Não se pode ler com indiferença este corajoso editorial do diretor do Público na edição de hoje sobre o fosso crescente entre a pequena minoria dos cada vez mais ricos e a esmagadora maioria das pessoas de baixos rendimentos. E não é preciso ser marxista nem ter lido Pickety, para compartilhar das suas preocupações quanto ao perigo que a crescente desigualdade económica e social potencia para paz social e a estabilidade das democracias.
Este caminho para o abismo só pode ser travado eficazmente com medidas de ação pública acordadas internacionalmente, mas os governos progressistas têm a obrigação de o colocar bem alto na sua agenda política interna e externa. Tal como foi possível alcançar recentemente um acordo para a tributação mínima das multinacionais, também há de ser possivel avançar no sentido de uma tributação comum mínima das mais-valias, das heranças de elevado valor e das grandes fortunas.