O Governo marcou para abril a apresentação das eventuais medidas orçamentais adicionais que se comprometeu perante o Conselho da zona euro a ter em carteira para aplicar em caso de derrapagem orçamental (o já chamado "plano B").
Compreende-se o interesse em desdramatizar e em adiar politicamente o assunto, que é suscetível de criar algum atrito na base parlamentar aliada Governo. Mas essa espera de dois meses pode revelar-se negativa, por várias razões: primeiro, as autoridades da União e as agência de rating podem insistir na sua apresentação quanto antes, a fim de evitar qualquer incerteza nociva nos mercados da dívida pública nacional; segundo, a imprensa não vai deixar de fazer especulações sobre as possíveis medidas, obrigando o Governo a vir a terreiro desmenti-las ou a confirmá-las pelo silêncio; terceiro, o desconhecimento sobre as possíveis medidas vai prolongar o debate orçamental para além da aprovação do orçamento, o que não é propriamente favorável à criação do necessário clima de estabilidade e de confiança económica e social.
É bom saber que o Governo confia plenamente em que não vai ser necessário recorrer a tais medidas, mas é melhor ter uma rede de segurança para sossegar os céticos de boa fé e para retirar argumentos à oposição.