Pobre Teresa Caeiro! Esteve para ser ministra da Cultura, passou para «ajudante» de Paulo Portas nos Antigos Combatentes e acabou, finalmente, nas Artes e Espectáculos. Este frenético saltitar da irrequieta (mas afinal dócil) «Tegui» surge como mais um episódio na vertiginosa disputa política que, mal o Governo havia tomado posse, vem opondo Santana Lopes a Paulo Portas.
Confirma-se o que muitos haviam previsto: este Governo está infectado, desde a origem, por um vírus escorpiónico que ameaça fazê-lo implodir a qualquer momento. Junte-se a traquicine congénita de Santana e Portas, a sua irresistível necessidade de afirmação pessoal, e temos duelo aprazado mais cedo do que seria de esperar. Jorge Sampaio aproveitará então para lavar as mãos do desastre (e da sua decisão anterior) e convocar eleições antecipadas. Assim vai a estabilidade política num país que se confunde cada vez mais com uma república das bananas ou um ninho de cucos.
Perante a insistência dos jornalistas após a sua tomada de posse, Teresa Caeiro repetiu por várias vezes que não tinha explicações a dar. Coitada! Pelos vistos não consegue sequer dá-las a si própria, olhando-se ao espelho, sem corar de vergonha pelas cenas a que se prestou. Como é que alguém com um mínimo de respeito por si mesmo se sujeita a ser joguete nas mãos de dois traquinas compulsivos? Isso é que não deveria ter explicação. Mas tem. Na Defesa ou na Cultura, tanto faz, «Tegui» busca apenas um palco onde possa representar um qualquer e irrelevantíssimo papel na comédia do poder. Ela tornou-se um verdadeiro símbolo deste Governo de «Teguis».
Vicente Jorge Silva