1. Que no falar corrente muita gente diga "ir de encontro a" (=ir contra, chocar contra) em vez de "ir ao encontro de" (= caminhar na direção de, concordar com) é lamentável. Mas que tal confusão conste com alguma frequência na imprensa (hoje no JN), é inaceitável. Por vezes, o erro pode ser assaz embaraçoso, como acontece aqui.
Com efeito, neste caso a notícia pretende dar conta de um comunicado ministerial, podendo induzir a ideia de que o erro provém do comunicado, o que não é verdade, como se pode ver pelo texto oficial deste, onde tal frase não consta. Portanto, enquanto o comunicado diz que a nomeação do Procurador está de acordo com a deliberação do CSMP, a infiel versão jornalística do comunicado diz que a nomeação contraria a tal deliberação. Exatamente o oposto!
2. Desde há muito que lamento o desaparecimento dos antigos revisores das redações dos jornais, que corrigiam não somente as "gralhas" tipográficas, mas também os lapsos ortográficos e gramaticais dos textos a publicar. Como parece que as escolas deixaram de ensinar Português a sério, as probabilidades de "pontapés na Língua" aumentaram muito.
Decididamente, impõe-se um pouco mais de zelo com a Língua na imprensa.