Com armas químicas os atacantes estrangeiros, apenas - ameaça Bashar Al Assad.
Como se o monstro se ensaiasse em massacrar os seus compatriotas e não fosse a sua brutal repressão sobre o povo que estivesse na origem da guerra civil.
Como se as armas químicas, uma vez usadas, soubessem distinguir siríos de estrangeiros.
Como se a comunidade internacional pudesse fazer vista grossa a esta grosseira provocacão.
Como se Putin, o protector de Assad, não ficasse também assado por esta putinice de Assad.
Como se restasse tempo e espaço a Bashar na Síria.
See you in the Hague, bastard!
Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
terça-feira, 24 de julho de 2012
Assad ameaça assar
Yangon, Birmânia
Domingo, 22 de Julho, no Shwedagon:
monges e devotos em oração, jovens a namorar, familias a picnicar, maduros a fazer a sesta, crianças a brincar e a abençoar, monjas a passear, estrangeiros a fotografar...
sexta-feira, 20 de julho de 2012
"The Zenawi paradox"
http://m.theatlantic.com/international/archive/2012/07/the-zenawi-paradox-an-ethiopian-leaders-good-and-terrible-legacy/260099/
publicado no jornal "The Atlantic" e assinado por Armin Rosen, sobre o moribundo ditator etíope Meles Zenawi.
Um ditador a quem estou ligada por um ódio de estimação: da parte dele muito pessoal para comigo, desde que, como chefe da missão de observação eleitoral da UE em 2005, denunciei os resultados que ele roubou e os massacres e prisoes que então ordenou. Retribuido, desde então, de minha parte, com asco e mais denúncias relativamente às suas políticas malignas e opressivas.
Por isso, no dia em que soube que o seu fim estava próximo, não me contive e escrevi aqui "Grande dia!". Na véspera tinha recebido no meu gabinete em Bruxelas um intelectual etíope acabado de sair de 18 anos numa das prisões de Meles, sem jamais ser condenado por qualquer crime. Despedira-me dele dizendo-lhe ter confiança de que um dia celebrariamos a libertação etíope na Praça Meskel !
Juntamente com 80 milhões de etíopes, estou suspensa da confirmação do desaparecimento de Meles Zenawi para fazer tudo o que estiver ao meu alcance para que se concretize um futuro livre e democrático na Etiópia.
E juntamente com muitos etíopes que comentam o artigo de Rosen na blogo-esfera, faço notar que não há realmente um "paradoxo Zenawi": Meles foi um brutal ditador que se comportou impiedosamente contra os seus opositores e o seu povo, usando a inteligência para extorquir dinheiro a governos ocidentais sob falsos pretextos de trabalhar pela democracia e pelo desenvolvimento, de ser aliado contra o terrorismo e de ser garante da estabilidade no seu país.
Ele não enganou realmente os líderes e diplomatas ocidentais, ele não enganava ninguém durante muito tempo: bastava comparar o que dizia com o que fazia.
Os lideres europeus e americanos na realidade quiseram deixar-se enganar, mai-los papalvos e os chicos-espertos que vivem da indústria do "desenvolvimento", os Jeffrey Sachs facilmente deslumbráveis com os Meles de qualquer latitude.
O paradoxo, se o há, fica de facto com os governantes ocidentais apoiantes do opressor etíope.
E Meles Zenawi prega-lhes a partida final, a eles que tanto investiram na sua estabilidade podre e fecharam olhos à sua sanha repressiva: nenhum deles sabe hoje o que vai acontecer na Etiópia, não cuidaram de favorecer uma transição organizada, nem dialogaram e muito menos ajudaram a oposição e o povo.
Na UE, nem com a Primavera Arabe aprenderam nada, estes líderes da treta: continuaram a pôr todos os ovos no cesto do ditador etíope.
Como Meles Zenawi, hão-de ter um
lindo funeral!
Portugal a arder
Havia quem no governo se empenhasse em acabar com o contrato da RTP com a Euronews.
Porque não empenhar-se antes em organizar e equipar o país para prevenir e conter fogos?
quinta-feira, 19 de julho de 2012
Síria - veto no Conselho de Segurança
Não é só pelo povo sírio que anseio por ver arredado e levado a julgamento o assassino Assad. É agora também por ver derrotados e desfeiteados os sino-russos dinossauros.
PS - andaste tu, grande Mandela, a lutar por um país progressista, para a RAS te presentear pelos teus 94 anos com esta vergonhosa abstenção?
Paquistão rima com abstenção, tal como com complexo de subestimação.
Sabedoria oriental...
É conselho parental birmanês, segundo afiançou a jovem intérprete. De pais que sabem o que é viajar por estradas ou caminhos locais, onde sanitários são arbustos ou arvoredo.
Hilariante, mas pertinente.
A Libia torna a surpreender
São boas notícias para os líbios, para a Europa, para a vizinhança árabe e para todo o Mundo.
Boas noticias que não me surpreendem: eu tenho dito, e escrito, que os Líbios estão inequivocamente desejosos de construir uma democracia (vide o relatório que circulei aos membros do PE sobre a minha última visita a Tripoli, em Junho passado: http://www.anagomes.eu/PublicDocs/0687d76b-53c3-470d-9bb9-52bdd6ab882d.pdf).
A Aliança Nacional de Mahmoud Jibril arrecadou nas eleições de 7 de Julho 39 dos 80 lugares do Congresso Nacional reservados para os partidos políticos. Os islamistas ficaram-se pelos 17 lugares. O Congresso será composto por 200 representantes e, destes, 120 eleitos como candidatos independentes.
Um primeiro teste à Aliança ganhadora será agora a capacidade de angariar apoios junto dos independentes eleitos, para forjar uma coligação governamental capaz de investir na construção de instituições democráticas e na elaboração de uma Constituição respeitadora dos direitos humanos - e dos direitos das mulheres, em particular.
Numa altura em que atravessamos na Europa uma crise económico-financeira devastadora, que testa os alicerces democráticos da sociedade ocidental, é preciso por os olhos na Líbia e na lição que os homens e as mulheres líbios estão a dar, depois de serem privados de liberdades, direitos, dignidade e democracia durante 42 anos, sem que ninguém na Europa e nos EUA se incomodasse muito...
Paraísos fiscais na UE - o Luxemburgo
Muito instrutivo o programa que vejo passar na TV em Rangun. Na TV5 MONDE em cooperacao com o programa "Panorama" da BBC, obde tera passado em Maio ultimo.
Muito ibstrutibo sobre a industria da evasao fiscal organizada na UE e do papel imoral que nela desempenha o Luxemburgo, a lucrar com o serviço imoral com os ganhos imorais de grandes companhias e grupos economicos, como o que detem a revista "The Economist" e o jornal "Financial Times" ou como a farmaceutica GSK, com a ajuda activa e imoral de consultores como a Price Waterhouse Coopers.
Tudo a ajudar a explicar porque a UE está em crise e as desigualdades crescem obscenamente.
Aqui deixo o link http://www.tv5.org/cms/USA/Programs/p-13398-s5-z413-lg3-CASH-INVESTIGATION.htm?prg_id=413632&
quarta-feira, 18 de julho de 2012
terça-feira, 17 de julho de 2012
Naypyitaw - Birmânia
Surreal: avenidas de oito faixas da cada lado, áleas ajardinadas e perfeitamente manicuradas, fontes iluminadas e jorrantes em cada rotunda desmesurada, mas passeios desertos e rarrissimos carros a passar.
Telefones para o exterior, moveis ou fixos, pura e simplesmente não funcionam (desculpem os ouvintes e o pessoal da Antena Um, por ser esta a razão por que hoje não consegui comparecer no Conselho Superior). Mas, ironicamente e em compensação, há no hotel internet de 5 estrelas (ao hotel, com esforço dou 3) e por isso posso blogar q.b.
Amanhã contarei mais, mas aqui fica, para ilustração, a entrada no monumental novo "Parlamento", a apoucar a bestialidade ceaucesquiana, com um "compound" com dezenas de edifícios como o retratado de mais perto, numa superficie convenientemente resguardada dessa ameaça que se chama povo através de multiplas barreiras de betão e metal e um colossal fosso!
G4S falha Jogos Olimpicos! Bem feito!!!!
O desatino neo-liberal, desregulador e privatizador, de que sucessivos governos britanicos têm sido instigadores a nivel europeu e global, acabou por ter consequencias:
O governo de Cameron entregou a segurança dos Jogo Olimpicos de Londres à duvidosissima empresa privada G4S, que admite agora ser incapaz de cumprir o contrato por nao ter conseguido "estudantes" e "desempregados" interessados em trabalhar pelos baixos salarios que oferecia.
De uma penada, desfazem-se varios mitos -
- que empresas privadas de segurança são realmente profissionais, mais eficazes e mais confiáveis do que Forças policiais ou militares do Estado;
- que governos que privatizam funções de defesa e segurança que, por definição, deveriam ser monopólio do Estado, actuam em beneficio dos contribuintes: os britanicos vao agora gastar mais, com menos garantias de preparação e ninguem lhes paga o gozo que estao a dar por esse mundo fora com a humilhação auto-infligida;
- que governos de direita como o de Cameron se preocupam especialmente com a segurança dos cidadãos.
Enfim, desta vez voltou-se o feitiço contra os feiticeiros.
Lamentavelmente nao tenho nenhuma esperança que os aprendizes do governo português aprendam alguma coisinha com esta historia para moderarem o afã privatizador, na area da defesa e da segurança e não só.
HSBC - mais banksters!
As autoridades americanas concluiram que há anos o banco global HSBC lavava dinheiro para os carteis da droga mexicanos, as mafias russas e violava as sanções financeiras ao Irão.
Tudo previsivel, tudo imitado por outros bancos e tudo impossivel sem a concertação cumplice com outros bancos dirigidos por outros banksters!
Tudo operado através desses buracos negros da criminalidade organizada que sao os paraisos fiscais.
Porque é que governos e instituicoes da UE e dos EUA nao se articulam pelo eliminacao ou no minimo o controle dos paraisos fiscais?
Será porque estão na mão de políticos que estão na mão dos banksters?
Aqui d'el-rei!
Decidadamente, conforme o seu ADN, o Governo cede em tudo ao lóbi das celuloses, que há muito ansiavam por esta mina.
sexta-feira, 13 de julho de 2012
Uma questão de consistência
Ao dizer desplicentemente que o tema é um "não problema", Passos Coelho comete um erro político grosseiro. Estas coisas deixam mossa...
quinta-feira, 12 de julho de 2012
Empandeirados pelas Pandur...
Uns empocham comissões, outros fecham os olhos, todos calam a boca, as Pandur estão por fabricar e entregar, as contrapartidas foram sempre ficticias, os advogados e os bancos ganham por Portas travessas. E os tugas...pagam, empandeirando o que resta do Estado e das Forças Armadas.
Grande dia!
No meio da depressão e da raiva causadas pela crise, a incapacidade dos dirigentes europeus em a ultrapassar e as relvas e coelhices nacionais, há noticias inesperadas que nos reacendem alegria e esperança.
Hoje tive duas:
- o director de teatro palestino Nabil Al Raee já está em casa, libertado da cadeia israelita onde esteve semanas, sem nunca ser acusado de qualquer crime. Recordo que ainda na semana passada o PE aprovou um resoluçao onde (por proposta minha) exigia a sua libertação.
- mais um ditador à beira de deixar de oprimir o seu povo; um que me vota um ódio de estimação e a quem eu retribuo em correspondente moeda. Sempre senti que um dia ia celebrar a libertação em Meskel Square. Hoje chegaram noticias a sugerir que esse dia pode estar muito próximo!!!
Antologia dos prognósticos conformes aos desejos
Igualdade
domingo, 8 de julho de 2012
Timor Leste - o voto é a arma do povo
Varias modalidades de coligação são possiveis, mas a mais provável parece ser CNRT/PD/FM.
O que deixaria um fundamental papel à FRETILIN : o de oposição, que bem precisa é à boa governação, em qualquer democracia.
Mas corre rumor de que sectores da FRETILIN, desesperando por voltar ao poder, tudo farão para entrar numa coligação.
Ora Xanana, já certo de que lhe caberá chefiar o governo, bem poderá - sem ter que entrar em coligações - amaciar os opositores, oferecendo lugares a quadros da FRETILIN (e uns tantos competentes, experientes e sérios bem jeito fariam ao governo).
O que Timor Leste decerto não precisa é de rumores alarmistas postos a correr por desapontados idiotas, que se iludem julgando que com ameaças melhoram margens negociais.
Aguardemos serenamente para ver.
sábado, 7 de julho de 2012
Timor - o voto é mesmo a arma do povo
Podem dar lições ao mundo: de Tomás Cabral, o director do STAE, ao tipo que trata da tinta na mais básica das mesas de voto, por essas montanhas acima, todos os procedimentos estão acertados, todos os membros das mesas de voto agem com calma, confiança, segurança. Tudo decorre na maior ordem e com incrível transparência.
Impressionante tudo o que vi, com uma espantada equipa de colegas do PE, do Bairro Pité a Aileu, Railaco, Gleno, Ermera, Tibar.., percorrendo escolas paupérrimas, a que se chegava por estradas aterradoras, mas onde as mesas de voto estavam a funcionar organizadamente e todos sabiam perfeitamente o que tinham a fazer: funcionários, fiscais dos partidos, observadores nacionais e ... votantes.
Resultados preliminares às 17 horas da mesa de voto no Bairro Pité, onde voltei para assistir à contagem- com mais de uma centena de pessoas, fora da sala de aula, tranquilamente:
CNRT- 245
PD - 145
Fretilin- 131
Khunto -16
Resto dos partidos - votações irrelevantes
Vale o que vale, partidariamente.
Mas politicamente vale tanto: mostra o que vale o povo, se tem a oportunidade de escolher democraticamente. E em Timor Leste ela foi duramente conquistada e aí está, para durar!
What about Libya?
Torço para que também o povo possa votar, calar as armas e dizer de sua justiça. Porque sei bem que também os líbios aspiram a que o voto passe a ser a sua arma.
sexta-feira, 6 de julho de 2012
Lagarde "en garde" contra banksters
A Banca dominada pelos banksters - os banqueiros-gangsters - de que falei justamente no ultimo Conselho Superior na ANTENA 1.
Eleições cá e lá
Hora de levantar e arrancar para a observação das eleições legislativas timorenses. Num ambiente incrivelmente mais distendido e optimista do que o que se vivia da ultima vez, em 2007, com a violenta crise em pano de fundo.
Os olhos em Timor e o coração apertado pela Libia: onde as eleições, as primeiras, são mais cruciais e mais dificeis, só comparaveis à tensao do referendo de 1999. E lá agora, como cá então, todos a quererem desesperadamente votar para se libertar da opressão e iniciar nova vida.
Ultrapassando todas as distâncias, há elos timorenses a permitir ter um pé lá e outro cá: Ian e Hansjoerg. Como podiamos há treze anos viver sem email entre Dili e Jacarta?
Nabil Al-Raee em greve de fome: ação rápida da UE impõe-se
Desde a sua detenção arbitrária, a 6 de Junho, até às sucessivas audiências judiciais em que nenhuma acusação formal foi, afinal, retida contra si, nada no pseudo-processo contra Nabil é regular ou lógico. Tudo se assemelha, antes, a uma série de tentativas vãs para silenciar um intelectual e activista pacífico cuja arte desagrada ao regime israelita.
Senão vejamos: após duas semanas de detenção sem saber exactamente porquê e sem acesso à família ou a um advogado, Nabil foi primeiro considerado suspeito de retenção de informação sobre o assassinato do seu amigo e fundador do "The Freedom" - Juliano Mer Khamis. Numa segunda ida a tribunal, foi-lhe dito que, afinal, era suspeito de envolvimento em "actividades terroristas". Mas esta tese foi refutada por um juíz de um tribunal militar. Isso não bastou para viabilizar a libertação do réu. O mesmo juíz deu 48 horas à acusação para recorrer da sentença. O que esta fez. Ontem (5 de Julho), Al-Raee foi acusado da posse ilegal de armas e de cumplicidade com foragidos da justiça de Israel.
Os seus advogados e a sua mulher, a cidadã portuguesa Micaela Miranda, explicam as derivas do processo pela necessidade que Israel tem de fazer implodir uma instituição, o teatro "The Freedom", cujo papel social, político e de intervenção artística no universo palestiniano, dentro e fora da cidade de Jenin, é reconhecido e aplaudido internacionalmente.
Aos meus olhos, as sucessivas acusações mal formuladas e nunca provadas contra Nabil mais não são do que desculpas para justificar o injustificável, ou seja a sua permanência na prisão.
Por tudo isto, a diplomacia europeia deve intervir directamente junto do governo israelita no sentido da libertação imediata de Nabil Al-Raee. Foi isso mesmo que recomendou esta semana o Parlamento Europeu numa resolução comum sobre a política da UE para a Margem Ocidental e Jerusalém Oriental.
Inconvincente
Na verdade, não havendo nenhuma protecção constitucional do direito àquelas prestações -- que na verdade são "bónus" atribuídos por lei e que por lei podem ser retirados, se observados os princípos da igualdade, da necessidade e da proporcionalidade --. nem sendo por isso inaceitável a sua suspensão -- o que o Tribunal admite --, a única fundamentação da decisão é uma alegada violação do princípio da igualdade, por estar abrangido somente o pessoal do sector público, enquanto os trabalhadores do sector privado ficam isentos dessa privação de rendimentos. Na lógica do Acórdão a inconstitucionalidade não está propriamente no sacrifício financeiro imposto aos funcionários públicos mas sim no facto de não se ter imposto semelhante sacrifício aos trabalhadores do sector privado...
Ora a verdade é que só pode comparar-se aquilo que é comparável. E a meu ver é inegável que em matéria de finanças públicas há uma óbvia distinção entre os dois universos: os funcionários públicos pesam na despesa pública, porque são pagos pelo orçamento do Estado (lato sensu), com dinheiro dos contribuintes, ou com dinheiro tomado de empréstimo, que os contribuintes hão-de ter de pagar. Além disso, como é notório, os niveis de remuneração e de segurança no emprego no sector públcio são globalmente mais favoráveis do que no sector privado. Por isso, pode haver razões relevantes para que em matéria de contribuição excepcional e temporária para os encargos públicos, se possa exigir mais ao sector público (onde se contam os próprios deputados peticionantes e os juízes do TC...) do que ao sector privado.
Numa matéria com estas implicações e no "estado de necessidade orçamental" em que o País se encontra, a decisão do TC deveria ser "à prova de bala" na sua fundamentação. Infelizmente não é.
Se o Tribunal deixa muito a desejar na decisão de fundo, erra manifestamente ao decidir que as normas julgadas inconstitucionais se possam continuar a aplicar até ao final do ano, cumprindo integralmente os seus objectivos para o corrente ano. Não faz sentido nenhum que o Tribunal deixe continuar a aplicar as normas que mal ou bem acabou de declarar inconstitucionais...
sábado, 30 de junho de 2012
Conselho Europeu: até que enfim!
Até que enfim que no Conselho Europeu começaram a ser tomadas medidas decisivas e acertadas para fazer a Europa ultrapassar a crise!
Medidas que são o oposto da austeridade punitiva que a direita neo-liberal vem impondo, com as consequências devastadoras que se sabem.
Medidas que são o que a Dona Merkel jurava que jamais engoliria ... e engoliu!!!! pois - como explica o Vital nos posts anteriores - equivalem aos eurobonds sem terem o nome, implicam o financiamento de dividas soberanas pelos FEES e MEE através da intervenção nos mercados secundário e primário, para fazer descer os juros, além da recapitalização directa dos bancos para que não pese nas dívidas soberanas.
Para além da viragem reequilibrante que a eleição de Hollande introduziu, Monti e Rajoy foram determinantes no desmascarar do "bluff" de Dona Merkel, ela que tinha de voltar para casa com o Pacto de Crescimento exigido por Hollande e o SPD e os Verdes (sabedores de ser a Alemanha principal beneficiária do Euro e do Mercado Interno a nada lhe convir matar a galinha dos ovos de ouro... ).
Em 19 de Janeiro e 29 de Fevereiro incitei aqui a que nos montassemos no Monti e a 9 de Janeiro e 12 Abril confessei que rezava pela iminência de um resgate a Espanha para focar as cabeçorras neo-liberais resistentes aos passos que se impunham.
Na "mouche": com as casas a arder, Monti e Rajoy corresponderam às expectativas!
Quem passou, engoliu e nada riscou, como sempre, foi o coelhinho da cabecinha a dar, a dar - como os cãezinhos a espreitar dos vidros detrás de certos automóveis....
Passos passou e nem sequer tentou deixar marcados os interesses de Portugal, ao contrário da Irlanda, que tratou logo de assinalar que até da recapitalização directa dos bancos exige beneficiar.
Passos passou, aninhado de sempre aos pés da dona, suplicante das migalhinhas que ela quiser deixar cair.
Passos passará - porventura mais depressa do que se espera.
NH90 - Governo alija...e o tuga paga!
O Governo da coligação PSD/PP abdica do contrato de aquisição dos helicopteros NH90 para o Exército, à conta dos cortes orçamentais e da insustentabilidade da renda exorbitante que eles exigiam ao Estado nos próximos anos.
Mas os portugueses pagam-nos, repagam-nos e voltam a pagá-los, embora o Exército fique sem eles...
Porque já pagaram tudo o que foi gasto na preparação do contrato, na formação de pessoal, nas contrapartidas não executadas e na indemnização por denúncia de contrato que o Estado vai ter de pagar aos fabricantes.
E sobretudo no que se foi no desperdício de não se fazerem sinergias - claramente para haver mais oportunidades para esmifrar o Estado na corrupção da cadeia de intervenientes - com outras aquisições de helicópteros pelo Estado, seja no quadro da LPM para equipar as Forças Armadas portuguesas (os Linx das fragatas Meko, os EH 101 da Forca Aerea) ou as forças de segurança e protecção civil (os Kamov e Ecureil comprados em 2005 para equipar a EMA, entretanto extinta em finais de 2011...).
O mínimo é exigir que o Governo explique aos cidadãos quanto e como desperdiçou e vai desperdiçar o Estado neste contrato falhado e claramente engendrado para o defraudar.
O mínimo é exigir às vozes militares que ora protestam porque se perde um equipamento indispensável para optimizar as nossas Forças Armadas, que digam tudo o que sabem e têm calado sobre quem são, aos vários níveis, os responsáveis e os irresponsáveis que decidiram e sobre quem são os corruptos que beneficiaram, mais uma vez, à custa dos portugueses.
sexta-feira, 29 de junho de 2012
Boas notícias (3)
Embora essa hipótese esteja prevista nos estatutos do MEE, o seu accionamento
constitui um notável evento, admitindio o financiamento directo da dívida pública nacional por fundos da UE, que por sua vez fse inanciam nos mercados com aval dos Estados-membros. Trata-se obviamente de uma espécie de "eubonds" "avant la lettre".
Mesmo que tal intervenção fique naturalmente sujeita à condição de o Pais beneficário cumprir as metas de disciplina orçamental, trata-se de uma ajuda de valor inestimável no controlo dos custos de emissão de dívida e de luta contra a especulação com a dívida pública nacional. E é, bem entendido, mais um passo numa maior integração orçamental ao nível da União Europeia.
Nada como uma boa crise para fazer avançar a integração europeia!
Boas notícias (2)
Em contrapartida desse financiamento directo pela União, a supervisão estrutural e prudencial da banca passará para a União, sob a égide do BCE, perfendo os Estados-membros essa competência, o que constitui um passo decisivo na necessária "união bancária".
Como aqui se vem defendendo, uma maior responsabilidade financeira conjunta tem de implicar a transferência de mais poderes de controlo para a União. A união bancária implica mais união política (como a Alemanha sempre insistiu...).
Boas notícias (1)
A primeira foi a aprovação do Pacto de Crescimento, a ideia-chave trazida por Hollande para a agenda política europeia, como "pendant" do Tratado Orçamental, que assim tem luz verde para avançar. Embora sem "project bonds" (ou seja, emissão conjunta de empréstimos para financiar projectos de investimento de interesse europeu), o financiamento dos projectos de investimento passará pelo aumento da capacidade de empréstimo do BEI, que se financiará no mercado, pelo que se trata na verdade uma espécie indirecta de "eurobonds".
A politica de disiciplina orçamental passa a ser acompanhada de um dimensão de crescimento, apoiada em investimento a nível da União. Não é pequena coisa!