terça-feira, 25 de julho de 2006

Correio dos leitores: Israel e Estados Unidos

«Está sempre, sistematicamente, contra Israel e os Estados Unidos. Não lhe parece que já é fundamentalismo anti-americano e anti-israelita? No caso do Líbano, não é verdade que Israel foi atacado pelo Hezbollah, tendo portanto o direito de contra-atacar?»
Frederico T. F.

Comentário
O leitor parte de um pressuposto errado. Estive do lado de Israel e dos Estados Unidos em vários conflitos. Com o primeiro, quando ele foi atacado pelos seus vizinhos em 1967 e de novo na primeira guerra do Golfo, quando foi atacado por mísseis iraquianos, sendo alheio a essa guerra; com os segundos, na referida primeira guerra contra o Iraque (que tinha invadido e ocupado o Koweit) e no ataque ao Afeganistão (que acolhia e dava protecção à Al-Qaeda). As minhas posições dependem do caso concreto e regem-se exclusivamente pelas regras do direito internacional e de justiça entre os países. Os seguidores incondicionais daqueles dois países é que não costumam falhar nunca no seu apoio a tudo o que eles façam...
No caso concreto, é evidente que Israel tem direito a defender-se dos ataques de que é alvo (como escrevi aqui). Mas uma coisa é atacar o Hezbollah (que é um movimento armado libanês, criado aliás na sequência da ocupação israelita do Líbano...) e outra coisa é destruir o Líbano como país, matando centenas de civis inocentes e causando a deslocação de centenas de milhares de outros. A legítima defesa só justifica o ataque aos agressores ( e não a terceiros) e está sujeita à regra da resposta proporcionada à agressão.
Por outro lado, enquanto não houver uma solução justa para a questão palestiniana, com a retirada israelita dos territórios ocupados, as forças militares israelitas são sempre alvos legítimos das forças de resistência palestiniana e dos que apoiam a sua luta.