Cavaco Silva não poderia saber, antes de rebentar o escândalo em 2008, que o BPN era um antro de criminalidade financeira, ouvi há pouco Pacheco Pereira argumentar na "Quadratura do Círculo" na SIC NOTICIAS, pedindo que se esclareça se outros accionistas do BPN à data beneficiaram de mais valias idênticas ou se este foi um "negócio de favor".
Ora, já em Março de 2001, a revista EXAME, lida em particular por economistas atentos como o Prof. Cavaco Silva, já investigara e questionara a integridade das práticas do BPN, detido a 100% pela SLN.
Se o Prof. Cavaco Silva acaso tivesse comprado as acções da SLN antes de Março de 2001 (e não consigo achar em lado nenhum a indicação da data em que as comprou), seria curial tê-las vendido de imediato, mal a revista EXAME publicou o que publicou sobre o BPN, detido a 100% pela SLN. Mantê-las podia ser usado para emprestar credibilidade a uma Sociedade, e ao Banco por ela controlado, que já então as não mereciam.
Ora, o Prof. Cavaco Silva esperou até Novembro de 2003, mais de dois anos e meio depois da publicação da revista EXAME, para vender as suas acções, acompanhado da filha.
E não achou o ilustre economista minimamente suspeita a prodigiosa mais-valia de 140%que a venda das acções lhes permitiu embolsar em 2003?
Ao contrário do que afirmou Pacheco Pereira, o Prof. Cavaco Silva tinha já, em finais de 2003, elementos para saber que havia fortes dúvidas sobre a integridade do Grupo SLN/BPN.
A promiscuidade BPN/SLN era evidente - tanto que as cartas de Pai e Filha Cavaco Silva a solicitar a venda das suas acções são dirigidas ao Presidente do Conselho de Administração da SLN - que não era outro, senão o Presidente do Conselho de Administração do BNP, Oliveira e Costa. E estas cartas foram despachadas por Oliveira e Costa, que fixa o vantajoso preço de recompra em 2,40 Euro, para acções dois anos antes vendidas a 1 euro. Ora, mesmo um analfabeto em economia e finanças suspeitaria de que o preço de recompra, permitindo uma mais valia de 140% em dois anosaos vendedores, pudesse ser de favor. E uma Administração da SLN/BPN que fazia preços de favor não podia ser honesta.
"Cavaco e Silva é sério? Claro que é sério?" ouvi António Lobo Xavier dizer também hoje na "Quadratura do Círculo". Eu gostaria de poder concordar.
Num ponto concorro com os participantes na "Quadratura do Circulo": era bom que a questão do BPN saísse da campanha presidencial para se dar atenção a outros temas fundamentais. Mas, para isso o Presidente e candidato presidencial Cavaco Silva terá de esclarecer o que falta esclarecer e assumir erros e responsabilidades neste outro tema fundamental.
Se o não fizer rapidamente, como sugeriu Pacheco Pereira, teremos de exigir a Administração da SLN - entretando, sintomaticamente, em Junho de 2010transmudada em Sociedade "Galilei" - e à actual Admnistração do BPN que tornem publica toda a documentação que elucide os portugueses.