Manuel Alegre, em entrevista a Judite de Sousa esta noite, esclareceu em que circunstâncias, ele que é autor literário, escreveu um texto literário para a revista do EXPRESSO, numa campanha que acabou por descobrir era de publicidade ao BPP.
E como, por isso, exigiu a retirada do texto.
E como devolveu o respectivo pagamento através de um cheque que a sua secretária entregou.
E como já pediu ao Banco o comprovativo de desconto do cheque, que julga ter sido descontado, comprovativo que tornará publico mal chegue ao seu poder.
E, desde já, Manuel Alegre penitenciou-se pela forma ligeira como depois disso acompanhou o assunto, designadamente por não se ter certificado do desconto do cheque.
Isto é, Manuel Alegre admitiu ter cometido erros, quanto mais não seja por não ter ainda a certeza de o cheque ter sido descontado (e se o não foi, não foi, evidentemente, por responsabilidade sua).
Chama-se a isto assumir responsabilidades, querer pautar-se por total transparência, dar provas de ética republicana.
Ora comparemos com o comportamento do Presidente e candidato Prof. Cavaco Silva, que por patéticos expedientes, se vem eximindo a esclarecer a quem vendeu as acções da sociedade não cotada em Bolsa SLN e que jurou nada ter a ver com o BPN: ao principio da noite de hoje foi confrontado com a publicação de documentos que demonstram que foi Oliveira e Costa, o acusado de principal responsável pela gestão criminosa do BPN, quem estabeleceu discricionariamente o preço de recompra que representou uma anormal mais-valia de 140% para os vendedores Cavaco Silva.
Já sabiamos que, ao contrário do que em tempos proclamou, o Prof. Cavaco Silva comete erros e engana-se. Continua é a não os assumir.
Enganou-se, certamente, sobre os seus amigos que fundaram e arruinaram o BPN.
E cometeu erros ao investir poupanças numa sociedade não cotada na Bolsa e ao aceitar uma suspeita mais-valia de 140%. Erros políticos, evidentemente, que as suas finanças e as de sua filha ficaram a ganhar leoninamente.
E mais graves erros políticos ao resistir a tudo esclarecer, deixando que agora fiquem por apurar as razões por que Oliveira e Costa fixou o excepcionalmente favorecedor preço de recompra das acções aos Cavaco Silva, pai e filha, deixando no ar a suspeição de que Oliveira e Costa poderá assim ter retribuido favores ou serviços - o que é insuportável para uma cidadã respeitadora do Presidente da Republica, como eu.
Convinha que o Presidente e candidato presidencial Cavaco Silva esclarecesse rapidamente o que há ainda a esclarecer. A transparência, a responsabilidade e a ética republicana exigem-no.