1. A grande notícia da semana foi a decisão de abrir o concurso para a 1ª fase da linha ferroviária de alta velocidade (TGV) entre o Porto e Lisboa, que vai ser construída em vários troços e cujo lançamento não foi felizmente afetado pela demissão do Governo.
Como mostram os mapas juntos, a nova ligação Porto-Lisboa constitui uma verdadeira revolução na mobilidade entre nós, não somente entre as duas principais cidades do País (com Aveiro, Coimbra e Leiria no meio), mas também, mercê das conexões com a rede convencional existente, em todo o território nacional a norte do Tejo.
Já não era sem tempo para começar! Esperemos que o calendário traçado para o investimento não sofra os tropeços que são habituais entre nós.
2. Junto com outras importantes obras em curso - como a renovação integral da linha da Beira Alta e da linha Sines-Elvas -, este novo projeto concretiza o resgate da ferrovia em Portugal, depois do abandono durante quase todo o século XX, preterido a favor do modo rodoviário e do lobby automóvel, incluindo depois da implantação do regime democrático, apesar dos fundos europeus que poderiam ter sido mobilizados para o efeito.
Com mais de 30 anos de atraso em relação a Espanha na alta velocidade ferroviária (linha Madrid-Sevilha em 1992), Portugal precisa de andar depressa para reduzir tal atraso e conseguir a necessária conexão com a rede espanhola, de modo a criar uma alternativa ao transporte rodoviário e aéreo (Lisboa-Porto-Vigo e Lisboa-Madrid).
Além da melhoria do transporte de pessoas e mercadorias (rapidez, comodidade, segurança, etc.), em prol da mobilidade no espaço nacional e no espaço ibérico, cada vez mais integrado, a aposta na ferrovia é também uma condição para atingir os objetivos da transição energética e da neutralidade carbónica antes de meados do século.