sábado, 22 de novembro de 2003

Poker

Sou pecador. Não aspiro à santidade nem cultivo valores de pureza. Tenho alguns dos piores defeitos do mundo – socialista, ateu, benfiquista, liberal e libertário. Partilho com os meus colegas de blog a causa da liberdade, o impulso da contradição e um pujante desejo de progresso. É fina a rede que nos une, tão fina que nos interrogámos amiúde sobre o mérito e a coerência desta aventura digital. Venceu o espírito participativo e a vontade irreprimível de lançar desafios, confrontar ideias e ultrapassar retóricas de faz-de-conta. A bisca lambida já não nos seduz. Preferimos o poker ideológico puro e duro.

Doravante teremos responsabilidades acrescidas perante a comunidade cibernáutica. Seremos continuamente perscrutados e desafiados quanto à consistência e à exequibilidade das nossas ideias. Por mim, recuso-me a obedecer ao crivo da opinião instantânea e da sua nata tablóide de pendor popular, erudito ou transformista. Que se lixem os consensos, as conveniências e o conservadorismo lusitano. Farei disso a minha causa.

Luís Nazaré