O interesse nacional só será servido no Conselho Europeu que hoje se inicia se Portugal se puser do lado dos que urgem uma solução europeia para a crise financeira e económica na Grécia.
E uma solução europeia não é mais um pacote de ajuda intergovernamental (logo sujeito aos bloqueios de qualquer parlamento nacional) como o facultado à Grécia há um ano, semelhante ao que está previsto para Portugal.
A crise grega é uma crise europeia e não apenas grega. É uma crise da política e não apenas da economia europeia:
- é a crise dos governos e instituições europeias que deixaram entrar e andar a Grécia no Euro, com contas viciadas e fraudes e desvios sucessivos à harmonização e às regras que Euro e Mercado Interno deviam ter exigido;
- é a crise dos governos e instituições europeias que não regularam nem supervionaram o sistema financeiro e assim deram luz verde aos bancos alemães, franceses, ingleses e outros para alimentar a espiral de endividamento grego (e português..);
- é a crise dos governos e instituições europeias que não têm sabido entender-se para encontrar respostas para a crise económica, antes pelo contrário se entretêem em declarações cacofónicas que mais agravam a crise e mais acicatam os especuladores nos mercados financeiros contra os países periféricos, elos mais fracos do EURO, para atingir o EURO (e a Sra. Merkel e "su Schauble" levam a palma com as ameaças de "haircuts" aos privados e as tretas de restruturações "suaves" ou "ordenadas", que as agências de "rating" devolvem em golpes de "downgradings" e mais ataques especulativos...)
A crise grega, tal como a portuguesa, ou a irlandesa, são crises europeias, são crises do Euro e desta Europa, hoje incapacitada pela ideologia neo-liberal.
Uma solução europeia para a Grécia, alem das reformas fiscais e orçamentais, exige 1)- "eurobonds" para mutualizar a divida, 2) - recursos adicionais para relançar crescimento economico e o emprego como os que resultariam de um Imposto Europeu sobre Transações Financeiras e 3) - mais e melhor governação económica europeia.
Salvar a Europa passa por salvar a Grécia.
Salvar Portugal passa por salvar a Grécia, o Euro e a Europa.
É por isso que Portugal no Conselho Europeu só defenderá os seus interesses se exigir e contribuir para uma solução verdadeiramente europeia para os problemas da Grécia.
Só assim Portugal evitará ver-se grego, em desespero semelhante ao dos gregos hoje.