1. Como se mostrou aqui, a sorte das eleições presidenciais francesas, a decidir na 2ª volta, a 24 de abril, está nas mãos dos eleitores de Mélenchon, o candidato da extrema-esquerda que ficou en 3º lugar na 1ª volta, com mais de 20%.
Ora, há já estimativas de que apenas cerca de 1/3 desses eleitores se propõem votar em Macron, enquanto cerca de 23% (quase um em cada quatro) tencionam mesmo votar na candidata da extrema-direita, Le Pen, optando a metade restante pela abstenção ou pelo voto branco ou nulo. O que é que pode explicar que tantos eleitores de Mélenchon apoiem Le Pen ou se recusem a contribuir para a sua derrota, não tomando partido?
A explicação só poder ser esta: para esses eleitores o que une a extrema-esquerda à extrema-direita - ou seja, o antiliberalismo e o protecionismo (aversão à União Europeia e à globalização) - é mais forte do que aquilo que as separa.
2. Neste quadro, o que se decide no próximo dia 24 em França não é uma vulgar questão de alternância governativa numa democracia constitucional, mas sim uma verdadeira opção de regime, entre a democracia liberal, a economia de mercado e a integração europeia, de um lado, e o autoritarismo, o intervencionismo estatal e o recuo na integração europeia, do outro.
Por isso, não é só somente o futuro próximo da França que está em jogo, mas também o da União Europeia e o lugar da França no Mundo.