domésticas entediadas, intelectuais de café, actores de revista e demais gente gira e diferente.
Mais uma festa para toda a família, a pedido de muitas famílias, onde todo o amante da pop deste e de outros tempos se sentirá, como sempre, em casa".

quarta-feira, 12 de outubro de 2005

Correio dos leitores: Maioria na A. M. de Lisboa

«Chamo a atenção para aquilo que me parece ser um equívoco induzido por erro de outrem no seu post "Incongruências democráticas". Parece-me, mas isto carece de confirmação, que a notícia do Público não é correcta. É certo que fazendo as contas apenas aos deputados eleitos para a Assembleia Municipal se pode concluir que "... a esquerda mantém maioria na Assembleia Municipal de Lisboa", mas esta análise parece-me incompleta. Na Assembleia Municipal têm assento os presidentes das Juntas de Freguesia.
Ora, a situação em Lisboa é a seguinte:
PSD - 23 deputados municipais + 33 Presidentes de Junta = 56 membros da AM
PS - 16 deputados municipais + 12 Presidentes de Junta = 28 membros da AM
PCP-PEV - 7 deputados municipais + 8 Presidentes de Junta = 15 membros da AM
BE - 5 deputados municipais + 0 Presidentes de Junta = 5 membros da AM
CDS-PP - 3 deputados municipais + 0 Presidentes de Junta = 3 membros da AM
Assim, teríamos uma maioria de direita na Assembleia Municipal de 59 membros contra 48 de esquerda.
(...) De qq forma, esta questão não invalida em nada a substância da sua opinião (uma
denúncia do presidencialismo municipalista), que abre a porta a uma discussão interessante. Como sabe, há quem defenda que em nome da governabilidade municipal tal presidencialismo devia ser ainda mais acentuado com um executivo municipal todo da mesma cor política da do Presidente. Tenho sobre essa matéria a mesma desconfiança que tenho sobre alterações de regras eleitorais: não me parece que a experiência de 30 anos nos permita tirar conclusões absolutas sobre as vantagens ou desvantagens de alterar um sistema que tem funcionado razoavelmente bem.
Entendo até que o actual sistema permite coligações aparentemente "contra-natura" que têm apenas como motivação as situações políticas locais e que contribuem para uma gestão mais democrática e transparente (vidé as alianças de facto em Coimbra ou no Porto entre o PSD e o PCP). Nessa medida, a actual situação talvez até permita uma gestão mais abrangente e flexível do que a solução de atomização e partidarização que um parlamentarismo muncipal certamente implicaria ou de poder absoluto que o presidencialismo municipal significaria. (...)»

Nuno P.

Discordo

«PS e PSD querem mudar regras de candidaturas independentes».
As reacções a quente raramente são sensatas.

Se até os moribundos dão sinais de vida...

«Autárquicas: CDS vê sinais positivos nos resultados eleitorais.»

Há boas ideias que são tão simples!

«CPLP: Corredor para cidadãos de países lusófonos nos aeroportos portugueses».