"(...) Em relação ao nuclear, venha o debate, sem tabus! E antes que se diga que ele resolve o nosso problema de dependência energética, é preciso perceber que Portugal não é deficitário na produção eléctrica, e que a energia nuclear não resolve em nada a dependência dos produtos petrolíferos que são utilizados para os nossos motores Otto de combustão interna. Ora é nesse sector que o consumo de derivados de petróleo cresce. Depois, conviria explorar a quantidade de subsídios que o nuclear recebe, sob a forma de garantias estatais e pseudo-subsidios a I&D. Em que outro sector eu posso colocar em risco a segurança de milhões, mas ter uma limitação às indemnizações que terei de pagar em caso de acidente. (...)
Sem essas protecções e subsídios escondidos, o nuclear, sob a sua forma de fissão, é a forma mais dispendiosa de produzir energia, e num mercado em que não haja essas protecções (um exemplo dessas protecções é o caso do Price-Anderson Act, nos EUA, que limita a US$150m a responsabilidade por danos nas centrais nucleares norte-americanas) seria duvidoso que mais centrais fossem construídas. Note que nenhuma foi posta a operar na Europa nos últimos 20 anos, apesar do consumo crescente de electricidade. Quem advoga a construção do nuclear em Portugal deveria justificar como se pretende financiar sem esses subsídios. Até lá, prefiro pagar a electricidade mais cara."
(Leitor identificado)