«Jihadistas da Síria proíbem manequins nas lojas e venda de roupas íntimas - ONG».É esta a tal "primavera árabe"? É neste "fascismo muçulmano" que dá a rebelião síria, com o apoio da UE e dos Estados Unidos? Se é isto, então é preferível a autocracia laica de Assad...
Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
segunda-feira, 12 de maio de 2014
"Primavera árabe"
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Vital Moreira
Autarquias a mais
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Vital Moreira
E quanto não pouparia a redução do número de municípios, mediante a fusão daqueles que não têm o mínimo de massa crítica populacional e financeira?«Redução de freguesias permite poupança direta de 9,2 milhões anuais».
Aditamento
Um leitor objecta que "nem tudo pode ser submetido ao critério do custo financeiro". Sem dúvida! Todavia, no caso não está em causa somente o sobrecusto de municípios despovoados mas também a melhor qualidade dos serviços prestados por municípios com mais população e mais recursos. Na administração territorial a escala conta.
Os únicos perdedores seriam obviamente as secções partidárias locais, que perderiam uma quantidade de cargos públicos (câmara municipal, assembleia municipal, empresas municipais, etc.). Resta saber se isso justifica a sobrevivência artificial (e muito onerosa) de municípios exangues...
domingo, 11 de maio de 2014
A bota e a perdigota
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Vital Moreira
«O ex-presidente da República Mário Soares disse hoje, em Loulé, estar convencido de que as eleições europeias vão ser um “desastre” para o Governo e que o PS vai vencer o escrutínio de 25 de Maio, mas “não por muito”.»Esta afirmação de Mário Soares não bate certo. Sabendo-se que o PCP e o BE não vão ter grande resultado (todas as sondagens indicam isso), então de duas uma: ou (i) o Governo vai ter um "desastre" (e o PS ganha por muito) ou (ii) o PS "não vai ganhar por muito" (e o Governo não vai ter um desastre).
Uma coisa exclui a outra.
Leviandade
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Vital Moreira
O Governo faz tudo para considerar encerrado o "trabalho sujo" do programa de assistência externa, dando a entender levianamente que a "saída limpa" é também o início da redenção da auteridade orçamental, incluindo recuperação de rendimentos, alívio fiscal, etc.
Mas esta fábula eleitoral tem muito de ficção. Por um lado, se a assistência externa acabou, estão longe de atingidos os objectivos do equilíbrio orçamental e de trajectória da redução da dívida pública; o Governo não pode passar da super-austeridade orçamental (indo "além da troika") para a prodigalidade orçamental (ficando aquém das obrigações europeias de disciplina orçamental). Por outro lado -- e não menos grave --, o Governo deve saber que pode ser obrigado pelo Tribunal Constitucional a reequacionar a distribuição da austeridade orçamental em vigor (sobre funcionários públicos e sobre pensionistas), com novos encargos fiscais que aparecerão como austeridade suplementar para as "vítimas" (tendencialmente toda a gente).
A ideia de mar chão depois da tempestade, que o Governo quer passar, pode esconder uma bomba-relógio...
Mas esta fábula eleitoral tem muito de ficção. Por um lado, se a assistência externa acabou, estão longe de atingidos os objectivos do equilíbrio orçamental e de trajectória da redução da dívida pública; o Governo não pode passar da super-austeridade orçamental (indo "além da troika") para a prodigalidade orçamental (ficando aquém das obrigações europeias de disciplina orçamental). Por outro lado -- e não menos grave --, o Governo deve saber que pode ser obrigado pelo Tribunal Constitucional a reequacionar a distribuição da austeridade orçamental em vigor (sobre funcionários públicos e sobre pensionistas), com novos encargos fiscais que aparecerão como austeridade suplementar para as "vítimas" (tendencialmente toda a gente).
A ideia de mar chão depois da tempestade, que o Governo quer passar, pode esconder uma bomba-relógio...
Coerência
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Vital Moreira
Depois da defesa do "calote" aos credores da dívida pública, o BE dedica-se a ocupar propriedade alheia. Irreprimível, o ADN "revolucionário" do Bloco...
Cinismo político
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Vital Moreira
«Louçã e Semedo apelam ao voto para evitar sonho de bloco central».1. Ora sucede que este "apelo" não esconde que o BE é o principal responsável pela inevitabilidade de um governo de "bloco central" (PS-PSD), caso o PS ganhe as próximas eleições legislativas (como se espera) sem maioria absoluta (como é o mais provável).
Ao persistir em comportar-se como um partido de protesto e anti-sistema, indisponível para "sujar as mãos" a governar, e ao adoptar uma atitude radical contra a disciplina orçamental e as obrigações decorrentes da integração europeia (que atiraria o País para fora do euro e da UE), o BE deixa o PS sem a possibilidade de coligações de governo à esquerda e condenado a aliar-se à direita, se não quiser governar em minoria (com a fragilidade inerente).
2. O BE escolheu ser um PCP-bis (uma cópia do PCP "sem centralismo democrático") em vez de se posicionar como um "CDS à esquerda", que permitisse opor uma coligação de esquerda à habitual coligação de direita entre o PSD e o CDS. Teve uma última oportunidade com Sócrates; rejeitou-a e aliou-se à direita e ao PCP para derrubar o governo do PS e abrir o caminho ao actual governo e à "troika" (sim, não podem negar essa responsabilidade!...).
3. Tudo indica que o BE vai sofrer mais uma queda nas próximas eleições europeias. É uma boa lição: o BE deixou de trazer qualquer valor acrescentado. Por um lado, entre o PCP e uma imitação, os eleitores anti-sistema preferem o original; por outro lado, cada voto no BE é um voto a menos numa alternativa de governo à esquerda, que só pode existir com uma vitória socialista, pelo que os eleitores menos radicais são levados a votar no PS.
Talvez o declínio eleitoral do Bloco abra o caminho para o seu reposicionamento político, convencendo definitivamente os bloquistas de que só lhes resta explorar o "nicho" que o "mercado eleitoral" lhes oferece, que é o de serem uma espécie de "voz crítica" do PS e o "parceiro júnior" de uma coligação de Governo com o PS, aceitando obviamente as devidas responsabilidades e os inerentes compromissos de um partido de governo.
Isso, sim, seria uma alternativa governativa ao bloco central. Tudo o resto é retórica cínica.
Antologia do nonsense político
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Vital Moreira
O Bloco anda cada vez mais nervoso. A ideia de proibir a conferência do BCE no dia das eleições europeias é totalmente descabida.
sábado, 10 de maio de 2014
Última prestação
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Vital Moreira
A convite do Parlamento Europeu, participei ontem -- dia da Europa -- nos trabalhos do primeiro dia do European Youth Event, que decorreram na sede oficial do PE em Estrasburgo, invadido por milhares de jovens europeus. Fui chamado a intervir num painel sobre "comércio justo" (fair trade).
Foi a última prestação no meu mandato de eurodeputado, por sinal num tema a que dediquei grande parte da minha actividade parlamentar, ou seja, a política de comércio externo da União Europeia.
Não dou por desperdiçado o meu trabalho ao longo destes cinco anos!
quinta-feira, 8 de maio de 2014
quarta-feira, 7 de maio de 2014
Eis um "campeonato" europeu em que Portugal ganhou à Alemanha...
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Vital Moreira
«Portuguese MEP Vital Moreira is the country's most active in drafting reports, putting Portugal in first place in the VoteWatch ranking.»Adenda
Reparo agora que o Euroactiv alterou a legenda primitiva desta fotografia. A legenda inicial dizia: "Portuguese MEP Vital Moreira is the country's most active in drafting reports, putting Portugal in first place above Germany in the VoteWatch ranking". Desapareceram as palavras destacadas. Pelos vistos, para esta publicação não fica bem escrever que alguém faz melhor do que a Alemanha.
Motivo de satisfação
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Vital Moreira
Acaba de ser publicado pelo Votewatch o relatório com as estatísticas da actividade do Parlamento Europeu na legislatura que agora finda (2009-2014).
Entre outros dados interessantes verifica-se que os eurodeputados portugueses surgem em primeiro lugar em alguns aspectos da actividade parlamentar, incluindo no importante factor do número médio de relatórios parlamentares, especialmente quanto aos "relatórios legislativos" (primeiros dois quadros do relatório).
Adenda
Como era de recear, nem uma nota na nossa imprensa sobre este relatório. Para o anti-europeísmo larvar nos nossos media, nada pode correr bem na UE...
Entre outros dados interessantes verifica-se que os eurodeputados portugueses surgem em primeiro lugar em alguns aspectos da actividade parlamentar, incluindo no importante factor do número médio de relatórios parlamentares, especialmente quanto aos "relatórios legislativos" (primeiros dois quadros do relatório).
Adenda
Como era de recear, nem uma nota na nossa imprensa sobre este relatório. Para o anti-europeísmo larvar nos nossos media, nada pode correr bem na UE...
Antologia do desplante político
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Vital Moreira
"Paulo Portas afirma que sempre defendeu «um só resgate»".Mas não foi ele quem esteve mais perto de provocar um segundo resgate, quando abriu a crise política antes do verão do ano passado, com a sua «decisão irrevogável» de demissão?!
Compromissos eleitorais (2)
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Vital Moreira
Não vejo nenhuma vantagem em o PS manter um discurso ambíguo sobre a austeridade.
Uma coisa é "parar a austeridade", o que significa não haver novas medidas -- mas sem compromisso quanto a eliminação das medidas de austeridade existentes. Outra coisa é "moderar a austeridade", o que tem mais que se lhe diga, exigindo saber concretamente quais as medidas de austeridade a aliviar e como compensar o respectivo custo financeiro, a fim de cumprir as metas do défice orçamental. Outra coisa, por último, é "acabar com a austeridade", o que significa à letra revogar todas as medidas que foram tomadas desde o início do "programa de ajustamento" (se não mesmo as que já tinham sido tomadas anteriormente ao abrigo dos chamados PEC I, II e III...) e repor a situação pré-existente --, o que obviamente não pode ser assumido responsavelmente por nenhum partido de governo (a esquerda radical pode defender essa solução, mas sabendo que nunca será chamada a aplicá-la...).
O PS deve impor a si mesmo a mesma clareza de propósitos que, com toda a razão, exige ao Governo.
Uma coisa é "parar a austeridade", o que significa não haver novas medidas -- mas sem compromisso quanto a eliminação das medidas de austeridade existentes. Outra coisa é "moderar a austeridade", o que tem mais que se lhe diga, exigindo saber concretamente quais as medidas de austeridade a aliviar e como compensar o respectivo custo financeiro, a fim de cumprir as metas do défice orçamental. Outra coisa, por último, é "acabar com a austeridade", o que significa à letra revogar todas as medidas que foram tomadas desde o início do "programa de ajustamento" (se não mesmo as que já tinham sido tomadas anteriormente ao abrigo dos chamados PEC I, II e III...) e repor a situação pré-existente --, o que obviamente não pode ser assumido responsavelmente por nenhum partido de governo (a esquerda radical pode defender essa solução, mas sabendo que nunca será chamada a aplicá-la...).
O PS deve impor a si mesmo a mesma clareza de propósitos que, com toda a razão, exige ao Governo.
Compromissos eleitorais
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Vital Moreira
Prudentemente, o líder do PS só se compromete a não aumentar a carga fiscal. Aposto que o PSD e o CDS, esses, vão mais uma vez prometer baixar impostos...
terça-feira, 6 de maio de 2014
O "eldorado" farmacêutico
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Vital Moreira
Tal como revela hoje o Público, a "árvore das patacas" das farmácias já não é o que era: até já há falências, como em qualquer outra actividade económica.
Todavia, durante décadas, o sector farmacêutico (produção e distribuição de medicamentos) foi um verdadeiro "eldorado" (como o qualifiquei uma vez), com taxas de rentabilidade sem paralelo, mercê do proteccionismo assegurado pelo défice de concorrência na indústria farmacêutica e pelo "malthusianismo" (contingentação) na criação de farmácias. Lamentavelmente, durante décadas de captura do Estado e dos partidos políticos pelos interesses do sector, nunca houve capacidade política para o enfrentar. Ao longo dos anos, os consumidores e o SNS foram espoliados em milhões e milhões de euros para alimentar a escandalosa "renda" do sector farmacêutico (que fui denunciando, isoladamente, desde há mais de vinte anos, concitando contra mim o ódio selectivo da ANF).
As coisas só começaram a mudar com Governo Sócrates (fim do monopólio profissional da propriedade de farmácias e liberalização da venda de medicamentos isentos de receita médica) e, depois, com as imposições do "programa de ajustamento" em matéria de preço dos medicamentos. Há, porém, duas reformas que continuam por fazer: (i) liberalizar a criação de farmácias e abrir a actividade a uma verdadeira concorrência; (ii) reformar o INFARMED (ou, pura e simplesmente, integrá-lo na Entidade Reguladora da Saúde), que tem funcionado menos como instrumento de regulação e supervisão do Estado do que como instrumento de auto-regulação e como organismo de defesa dos interesses privativos do sector dentro do (e contra o) Estado.
Adenda
Para um registo do meu combate contra o regime das farmácias basta fazer uma busca do termo "farmácias" aqui no Causa Nossa e no vizinho Aba da Causa (link acima à direita).
Todavia, durante décadas, o sector farmacêutico (produção e distribuição de medicamentos) foi um verdadeiro "eldorado" (como o qualifiquei uma vez), com taxas de rentabilidade sem paralelo, mercê do proteccionismo assegurado pelo défice de concorrência na indústria farmacêutica e pelo "malthusianismo" (contingentação) na criação de farmácias. Lamentavelmente, durante décadas de captura do Estado e dos partidos políticos pelos interesses do sector, nunca houve capacidade política para o enfrentar. Ao longo dos anos, os consumidores e o SNS foram espoliados em milhões e milhões de euros para alimentar a escandalosa "renda" do sector farmacêutico (que fui denunciando, isoladamente, desde há mais de vinte anos, concitando contra mim o ódio selectivo da ANF).
As coisas só começaram a mudar com Governo Sócrates (fim do monopólio profissional da propriedade de farmácias e liberalização da venda de medicamentos isentos de receita médica) e, depois, com as imposições do "programa de ajustamento" em matéria de preço dos medicamentos. Há, porém, duas reformas que continuam por fazer: (i) liberalizar a criação de farmácias e abrir a actividade a uma verdadeira concorrência; (ii) reformar o INFARMED (ou, pura e simplesmente, integrá-lo na Entidade Reguladora da Saúde), que tem funcionado menos como instrumento de regulação e supervisão do Estado do que como instrumento de auto-regulação e como organismo de defesa dos interesses privativos do sector dentro do (e contra o) Estado.
Adenda
Para um registo do meu combate contra o regime das farmácias basta fazer uma busca do termo "farmácias" aqui no Causa Nossa e no vizinho Aba da Causa (link acima à direita).
Ainda bem!
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Vital Moreira
Há quem finja escandalizar-se com o facto de os "credores institucionais" de Portugal (UE e FMI) irem manter -- de acordo com regras pré-estabelecidas, portanto sem nenhuma surpresa nem discriminação -- poderes de monitorização sobre o desempenho orçamental do País, enquanto Portugal não pagar grande parte do empréstimo recebido ao abrigo do "programa de assistência".
Ainda bem que assim é, digo eu. Está visto que, se entregue a si mesmo, Portugal tem uma atávica tendência para a incontinência financeira e para a prodigalidade orçamental.
Ainda bem que assim é, digo eu. Está visto que, se entregue a si mesmo, Portugal tem uma atávica tendência para a incontinência financeira e para a prodigalidade orçamental.
Telhados de vidro
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Vital Moreira
Cavaco Silva lança uma justa farpa aos que apostaram num "segundo resgate" e pergunta o que dirão eles, agora que o País voltou sem rede aos mercados financeiros. Mas não foi ele próprio que também alinhou com a ideia da "espiral recessiva", a qual, a ter-se verificado (o que felizmente não aconteceu), só poderia ter resultado num segundo resgate?!
domingo, 4 de maio de 2014
Avaliação
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Vital Moreira
Francamente, não faz sentido condenar o programa de ajustamento com o argumento de que "Portugal está pior do que antes", pois isso era inevitável, em consequência do aperto de cinto orçamental e da recessão económica. Nenhum Governo poderia ter evitado isso.
O que se pode questionar, sim, é, por um lado, saber se a gestão do programa de ajustamento não poderia ter sido melhor, menos penosa e mais equitativa e, por outro lado, saber se os sacrifícios valeram a pena, em termos de dotar o País de finanças públicas equibradas, de capacidade de crescimento económico e de criação de emprego e de sustentabilidade do Estado social.
Sendo conhecida a minha opinião sobre o primeiro ponto, a segunda parte desta avaliação ainda está em aberto.
Adenda
De resto, para a esquerda radical, que se opôs a qualquer austeridade orçamental, a comparação a fazer não é com a situação em que Portugal se encontra depois de três anos de austeridade (mais pobre mas sobrevivente e esperemos que mais resiliente...), mas sim a situação em que o País estaria se programa de ajustamento não tivesse existido, ou seja, a bancarrota, a saída do Euro e a catástrofe económica e social consequente.
O que se pode questionar, sim, é, por um lado, saber se a gestão do programa de ajustamento não poderia ter sido melhor, menos penosa e mais equitativa e, por outro lado, saber se os sacrifícios valeram a pena, em termos de dotar o País de finanças públicas equibradas, de capacidade de crescimento económico e de criação de emprego e de sustentabilidade do Estado social.
Sendo conhecida a minha opinião sobre o primeiro ponto, a segunda parte desta avaliação ainda está em aberto.
Adenda
De resto, para a esquerda radical, que se opôs a qualquer austeridade orçamental, a comparação a fazer não é com a situação em que Portugal se encontra depois de três anos de austeridade (mais pobre mas sobrevivente e esperemos que mais resiliente...), mas sim a situação em que o País estaria se programa de ajustamento não tivesse existido, ou seja, a bancarrota, a saída do Euro e a catástrofe económica e social consequente.
Pena de morte
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Vital Moreira
Obama não deveria exigir somente uma reforma da execução da pena de morte. Deveria, sim, defender a abolição da pena de morte -- tal como exige a União Europeia em todo o mundo --, que não é própria de um país civilizado nem de uma política humanista.
É mais do que tempo para abolir a pena capital!
É mais do que tempo para abolir a pena capital!
sábado, 3 de maio de 2014
À custa dos contribuintes
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Vital Moreira
O Estado vai assumir as enormes dívidas dos transportes públicos de Lisboa e do Porto antes da sua concessão à gestão privada.
Com as nacionalizações de 1975, o Estado assumiu estupidamente a propriedade e a gestão dos transportes colectivos de Lisboa e do Porto, que antes eram uma responsabilidade municipal. Durante décadas de gestão financeira deficitária (gestão eleitoral das tarifas baixas, pessoal a mais, etc.), e apesar das subvenções orçamentais, as empresas foram acumulando uma dívida volumosa, transformando-se num dos cancros das finanças públicas. Poucas vozes, além da minha, se elevaram contra essa situação ao longo dos anos, defendendo a remunicipalização desses transportes urbanos e o equilíbrio da sua gestão financeira.
Chegou agora o tempo de pagar a factura, que não vai obviamente recair sobre os beneficiários do défice acumulado (Lisboa e Porto), mas sim sobre os contribuintes de todo o País, incluindo os que pagam os transportes públicos dos seus municípios. Mais uma iniquidade do laxismo e da irresponsabilidade financeira na gestão do sector público.
Com as nacionalizações de 1975, o Estado assumiu estupidamente a propriedade e a gestão dos transportes colectivos de Lisboa e do Porto, que antes eram uma responsabilidade municipal. Durante décadas de gestão financeira deficitária (gestão eleitoral das tarifas baixas, pessoal a mais, etc.), e apesar das subvenções orçamentais, as empresas foram acumulando uma dívida volumosa, transformando-se num dos cancros das finanças públicas. Poucas vozes, além da minha, se elevaram contra essa situação ao longo dos anos, defendendo a remunicipalização desses transportes urbanos e o equilíbrio da sua gestão financeira.
Chegou agora o tempo de pagar a factura, que não vai obviamente recair sobre os beneficiários do défice acumulado (Lisboa e Porto), mas sim sobre os contribuintes de todo o País, incluindo os que pagam os transportes públicos dos seus municípios. Mais uma iniquidade do laxismo e da irresponsabilidade financeira na gestão do sector público.
A austeridade também é relativa
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Vital Moreira
1. Ao longo destes anos de recessão, Portugal reduziu em mais de 6% o seu PIB, com a consequente perda de rendimento. No entanto, durante o mesmo período, a redução do PIB e do rendimento foi bem maior em vários outros países europeus, e não somente no caso da Grécia e da Irlanda.
2. Os funcionários públicos foram especialmente afectados pela austeridade orçamental, com cortes específicos nas suas remunerações, aumento do tempo de trabalho, subida das contribuições para o seu sistema de saúde, etc. Todavia, Portugal conta-se entre os países onde a "majoração" das remunerações do sector público em relação ao sector privado era das mais elevadas (salvo no caso das categorias profissionais mais qualificadas), para não falar de outras condições de emprego mais favoráveis.
3. O salário mínimo é assaz modesto entre nós, estando congelado há vários anos em consequência da recessão. Contudo, a relação entre o salário mínimo mínimo e o salário médio em Portugal compara muito favoravelmente com a de outros países, sendo certo aliás que o segundo baixou com a recessão.
Aditamento
Segundo anúncio do Governo, os funcionários públicos vão começar a recuperar o rendimento perdido já a partir do próximo ano (por acaso, ano de eleições...). E os trabalhadores do sector privado, também vão começar a recuperar o valor dos seus salários (para não falar das centenas de milhar que perderam o emprego)?
2. Os funcionários públicos foram especialmente afectados pela austeridade orçamental, com cortes específicos nas suas remunerações, aumento do tempo de trabalho, subida das contribuições para o seu sistema de saúde, etc. Todavia, Portugal conta-se entre os países onde a "majoração" das remunerações do sector público em relação ao sector privado era das mais elevadas (salvo no caso das categorias profissionais mais qualificadas), para não falar de outras condições de emprego mais favoráveis.
3. O salário mínimo é assaz modesto entre nós, estando congelado há vários anos em consequência da recessão. Contudo, a relação entre o salário mínimo mínimo e o salário médio em Portugal compara muito favoravelmente com a de outros países, sendo certo aliás que o segundo baixou com a recessão.
Aditamento
Segundo anúncio do Governo, os funcionários públicos vão começar a recuperar o rendimento perdido já a partir do próximo ano (por acaso, ano de eleições...). E os trabalhadores do sector privado, também vão começar a recuperar o valor dos seus salários (para não falar das centenas de milhar que perderam o emprego)?
Veiga Simão (1929-2014)
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Vital Moreira
Veiga Simão foi, entre outras coisas notáveis (cientista, académico, etc.), o responsável pelo maior impulso de democratização do ensino em Portugal desde a I República, como ministro da Educação do "marcelismo" no início dos anos 70 do século passado. Só por isso tem um lugar na história do País e em especial na história do Estado social entre nós.
Adenda
Tenho uma dívida de gratidão pessoal para com ele, por me ter recontratado como assistente da FDUC, de onde tinha sido expulso pelo seu antecessor no ministério da Educação, J. Hermano Saraiva, por envolvimento na crise académica de 1969. Aqui fica, de novo, o meu público agradecimento.
sexta-feira, 2 de maio de 2014
Brilho pálido
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Vital Moreira
Sim, há razão para saudar a saída do "programa de ajustamento". Mas a convicção difusa de que, por culpa do Governo, se exigiu aos portugueses um preço excessivamente elevado, junto com a recente trapalhada do DEO, retira brilho ao sucesso e desvaloriza a exploração política que o Governo se propunha fazer.
Tudo é relativo
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Vital Moreira
"1.º Maio: Portugal vive o «momento mais negro desde o 25 de Abril», defende a CGTP".Por mais grave que seja a actual crise social -- e é, sobretudo por causa do desemprego --, a afirmação da central sindical constitui ainda assim um manifesto exagero, quando se compara a actual situação com a crise de 1983-85, marcada não somente pelo elevado desemprego mas também pelo flagelo dos salários em atraso e quando não havia sequer o subsídio social de desemprego (só criado nessa altura) nem o rendimento mínimo garantido, criado mais de uma década depois.
quinta-feira, 1 de maio de 2014
Dedicação exclusiva
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Vital Moreira
Pedem-me que me pronuncie sobre a ideia de exclusividade dos deputados, acabando com a actual possibilidade de acumulação com actividades privadas (embora com remuneração supementar para a dedicação exclusiva).
Penso que em princípio a ideia de exclusividade faz todo o sentido, não somente pelas enormes exigências da função parlamentar na actualidade, mas também pela vantagem em eliminar à partida potenciais conflitos de interesses entre a actividade parlamentar e as actividades privadas dos deputados (ou outros cargos superiores públicos também não permitem acumulação).
Sucede, porém, que o baixo nível de remuneração dos deputados entre nós afastaria da actividade parlamentar muita gente qualificada, que é imprescindível para o bom desempenho de um parlamento moderno. Por isso, nas actuais circunstâncias não vejo como se pode dispensar a sua contribuição em part time, desde que acompanhada de estritas incompatibilidades e de transparência quanto a interesses privados.
Adenda
Observam-me que no caso do Parlamento Europeu a lei nacional estabelece a exclusividade dos eurodeputados em relação a actividades privadas, não se compreendendo a desigualdade de regimes. Todavia, para além das especiais exigências e responsabilidade da função, há mais três factores que podem justificar a diferença de tratamento no caso do PE: (i) a distância e a dificuldade de deslocação, o que dificultaria a acumulação; (ii) a reduzida representação nacional no PE, que torna mais relevante a presença e a participação dos eurodeputados; (iii) last but not the least, a confortável remuneração (aliás, paga pelo orçamento da União). De resto, o regime de remuneração do PE nem sequer prevê um suplemento para a dedicação exclusiva, pelo que não é possível discriminar a remuneração, como sucede na AR.
Corrigenda
A informação referida na adenda anterior não está correcta. A exclusividade dos eurodeputados, estabelecida na Lei 64/93, foi revogada pela Lei nº 3/2001, que lhes fez aplicar as incompatibilidades dos deputados à AR.
Penso que em princípio a ideia de exclusividade faz todo o sentido, não somente pelas enormes exigências da função parlamentar na actualidade, mas também pela vantagem em eliminar à partida potenciais conflitos de interesses entre a actividade parlamentar e as actividades privadas dos deputados (ou outros cargos superiores públicos também não permitem acumulação).
Sucede, porém, que o baixo nível de remuneração dos deputados entre nós afastaria da actividade parlamentar muita gente qualificada, que é imprescindível para o bom desempenho de um parlamento moderno. Por isso, nas actuais circunstâncias não vejo como se pode dispensar a sua contribuição em part time, desde que acompanhada de estritas incompatibilidades e de transparência quanto a interesses privados.
Adenda
Observam-me que no caso do Parlamento Europeu a lei nacional estabelece a exclusividade dos eurodeputados em relação a actividades privadas, não se compreendendo a desigualdade de regimes. Todavia, para além das especiais exigências e responsabilidade da função, há mais três factores que podem justificar a diferença de tratamento no caso do PE: (i) a distância e a dificuldade de deslocação, o que dificultaria a acumulação; (ii) a reduzida representação nacional no PE, que torna mais relevante a presença e a participação dos eurodeputados; (iii) last but not the least, a confortável remuneração (aliás, paga pelo orçamento da União). De resto, o regime de remuneração do PE nem sequer prevê um suplemento para a dedicação exclusiva, pelo que não é possível discriminar a remuneração, como sucede na AR.
Corrigenda
A informação referida na adenda anterior não está correcta. A exclusividade dos eurodeputados, estabelecida na Lei 64/93, foi revogada pela Lei nº 3/2001, que lhes fez aplicar as incompatibilidades dos deputados à AR.
DEO (2)
Publicado por
Vital Moreira
Em mais uma inflexão, o Governo abandonou sem explicação a ideia de reforma global do sistema de pensões -- que encomendou a um grupo de especialistas, de cujo labor nada se sabe -- e que visava nomeadamente solucionar a desigualdade entre as pensões da CGA (funcionários públicos) e da CNP (sector privado), dado as primeiras serem consideravelmente superiores às segundas em igualdade de circunstâncias.
Recorde-se que no ano passado o Governo decidiu cortar em 10 % as pensões da CGA acima de certo montante, o que o Tribunal Constitucional porém considerou ser inconstitucional no respeitante às pensões já atribuídas e em pagamento, pelo que referido corte só ficou a valer para novas pensões (criando assim uma desigualdade entre as antigas e as novas).
Para compensar a despesa correspondente, o Governo restaurou a "contribuição especial de solidariedade" (CES) para todos os pensionistas, que assim passaram a pagar a "majoração" das pensões da CGA anteriores ao corrente ano. Agora, com o DEO o Governo vem aliviar essa sobrecarga específica dos pensionistas, substituindo a CES por uma "contribuição de sustentabilidade" de montante inferior, diluindo o resto da "factura" por todos os trabalhadores e consumidores.
O valor das antigas pensões da CGA permanece, portanto, intocado. Os trabalhadores e os consumidores são agora chamados a suportar o respectivo encargo. Mas que importam os privilégios de grupo quando toda gente é chamada a pagá-los?
Recorde-se que no ano passado o Governo decidiu cortar em 10 % as pensões da CGA acima de certo montante, o que o Tribunal Constitucional porém considerou ser inconstitucional no respeitante às pensões já atribuídas e em pagamento, pelo que referido corte só ficou a valer para novas pensões (criando assim uma desigualdade entre as antigas e as novas).
Para compensar a despesa correspondente, o Governo restaurou a "contribuição especial de solidariedade" (CES) para todos os pensionistas, que assim passaram a pagar a "majoração" das pensões da CGA anteriores ao corrente ano. Agora, com o DEO o Governo vem aliviar essa sobrecarga específica dos pensionistas, substituindo a CES por uma "contribuição de sustentabilidade" de montante inferior, diluindo o resto da "factura" por todos os trabalhadores e consumidores.
O valor das antigas pensões da CGA permanece, portanto, intocado. Os trabalhadores e os consumidores são agora chamados a suportar o respectivo encargo. Mas que importam os privilégios de grupo quando toda gente é chamada a pagá-los?
DEO (1)
Publicado por
Vital Moreira
Decididamente, o Governo entrou em modo eleitoral, com o anúncio do desagravamento da CES dos pensionistas, assim como da recuperação progressiva das remunerações dos funcionários públicos, já a partir de 2015, ano das eleições legislativas.
É certo que no caso da CES, o alívio dos pensionistas vai ser pago por todos os trabalhadores no activo (aumento da TSU em 0,2 pp) e por todos os consumidores (aumento do IVA em 0,25 pp), porque a troika deve ter exigido uma compensação segura, sem acreditar em vagas promessas de cortes suplementares equivalentes na despesa pública. Mas o que o Governo vai propangandear é a significativa desoneração específica dos pensionistas a troco do que alega ser somente um insignificante aumento tributário (que o Primeiro-Ministro assegurara que não haveria...).
Uns artistas na arte da dissimulação!
É certo que no caso da CES, o alívio dos pensionistas vai ser pago por todos os trabalhadores no activo (aumento da TSU em 0,2 pp) e por todos os consumidores (aumento do IVA em 0,25 pp), porque a troika deve ter exigido uma compensação segura, sem acreditar em vagas promessas de cortes suplementares equivalentes na despesa pública. Mas o que o Governo vai propangandear é a significativa desoneração específica dos pensionistas a troco do que alega ser somente um insignificante aumento tributário (que o Primeiro-Ministro assegurara que não haveria...).
Uns artistas na arte da dissimulação!
domingo, 27 de abril de 2014
sábado, 26 de abril de 2014
Antologia do desatino político
Publicado por
Vital Moreira
«Se não tivesse havido o 25 e Abril, o País estaria mais ou menos como está» (J. A. Saraiva, Sol desta semana).
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