Depois do lamentável espectáculo de incompetência e falta de visão com que a Presidência checa da União Europeia nos presenteou nos primeiros seis meses deste ano, que refrescante que é ouvir Carl Bildt, o Ministro dos Negócios Estrangeiros sueco, no Parlamento Europeu a falar dos planos da Presidência sueca!
Tudo indica - pela escolha de prioridades das intervenções do Ministro - que a Suécia se vai concentrar na Dimensão de Leste da Política de Vizinhança, nas relações com a Rússia e nos Balcãs, sem negligenciar o(s) incontornáveis conflito(s) do Médio Oriente e o Irão, claro.
Em relação às minhas perguntas - pensa a Presidência sueca liderar na próxima Assembleia Geral das Nações Unidas uma iniciativa de relançamento da reforma do Conselho de Segurança (porque só se ouve o Papa clamar urgência) e o que pensa a Europa fazer em relação ao mandato de captura emitido pelo Tribunal Penal Internacional contra o Presidente sudanês Omar al-Bashir - Carl Bildt alternou entre a clareza desarmante e a prudência pouco reveladora.
Em relação às Nações Unidas, Bildt não mediu palavras: "a Europa está dividida: uns são membros permanentes do Conselho de Segurança, outros não, e mesmo este último grupo não está unido. Não há posição comum, nem parece que no fim dos nossos seis meses como Presidência isso vá mudar."
Triste constatação, esta. A Europa demite-se de reformar as NU, num momento sem precedentes em que do lado de lá do Atlântico a Administração Obama poderia alinhar.
No que diz respeito à captura do "fugitivo" Omar al-Bashir, dominam as ambiguidades. Bildt limitou-se a descrever o dilema: suspende-se provisoriamente o mandato de captura na esperança de assim incentivar a estabilização do Darfur, impedir uma explosão de violência entre o Norte e o Sul do Sudão, e pressionar as autoridades para finalmente adoptar medidas judiciais que ponham fim à impunidade do regime no Darfur OU mantém-se a firmeza dos princípios e começa-se a pensar seriamente em medidas que contribuam para acelerar a entrega de Bashir ao Tribunal em Haia?
É este o dilema: mas Bildt não esclareceu qual vai ser a posição da UE.