Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
quarta-feira, 23 de abril de 2008
Paulo Portas: a impunidade não pode continuar -1
Ao acusar o Estado de "fanatismo fiscal", Paulo Portas puxa pelo oportunismo populista, que é sua imagem de marca: tais acusações vêm de alguém que nunca se preocupou com a gangrena estrutural da fuga aos impostos que este Governo tenta - talvez de forma imperfeita - atacar.
Mas numa coisa Paulo Portas tem razão: "o erro tem de que ter uma sanção" e ninguém deve ser considerado imune contra processos disciplinares, ou judiciais, nem mesmo os que exerceram as mais altas responsabilidades no Estado.
A lei aplica-se de forma igual a todos.
E é por isso que esta cruzada de Paulo Portas contra a impunidade na Administração Pública pode - e deve - voltar-se contra si próprio.
Porquê?
(...)
A Europa não faz o que deve pela Birmânia
"Conheço a Birmânia e posso testemunhar a miséria e a opressão em que vive o seu povo povo.
A Europa não tem feito o suficiente para ajudar o povo birmanês, os seus bravos monges, prisioneiros políticos e a sua corajosa líder Aung San Suu Kyi a conseguirem a liberdade, livrando-se da Junta opressiva.
A Europa não tem feito o suficiente para mobilizar países vizinhos influentes, como a Tailândia, a Malásia, Singapura e, especialmente, a Indonésia, no sentido de intervirem em apoio daqueles que se batem pelos direitos humanos e pela democracia na Birmânia.
A Europa não tem feito o suficiente para pressionar a China e a Índia a porem fim ao apoio que, de uma forma ou de outra, têm dado ao regime opressor.
E a Europa não tem, também, feito o suficiente para prevenir e punir as companhias europeias (como a francesa TOTAL), que continuam a fazer negócios na Birmânia, ajudando assim a sustentar a máfia da droga e da repressão que forma a Junta no poder.
A Europa tem que agir agora e tem de recusar a farsa do referendo em preparação.
O Presidente Durão Barroso e os vários Comissários que com ele estão hoje a caminho de Pequim devem ali falar, de forma clara e firme, sobre o que se passa na Birmânia e as responsabilidades da China na triste situação em que vive o seu povo.
As Presidências da UE - presente e futura - têm que, de forma decisiva, fazer aplicar as sanções aprovadas e impulsionar o Conselho de Segurança da ONU a agir contra os opressores birmaneses."
USA 2008
Um pouco mais de rigor, sff
Quantos jornais é que não noticiaram que as ditas providências cautelares tinham sido deferidas pelos tribunais?
A China em África
terça-feira, 22 de abril de 2008
Código do Trabalho (4)
A noção de "justa causa" pode ser mais ou menos ampla. Mas admitir o despedimento individual por livre alvedrio do empregador, sem um motivo específico, razoável e verificável, seria sujeitar os trabalhadores a decisões arbitrárias ou persecutórias. Ora nem todos os interesses dos empregadores são dignos de protecção. Também há a liberdade e a dignidade dos trabalhadores.
Código do Trabalho (3)
Código do Trabalho (2)
Não é impossível favorecer simultaneamente as empresas e os trabalhadores..
Código do Trabalho (1)
Todas essas propostas seguem a via correcta de tornar mais oneroso para as empresas o trabalho precário, utilizando a linguagem que os empresários melhor entendem...
segunda-feira, 21 de abril de 2008
A Europa, a segurança e o espaço
IRC ou contribuição social?
Quando foi anunciada a pequena baixa do IVA, muitos defenderam a descida do IRC. Penso, porém, que mais vale pensar em reduzir a contribuição para a segurança social, se o superavit desta o permitir (o seu desempenho tem sido notável). Ao aliviar os custos de trabalho das empresas, especialmente as de trabalho intensivo, favorece-se directamente o emprego. Se se quisesse ser ainda mais "focado", poder-se-ia mesmo pensar em favorecer as que recorrem menos ao trabalho a prazo, de modo a contrariar a precariedade no emprego.
"Schadenfreude"
Primeiro, o Governo precisa de uma oposição credível e de uma perspectiva de alternativa política, sob pena de amolecimento. Segundo, os eleitores que desertam do PSD vão engrossar sobretudo a abstenção, criando um pouco salutar sentimento de frustração e orfandade política. Terceiro, se se tornar antecipadamente certa uma folgada vitória do PS em 2009, por incapacidade do PSD, quem vai ganhar com isso são os PCP e o BE, com eleitores de esquerda desobrigados de contribuir para a derrota da direita.
Plástica política
Só pode ser levada à conta de "boutade" política a surpreendente proposta de J. Miguel Júdice para uma fusão entre o PS e do PSD, ou uma parte deste, junto com a criação de um novo partido de grande direita com os "restos" do mesmo PSD e do CDS.
Primeiro, porque os dois maiores partidos nacionais são bem diferentes quanto à origem, fundamentos doutrinários e propostas políticas. Segundo, porque não é fácil miscegenar a direita liberal com a direita social. Terceiro, porque, caso tal plástica política fosse possível, daí nada de bom viria para o funcionamento do nosso sistema político, antes pelo contrário, pondo em causa a alternância governativa entre o centro-esquerda e o centro-direita que até agora tem prevalecido entre nós.
domingo, 20 de abril de 2008
Ah grande Zapatero!
Aqui está a prova de que basta vontade política para ir além do discurso politicamente correcto.
Por cá, mais do que a inércia, é o peso da misogenia que determina que a representação de mulheres no Governo continue pior que no tempo de... Durão Barroso.
Zapatero pôs a igualdade em prática, demonstrando a falsidade das balelas do costume sobre a falta de mulheres qualificadas e ambiciosas para alcançar o topo da carreira política.
E, como se não bastasse, pôs à frente do Ministério da Defesa uma mulher. Grávida. Ostensivamente grávida. O que não a impediu de imediatamente ir visitar as tropas espanholas ao Afeganistão.
É por estas e por outras que a Espanha avança.
Pão ou gasóleo?
No Parlamento Europeu e em todas as instâncias europeias e internacionais não se fala noutra coisa e reflecte-se sobre as causas e consequências do aumento dos preços dos cereais e outros alimentos. É geral a percepção de que se trata de uma crise que avança a passos rápidos à escala mundial, com implicações políticas e económicas muito mais graves do que a que resulta do aumento dos preços do petróleo.
Ao mais alto nível o PAM, a FAO, o Banco Mundial, o FMI, a OCDE e o próprio SG da ONU vieram nas últimas semanas lançar alertas lancinantes, sublinhando que a subida dos preços dos alimentos tem impactos gravíssimos nos países em vias de desenvolvimento.
Mas cá em Portugal, desde a presidência da UE, as instâncias governamentais parecem andar alheadas das preocupações do mundo. E em particular das consequências da “moda” dos bio-combustíveis para os 854 milhões de pessoas que, todos os dias, passam fome.
Confesso que pasmei com o que o Primeiro Ministro respondeu a Francisco Louçã em recente debate sobre o tema na AR.
Não há por aí nenhum ministro, assessor, consultor, ou um "marqueteiro" de serviço que “briefe” os “basics” do que vai pelo mundo a quem tem dar a cara pela governação socialista?
Direitos humanos em Angola
- acusações de tortura contra as testemunhas do jornalista angolano José Lelo, preso há meses;
- detenção na República Democrática do Congo de quatro pessoas originárias de Cabinda, com estatuto de refugiados, alegadamente no seguimento de pressões de Luanda;
- denúncia de um eventual plano de acção do MPLA para lançar uma onda propagandística destinada a denegrir a oposição.
Particularmente preocupante foi também o anúncio do próximo encerramento do escritório do Alto Comissariado dos Direitos Humanos das Nações Unidas em Luanda, por ordens do Governo angolano. Ainda por cima num momento em que Angola é Membro do Conselho dos Direitos Humanos da ONU e em que se preparam as eleições, há vários anos sucessivamente aguardadas e adiadas.
Interpelado sobre as alegações de tortura o Ministro do Interior angolano, em recente estadia em Portugal, fez-se desentendido e optou por sublinhar a falta de preocupação dos europeus pelas violações de direitos humanos na Europa e nos EUA, invocando Guantanamo.
Como é obvio, quem em Portugal enfia essa carapuça, nunca se preocupou nem se preocupará com os direitos humanos dos angolanos, nem de ninguém mais.
Não é obviamente o meu caso.
E por isso aqui deixo registado que considero totalmente inaceitável a reacção do Ministro Roberto Leal Monteiro. Uma reacção que se volta contra o seu Governo, pois só reforça a percepção geral de tem mesmo muito a encobrir na matéria.
sexta-feira, 18 de abril de 2008
PSD
A não ser que a demissão seja só uma operação para regressar. A afirmação de que "não está na corrida" é bastante menos enfática do que o desafio aos críticos para se apresentarem. Resistirá ele a deixar-lhes disputar as suas "bases" sem os defrontar?
quarta-feira, 16 de abril de 2008
Regulação financeira
«Tal como há muito se mostrou que a concorrência não é sustentável por si mesma, sem uma decidida acção pública contra a violação das suas regras, tampouco os sectores onde existem “falhas de mercado” endógenas, como sucede com os mercados financeiros, podem funcionar fluidamente sem uma forte regulação e supervisão pública. Quando a “endo-regulação” do mercado falha e a auto-regulação dos operadores não passa de uma figura de retórica, como em geral sucede no sector financeiro, só a regulação externa dos Estados ou das organizações internacionais pode prevenir e corrigir as suas consequências.»Do meu artigo de hoje no Diário Económico.
Antologia do nonsense político
Sendo certo que qualquer subida eleitoral do CDS-PP só pode ocorrer à custa do PSD, então é fácil ver que ela só poderia favorecer uma nova maioria absoluta do PS...
terça-feira, 15 de abril de 2008
Arre!
"A primeira grande derrota política...
J. Medeiros Ferreira tem inteira razão nesta análise. O Presidente da República não deveria ter aceito não ser recebido na assembleia representativa regional da Madeira, nem muito menos ter deixado de condenar o insulto do presidente do governo regional à oposição parlamentar madeirense. Se há algo que, no exercício do seu poder de supervisão institucional, o PR não pode abdicar é de assinalar os casos de grosseiro desrespeito das instituições e dos adversários pelos titulares de cargos políticos.
Se porventura um primeiro-ministro da República se referisse aos deputados nacionais da oposição como "bando de malucos" e a AR como lugar de má reputação, será que o PR consideraria isso tolerável? Então, porquê a excepção madeirense?
segunda-feira, 14 de abril de 2008
Um PSD de sarjeta...
Mas gente sem escrúpulos do PSD quer que seja questão nossa.
A pretexto de um programa sobre bairros sociais que ela concebeu e que a RTP decidiu comprar. Talvez no PSD se julgue o PM socialista pela bitola dos seus antecessores sociais-democratas, logo vendo a mão do chefe a distribuir rebuçados a amizades femininas nos media...
Ora, pelo que Fernanda Câncio escreve, está à vista desarmada que não é mulher de trazer a tiracolo e muito menos jornalista de fazer fretes. É uma profissional reconhecida, com provas dadas de independência e idoneidade inquestionada. É até muito mais do que uma jornalista competente: é comentadora interveniente de questões políticas e sociais. Não tem medo de expressar opiniões e de terçar armas por ideias e causas. Não se retrai a criticar quem entende que deve ser criticado. Incluindo o PS e o próprio José Sócrates, como já aconteceu, sendo ele PM.
É por isso absolutamente nojenta a campanha orquestrada pelo PSD. Que só mancha, de facto, quem a produz.
Questão nossa não é a eventual relação entre o PM e a jornalista miseravelmente atacada.
Questão nossa, da democracia portuguesa, é a ignominia a que este PSD de Luis Filipe Menezes não hesita recorrer.
O acordo
A chave de todos os compromisso é que ambas as partes ganhem em relação ao que seria sem ele. Mas, como sempre sucede, há sempre os radicais que preferem tudo perder a qualquer compromisso com o "inimigo".
Branqueamento
domingo, 13 de abril de 2008
Antologia da canalhice política
sábado, 12 de abril de 2008
Acordo
quinta-feira, 10 de abril de 2008
PSD
Perante o risco de mais uma humilhante derrota, uns tentarão um "golpe de Estado" que possa evitar o pior, outros pretenderão pelo menos marcar terreno "fora do filme", para poderem dizer depois "eu bem avisei".
Aditamento
Quem se lembra do vaticínio do líder do PSD de que a manifestação dos professores -- que o PSD apoiou, numa operação de puro oportunismo político -- ia ser o ponto de viragem política, na queda do Governo e na afirmação do PSD? O resultado está à vista e só pode surpreender o próprio...
Os protestos sempre surtem efeito
Sem dúvida, nesse aspecto o Governo já vê as eleições no horizonte...