terça-feira, 6 de junho de 2006

Quem veta a paridade, veta a democracia - II

Há ainda uma outra citação do comunicado da Presidência que me deixa pessoalmente ofendida:

"a dignificação dos direitos políticos das mulheres constitui uma prioridade constitucional indiscutível que deve ser assegurada por meio adequados, progressivos e proporcionais, e não por mecanismos proibicionistas que concedam às mulheres que assim acedam a cargos públicos um inadmissível estatuto de menoridade" .

Alguém tem dúvidas de que eu - caída de paraquedas na política em 2002 - alguma vez teria sido integrada na lista europeia do PS, em 2004, se não fosse a determinação do então Secretário-Geral Ferro Rodrigues de me incluir e de se valer do sistema de quotas que, pela primeira vez, fez aplicar no Partido para me colocar no lugar elegível na lista em que fui apresentada ao voto do eleitorado?
Alguém tem dúvidas que aos eventuais méritos e competências que alguns poderiam alegar em meu abono, muitos mais nas estruturas dirigentes e no aparelho do PS só contraporiam deméritos e inadequações?
Pois aqui estou eu hoje, deputada portuguesa eleita pelo PS ao Parlamento Europeu. No quadro e graças ao sistema de quotas já em vigor no PS. Em nada me sentindo diminuida, menorizada ou tolhida em relação a qualquer colega parlamentar ou partidário, nacional ou estrangeiro.
E por isso não me coíbo de criticar o Presidente Cavaco Silva e de denunciar a visão bota-de-elástico e realmente menorizante da democracia portuguesa subjacente ao veto que impôs à Lei da Paridade.