O editorial do Diário de Notícias de ontem sobre a eleição do presidente do Parlamento Europeu, criticando o acordo entre os dois maiores partidos no Parlamento Europeu sobre o assunto, revela a ligeireza e o preconceito com que mesmo a imprensa séria trata as questões da União.
Primeiro, a divisão da legislatura em duas partes está prevista no Regimento e a renovação abrange todos os cargos. Segundo, num parlamento onde nenhum partido ou coligação permanente goza de maioria absoluta, o mais natural são os compromissos interpartidários sobre a repartição de postos, desde logo quanto ao governo do parlamento. Terceiro, como é óbvio, tais entendimentos só vingam na medida em que os deputados individualmente os sigam. O voto é individual e secreto, e a disciplina partidária é assaz frouxa. De resto, no caso em apreço houve mais dois candidatos (uma liberal e um conservador) que obtiveram mais de 120 votos cada um.
Sugerir que isto não é "votar a sério"... não é sério.