1. Mudança de maré?
Depois das eleições gerais espanholas, as eleições regionais francesas, que também se saldaram por uma convincente e em grande parte inesperada vitória da esquerda (pelo menos quanto à sua expressão) vieram contrariar algumas análises recentes sobre o défice de participação eleitoral e sobre a recomposição partidária nas democracias contemporâneas, como assinala o Le Monde em relação ao caso francês. De facto, em ambos os casos a abstenção diminuiu, com aumento da participação sobretudo entre o eleitorado mais jovem; a esquerda “clássica” não cedeu terreno para as esquerdas alternativas, pelo contrário; o voto da classe operária manteve uma elevada adesão à esquerda tradicional, não revelando indícios de desvio para o populismo de direita ou de esquerda. Sinais conjunturais ou inversão de maré?
2. Luís Nazaré
No Tugir LNT reagiu muito criticamente, em nome do «espírito de sacrifício, de missão e de serviço público», à entrevista de Luís Nazaré (co-autor do Causa Nossa), dada à Visão na semana passada. Não pretendendo imiscuir-me nesta controvérsia entre correlegionários, uma coisa me parece certa. Depois das suas desafiadoras afirmações sobre a “velhice” doutrinária e organizativa do PS, é de esperar que o novo presidente do seu Gabinete de Estudos possa desencadear rapidamente os estudos preparatórios para a sua renovação. Mas, sendo óbvio que isso requer organização e meios, onde estão disponíveis os necessários “think tanks”?
3. «O encanto da virgindade»
«São hoje esquecidas e atacadas as duas razões mais próprias da glória feminina, o encanto da virgindade e a grandeza da maternidade. O engano é tal que vemos mulheres apreciar como ganhos a perversão da maternidade pelo aborto, da virgindade pela libertinagem, da família pelo divórcio. Cedem à promiscuidade e pornografia, velhas obsessões varonis. A promoção da homossexualidade baralha até os dados da natureza.
Felizmente que, apesar da tirania da opinião, grande parte das mulheres resiste à pressão e preserva a superioridade. A virgindade e a maternidade brilham ainda neste tempo confuso. E, juntas na mesma pessoa, cintilam no mais alto dos céus, acima de toda a criatura.»
(João César das Neves, obviamente; quem mais poderia escrever estas pérolas do pensamento?)