sexta-feira, 10 de maio de 2024

Euroeleições 2024 (3). A IL contra maior integração europeia

1. O 1º candidato da Iniciativa Liberal às próximas eleições europeias manifestou-se a favor da preservação da competição fiscal na UE, como fator de "diferenciação" nacional.

Ora, além de ser incongruente com a própria lógica do mercado único - que pressupõe um level-playing field para as empresas -, a competição fiscal entre os Estados-membros tende a gerar uma "corrida" para a baixa dos impostos sobre a atividade económica, que favorece os Estados-membros com menor despesa social, afetando por isso o "modelo social europeu" e contrariando a caracterização constitucional da economia da UE como "economia social de mercado" [art. 3º(3) do TUE].

A competividade fiscal alimenta o "dumping" social.

2. Ao contrário, todas as propostas de aprofundamento do mercado interno da União, como o recente relatório Letta, defendem a convergência ou mesmo a harmonização fiscal, incluindo a política de incentivos fiscais. 

No seu liberalismo radical, a Iniciativa Liberal acaba por convergir contraditoriamente com as forças anti-integração europeia, que, em nome da soberania nacional, se opõem à adoção de políticas comuns ao nível da União. Há muitas maneiras de exprimir hostilidade à integração europeia...