«O momento presente exige análises racionais, que evitem as conclusões mais pelo que se deseja do que pela realidade em si. (...) O governo demitiu-se não pela compreensão de Santana Lopes da sua limitação no estado actual, mas pelo desejo de criar mais um incidente político, concorrente na propaganda populista que lhe é peculiar. Repare que, no próprio dia da demissão do governo, Dias Loureiro dizia que não fazia sentido que o governo se demitisse, a não ser para prolongar uma guerrilha institucional que não beneficia o país (cito de cor). E é verdade.
O governo - se tivesse a noção da situação e o sentido dos valores democráticos - só podia sentir que não estava em condições de governar para além da gestão corrente. Essa era já uma situação clara, com ou sem demissão. Deveria resultar do seu sentido democrático. Não o entendeu assim e demitiu-se - como muito bem diz - convocando "uma manifestação do conselho de ministros" para atacar o Presidente e, sobretudo, vitimizar-se, lamuriar-se, chorar, ...
Isto é tudo tão mau que ainda não tenho a certeza de que seja Santana Lopes a disputar as eleições.»
(HJ)