Quando o Presidente da República defende que não pode interferir no funcionamento da assembleia legislativa regional da Madeira -- apesar de a Constituição prever que lhe pode dirigir mensagens sem discriminar o seu objecto e, mesmo, dissolvê-la --, como que para justificar a sua abstenção de condenar publicamente os graves atentados às liberdades parlamentares nela perpetrados pela maioria do PSD (apesar de regularmente se pronunciar com grande largueza sobre os mais variados assuntos políticos, mesmo quando de duvidosa relação com as suas funções...), julgo que Cavaco Silva faz nesta ocorrência uma errada interpretação da sua missão de supervisão do funcionamento das instituições republicanas, que não pode deixar de incluir o poder/dever de se pronunciar sobre as situações que se revelem desconformes com o regular funcionamento das instituições, sobretudo com a gravidade das que ocorreram no Funchal.
Não presumo que o Presidente considere que se trata de uma questão de "lana caprina" nem creio que se mantivesse silencioso, se tais tropelias se tivessem passado na Assembleia da República...