terça-feira, 6 de setembro de 2022

Terra brasilis (9): O bicentenário da independência do Brasil na Universidade de Coimbra

1. Faz todo o sentido que a Universaidade de Coimbra celebre amanhã os 200 anos da independência do Brasil, com uma exposição documental na Biblioteca Geral - aliás inaugurada inicialmente no Recife (Pernambuco), em parceria com a Fundação Joaquim Nabuco - e com uma conferência do presidente da mesma fundação brasileira, Antônio Ricardo Accioly Campos.

A primeira razão para esta comemoração tem a ver com a profunda ligação da independência do Brasil com a Universidade de Coimbra, pois os principais próceres da independência - tal como toda elite intelectual brasileira da época, em geral - fizeram a sua formação académica e intelectual em Coimbra, tais como José Bonifácio de Andrada e Silva, o "patriarca" da independência e conselheiro do príncipe D. Pedro, e seu irmão António Carlos de Andrada, que foi deputado pela província de São Paulo às Cortes Constituintes de Lisboa, tendo sido o mais combativo expoente da "causa do Brasil", defendendo uma solução federal para o Reino Unido, cuja rejeição precipitou a secessão.

A independência do Brasil não pode ser compreendida à margem da UC.

2. Acresce que a UC manteve ao longo destes dois séculos uma profunda relação intelectual e afetiva com o Brasil, que hoje se traduz em proveitoso intercâmbio académico de professores e investigadores e na frequência de milhares de estudantes brasileiros, em todos os graus, desde a licenciatura ao pós-doutoramento. 

Para se fazer uma ideia do intercâmbio académico, basta dizer que por estes dias, só na Faculdade de Direito, decorrem dois eventos luso-brasileiros, a saber, um Encontro de Professores de Direito Administrativo e um colóquio sobre Direito à Cidade.

A UC é tanto a maior universidade brasileira fora do Brasil como a universidade mais brasileira de Portugal.

3. Por causa dessa relação com o Brasil, que vem desde o séc. XVI, o Arquivo e a Biblioteca Geral da UC dispõem de um valioso acervo documental, iconográfico e bibliográfico sobre a história do Brasil principalmente até ao séc. XIX, que a Universidade se orgulha em dar a conhecer, como vai suceder amanhã.

De resto, só nos últimos 25 anos lembro-me de duas outras exposições documentais e iconográficas sobre a ligação da Universidade com o Brasil, uma em 1999, por ocasião da conferência Portugal-Brasil, Ano 2000, organizada pela FDUC (em que participei), e outra em 2012, organizada pela BGUC. 

Junto as capas dos respetivos catálogos, belas peças bibliográficas, que cuidei de guardar.



Adenda (7/9)
Por cortesia do diretor da BGUC, Professor João Gouveia Monteiro, tive acesso à capa e ao índice (abaixo) do ambicioso catálogo da exposição que hoje se inaugura, e cuja edição impressa deve sair dentro de duas semanas. A não perder por quem se interessa por esta temática


Adenda (2)
Além da BGUC, é de salientar o empenho nesta iniciativa da reitoria da UC, através do vicerreitor para a cooperação externa, J. N. Calvão da Silva, que já estivera presente na inauguração da exposição no Recife.