Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015
Um escândalo
Eu junto-me a este justo protesto contra este escandaloso monopólio partidário do espaço público.
Adenda
Não colhe o argumento de que as televisões privadas são livres na sua programação (o que aliás também se aplica à RTP). Sucede porém que, ao contrário dos jornais, não há liberdade de criação de estações privadas de televisão de sinal aberto, que usam o espaço radioelétrico público e dependem de licença do Estado e que por isso devem estar sujeitas a uma obrigação de pluralismo político-ideológico interno.
Vertigem grega (12)
Como a sua proposta de obter um empréstimo "intercalar" à margem de qualquer programa não tem nenhum cabimento nas normas da assistência financeira da UE nem é obviamente aceitável para os restantes membros da zona euro, a Grécia arrisca-se a ficar sem rede, à beira do abismo financeiro. Neste momento tem poucas horas para recuar.
2. Ao contrário do que é pressuposto pelo coro internacional de fãs do Syriza, a Grécia não foi objeto de nenhuma ilícita intervenção externa da troika. Foi a Grécia (tal como a Irlanda e Portugal) que pediu a assistência financeira, tendo contratualizado com os credores os respetivos termos e condições.
Em vez de tentar renegociar o acordo, beneficiando da "flexibilidade" oferecida pelo eurogrupo, o novo Governo insistiu em renegá-lo unilateralmente e em revogar internamente os respetivos compromissos. Mas tem de aceitar as consequências da sua irresponsabilidade na quebra contratual e prescindir da assistência externa que o acordo titulava. O que não pode é exigir que continuem a emprestar-lhe dinheiro sem condições e à margem de qualquer acordo e depois acusar de "antidemocrática" a natural recusa (aliás unânime) dos parceiros. Ninguém goza de um poder potestativo de impor unilateralmente obrigações aos outros, sobretudo quando se depende deles.
Adenda
Entretanto, a situação financeira da banca e das finanças gregas agrava-se dia a dia, com a fuga de depósitos dos bancos e a quebra no pagamento de impostos. A Grécia arrisca um colapso financeiro a curto prazo, não por culpa externa mas sim por causa dos próprios cidadãos gregos, que depois de elegerem o Syrisa lhe tiram o tapete debaixo dos pés. O Governo grego tem até amanhã para parar a hemorragia acordando a extensão (e eventual amenização) do programa de resgate.
Adenda 2
Sendo já conhecida a carta enviada pelo Governo Grego ao Eurogrupo, é evidente que a Grécia pede a extensão do acordo de empréstimo mas não do Memorando de entendimento que contém o programa de assistência e as respetivas condições. Parece óbvio que o pedido não pode ser aceito nesses termos.
quarta-feira, 18 de fevereiro de 2015
Um pouco mais de rigor sff
Mesmo usada entre aspas, a expressão -- que é tudo menos politicamente inocente -- encerra uma evidente contradição nos termos. No PS, que é um partido de esquerda, não há "socialistas de direita" e de esquerda; há sim socialistas mais ou menos à esquerda, numa diversidade assumida e respeitada que sempre caraterizou o partido e tem sido fator da sua capacidade de congregar um apoio político e eleitoral sociologicamente transversal e abrangente, como convém a um partido de vocação governante. Só os "partidos de protesto" se podem dar ao luxo de ser monolíticos.
Ficção política
Por um lado, como se viu no post anterior, a situação dos dois países não é comparável nem quanto à situação de partida, na altura do resgate, nem quanto aos resultados do programa de ajustamento.
Segundo, não faz sentido dizer que as decisões do TC foram decisivas na limitação do programa de austeridade entre nós, sendo evidente que os cortes que o Tribunal rejeitou nos rendimentos dos funcionários públicos e dos pensionistas (e outros menores) foram compensados pelo Governo com medidas de igual valor ou superior, de tipo fiscal (o "enorme aumento de impostos") ou de corte noutras despesas públicas, incluindo as de investimento.
Aliás, o fim da recessão económica deu-se ainda em plena fase aguda da austeridade orçamental, no terceiro trimestre de 2013.
Grécia & Portugal
Primeiro, a situação de partida dos dois países à data do resgate externo era substancialmente diferente, sendo muito pior na Grécia: maior défice orçamental, maior desequilíbrio externo, mais ineficiência da economia, menos sistema e máquina fiscal, menos Estado social.
Segundo, a Grécia foi muito menos capaz de realizar os objetivos e compromissos do programa de ajustamento, quer quanto à consolidação orçamental, quer quanto às reformas da economia. Basta ver, por exemplo, os quadros seguintes sobre a evolução das exportações nos dois países e sobre o incumprimento do programa de privatizações na Grécia.
terça-feira, 17 de fevereiro de 2015
Más notícias
Esta sondagem do Guardian revela uma inesperada subida do Partido Conservador no Reino Unido, ultrapassando folgadamente o Labour.
A confirmar-se uma vitória conservadora nas próximas eleições parlamentares após quatro anos de disciplina orçamental, ela seria uma má notícia para social-democracia europeia, testemunhando o falhanço da oposição trabalhista, e também para a União Europeia, pois levaria à realização do referendo sobre a permanência do Reino Unido na União, tal como prometido por Cameron, com um sério risco de saída britânica.
Adenda
Dos três países europeus onde vai haver eleições este ano e onde os socialistas se encontram na oposição e deveriam em princípio ganhar, já se pode dar por perdida a aposta do PSOE em Espanha, neste momento com sondagens abaixo dos 20%. Se se verificar também a derrota do Labour, restam Portugal e o PS para salvar a honra da social-democracia governante.
segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015
Enriquecimento não justificado
Como mostrei na altura, o PS sempre teve razão em resistir isoladamente à deriva penal-populista dos demais partidos (incluindo lamentavelmente o PSD) e em defender as regras do Estado de direito em matéria penal. E como se vê, para punir o enriquecimento injustificado não é preciso presumi-lo de ilícito, bastando tornar obrigatória a sua declaração e justificação e punir a violação dessa obrigação.
Vertigem grega (11)
Não vejo por que é que os demais cidadãos europeus hão de arcar com os custos das irresponsáveis promessas de "fim imediato da austeridade" com que o Syriza ganhou as eleições na Grécia.
Adenda
Um leitor sugere que Portugal organize um referendo para a recuperação de Olivença e depois acuse a Espanha de não respeitar a "vontade democrática dos portugueses" -:)
domingo, 15 de fevereiro de 2015
Estado de negação
É que, embora baixo (0,9%), esse crescimento não pode ser tomado como ocasional ou despiciendo. Primeiro, é a primeira vez que a economia portuguesa cresce numa base anual desde 2010, o que não é pouco. Segundo, esse crescimento está em linha com a média da UE e teve lugar em ambiente de austeridade orçamental, não inflacionista e sem ajuda do investimento público. Terceiro, apesar de baixo, o crescimento económico já está a ter impacto positivo no emprego (por razões que expliquei aqui). Por último, as previsões da UE e das instituições internacionais projetam a aceleração da taxa de crescimento no corrente ano em toda a Europa, incluindo em Portugal.
Há quem não queira ver o que está à vista de toda a gente. Mas os factos continuam a ser factos, por mais que contrariem as nossas expetativas políticas.
Adenda
É natural que o Governo e os seus arautos explorem politicamente o facto. Mas importa anotar que, de acordo com o programa inicial da troika a recessão não deveria ter sido tão profunda nem tão prolongada como foi e o País deveria ter começado a crescer muito antes. A Irlanda demorou menos tempo na retoma económica e já está no topo do crescimento na UE. Não tivessem sido os excessos e erros do Governo, ter-se-ia poupado muito em recessão, desemprego e crise social. Em vez de celebrar a tardia e insuficiente retoma económica, o Governo deveria assumir a responsabilidade pelo custo e pela duração excessiva da recessão.
Adenda 2
Sobre as perspetivas de crescimento para o corrente ano ver aqui, aqui e aqui.
Clareza
Ao menos, ao contrário de outros, o PCP não engana quanto ao seu desejo de pôr o País fora do Euro. Só não diz tudo, que isso seria a primeira etapa para sair da UE.
Infelizmente para o PCP, a crise do euro ficou para trás.
Submarinos: GES/ESCOM "contratou" o Ministério da Defesa...
sábado, 14 de fevereiro de 2015
Antologia do nonsense político
Agora falta um comentador de direita vir propor a Maria de Belém!
Adenda
Verifico, estupefacto, que esta provocação política do comentador socialista foi tomada a sério por outros comentadores como hipótese presidencial a ser considerada pelo PS, o que relevaria do mais desatinado oportunismo politico.
Vertigem grega (10)
Para quem acha que a dívida grega é insustentável e que a União Europeia e a Alemanha estão a esmifrar a Grécia é proveitoso ler este artigo sobre a "grande falácia grega". Para que não possam continuar a vender demagogia com base na ignorância.
sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015
Que governo?
Porém, com este resultado o PS ficaria longe da maioria absoluta, e nem sequer obteria maioria parlamentar numa coligação com o Livre e com o PRD. A questão da fórmula de governo mantém-se por isso em aberto.
Desigualdade (2)
E por que é que há de haver diferença entre o setor público e o setor privado? O PS também vai defender as 35 horas no setor privado?
Vertigem grega (9)
Por exemplo, qualificar a crise social, apesar de muito grave (desemprego, risco de pobreza, que em 2013 era o mais elevado da UE, etc.), como "crise humanitária" ou até "catástrofe humanitária" (!) é na melhor das hipóteses uma hipérbole, que faz pouco das situações de fome generalizada e de maciça carência social em tantos países por esse mundo fora, a começar pelos vizinhos países do leste europeu e do médio oriente.
Em segundo lugar, e mais importante, é falso imputar as situações de privação social aguda à troika e ao programa de ajustamento orçamental. Tal como em Portugal, os credores impuseram na Grécia a redução de pensões e de rendimentos. incluindo o salário mínimo (que mesmo assim ficou acima do nosso!) e do subsídio de desemprego. Mas não há nenhuma imposição da troika para privar as pessoas do rendimento mínimo ou do acesso aos cuidados de saúde. Isso resultou de políticas dos governos gregos, que preferiram deixar agravar a situação social, em vez de porem os ricos a pagar impostos (incluindo a Igreja ortodoxa e os armadores) e em vez de cumprirem o programa de privatizações acordado, que retirou ao orçamento centenas de milhões de euros.
Seguramente ninguém deixará de aplaudir as medidas que o novo governo grego venha a tomar para minorar a crise social, acudindo desde logo às situações críticas de pobreza e de privação de alojamento e de cuidados de saúde. Mas para isso não precisa de renegar os compromissos que o País assumiu para receber a assistência financeira que livrou a Grécia da bancarrota e da saída do euro. Pelo contrario, quem tem a perder é a Grécia e a crise social grega...
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
Desigualdade
Sempre julguei que um dos valores fundamentais do Estado de direito é a igualdade de direitos e obrigações em situações idênticas e que um dos valores essenciais da justiça no trabalho é o do salário igual para trabalho igual
Durante muito tempo houve a iníqua situação de os funcionários públicos terem um tempo semanal de trabalho de 35 horas, enquanto o do setor privado era de 40 horas. Agora passa a haver distinção dentro do próprio setor público, entre o Estado e os municípios que adotam as 40 horas legais e aqueles municípios que pretendem regressar às 35 horas, sem redução de remuneração; ou seja, salário igual para trabalho (muito) desigual.
quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015
#SwissLeaks - o Governo mente, oculta e protege os evasores fiscais
A hipocrisia do Governo é grotesca: pretende que não sabia de nada e vai agora a diligenciar para obter as listas dos evasores fiscais portugueses na Suíça.
A mentira é tão mais despudorada, quanto nunca me deu respostas às cartas que enviei (já ao anterior Governo e aos dois ministros das Finanças deste Governo) sobre as listas dos evasores fiscais no Liechenstein e na Suiça. Mas facilmente me respondeu o FMI a carta que enviei à Sra. Lagarde (embora em resposta redonda a proteger o Governo)...
Entretanto não sei quantas vezes, por escrito e verbalmente, nas rádios e nas TVs, nos plenários do PE, em perguntas à Comissão, levantei eu este assunto e o escândalo de Governo e Troika assaltarem fiscalmente as classes médias enquanto, via RERTs, amnistiavam ricos evasores e até os ajudavam e protegiam na lavagem do dinheiro, sem os obrigar sequer a repatriá-lo.
Ainda há meses, quando a Ministra das Finanças veio ao PE, abordei-a pessoalmente para lhe dizer que estava à espera de resposta à minha última carta e às anteriores, dirigidas aos seus antecessores, sobre as listas de evasores fiscais na Suíça e no Liechenstein. A Ministra pretendeu que não conhecia, que pelo tema teriam ido directamente para o Secretário de Estado de Assuntos Fiscais, que tomaria nota...
Não tomou e a resposta nunca veio.
Por isso, "modus in rebus"! Mentirem, ocultarem e armarem-se em inocentes e ignorantes, não vai dar. É melhor armarem-se de lupa e aspirador e procurarem as diskettes onde quer que seja, lá para as bandas do Terreiro do Paço.
Aqui deixo lista das cartas que fui escrevendo e da que recebi do FMI:
Carta a Teixeira dos Santos: http://www.anagomes.eu/PublicDocs/5c2d7dc4-0c28-47aa-b7c0-967a30208be6.pdf
Carta a Vitor Gaspar: http://www.anagomes.eu/PublicDocs/8ca362d1-55fb-4ba3-bf9e-fc8a8ec46d27.pdf
Carta a M. Luis Albuquerque: http://www.anagomes.eu/PublicDocs/d7921754-d9d8-4459-86f3-133a196173e4.pdf
Carta a Christine Lagarde 1 (05/11/12): http://www.anagomes.eu/PublicDocs/14feda44-b19d-49ed-b11b-ad504c041f87.pdf
Resposta FMI: http://www.anagomes.eu/PublicDocs/3b46abdb-1474-43aa-8cc5-d6ee3feb8329.pdf
Carta a Christine Lagarde 2: http://www.anagomes.eu/PublicDocs/e50a663c-b8ae-40f3-a7ec-d4dbe7fb2f08.pdf
Pergunta à Comissão: http://www.anagomes.eu/pt-PT/documentos.aspx?newsid=a0eeddda-c4e3-4d11-b866-0456f4b21200
Resposta da Comissão: http://www.anagomes.eu/pt-PT/documentos.aspx?newsid=410228cd-8f7f-4cd9-92cc-d32d449d57a0
Pedido de audição no PE com bancos suíços: http://www.anagomes.eu/PublicDocs/38fcff1b-67f7-4066-bc48-ec9dde6c67bc.pdf
Estado social
Eis o cabeçalho da minha coluna semanal no Diário Económico de hoje.
Adenda
O relatório do INE encontra-se aqui.
A tabela seguinte ilustra o argumento:
A UE está a combater o terror?
terça-feira, 10 de fevereiro de 2015
Luzes amarelas
Quando vejo um possível candidato a Presidente da República defender mais intervenção presidencial faço acender logo as luzes amarelas. Um PR intervencionista é candidato a trouble-maker institucional e politico
A meu ver, o PR tem (e deve ter) um papel limitado no nosso sistema constitucional. Não tem poderes na área governativa e não deve interferir na ação governamental; para isso há um governo eleito. O seu papel é o de supervisor independente do sistema politico, funcionando como polícia, árbitro e bombeiro. Além de representar a República e a unidade do Estado, cabe-lhe velar pelo regular funcionamento das instituições, favorecer a estabilidade politica, respeitar e proporcionar espaço de acção ao governo em funções, assegurar os direitos da oposição e, sendo necessário, agilizar soluções de governo. A sua intervenção na esfera pública deve limitar-se a promover os valores constitucionais, incluindo a coesão nacional e a tolerância democrática.
O PR deve ser um traço de união e não de divisão.
Isabel Moreira mente
Salvar a UE passa pela Grécia
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015
Vertigem grega (8)
Desde o princípio me pareceu que a estratégia negocial do Governo Syriza se baseava numa chantagem tipo "dêem-me o que quero, se não saio do euro e não vou sozinho". Esta ameaça foi agora explicitamente verbalizada pelo ministro das Finanças Varufakis (especialista em teoria de jogos), citando expressamente Portugal e a Itália.
O problema do Syriza é que cada vez mais pessoas começam a levar a sério a probabilidade de saída da Grécia do euro e ninguém pensa em fazer-lhe companhia forçada. Num clube a chantagem de um membro que depende da confiança e da solidariedade dos outros não é uma boa estratégia negocial. Como escrevi noutro lado, "o poder de chantagem do Syriza caducou".
No seu irresponsável aventureirismo, o governo Syriza prepara-se para imolar a Grécia no fogo que acendeu e está a soprar. E aparentemente já perdeu o autocontrolo.
Um pouco mais de rigor sff
Não faz nenhum sentido comparar o valor do salário mínimo em termos absolutos, sem entrar em linha de conta com a diferença nacional dos níveis dos salários em geral.
O modo normal de comparar o salário mínimo é em termos de proporção do seu valor em relação ao valor da mediana dos salários (ou seja, o ponto intermédio do leque salarial). Ora, segundo este critério o salário mínimo em Portugal estava em 2012 (portanto, antes da recente subida) entre os mais elevados da zona euro (e não entre os cinco mais baixos, como diz a notícia acima).
Adenda
Perguntam-me o que penso do enorme aumento do salário mínimo na Grécia, que vai passar para 750 euros (x 14 meses), o que compara com os nossos 505 euros (depois do recente aumento). Penso que é uma enorme irresponsabilidade económica, que vai estoirar com muitas PMEs, diminuir a competitividade externa do País e lançar no desemprego milhares de trabalhadores, a começar pelos supostamente beneficiados pelo aumento. É um presente envenenado. O aumento é tanto mais injustificado quanto é certo que, devido à recessão, se deu uma queda dos salário médio e do salário mediano.
Estão a mangar connosco
No início, este governo resolveu submeter a concurso o recrutamento de dirigentes na administração pública, como prova da independência e da desgovernamentalização da função pública.
"Bem prega Frei Tomás", porém. Soube-se agora que catorze dirigentes da segurança social recém-nomeados são todos do PSD e do CDS e já tinham sido nomeados a título provisório há quatro anos (!!) por este governo. Concursos a sério, como se imagina!
Como diz Helena Garrido no Jornal de Negócios:
«É com casos destes que os partidos perdem o respeito dos cidadãos, é com casos destes que se vai ameaçando os pilares da democracia moderna. Também o PSD tinha prometido que não haveria mais "jobs for the boys". Vê-se. Vale mais desistir dos concursos. É mais sério, merece mais respeito.»
domingo, 8 de fevereiro de 2015
Aqui ao lado
A sondagem de opinião hoje publicada no El País confirma a fragmentação do leque partidário espanhol e o apoio dos novos partidos antissistema, desde o Podemos, que lidera a sondagem, até ao Ciudadanos, que aparece em quarta posição, isso à custa dos dois partidos governantes tradicionais, o PP e o PSOE, sobretudo este, que fica abaixo dos 20%, não tirando partido da sua oposição ao Governo do PP.
É claro que ainda vai correr muita água debaixo das pontes até às eleições gerais do final do ano, incluindo o destino do governo Syriza na Grécia. As eleições regionais na Andaluzia em março e as eleições autárquicas e regionais de maio podem dar uma imagem mais precisa quanto à consistência deste panorama político. Mas a manter-se este quadro político, a Espanha arriscar-se-ia a ficar ingovernável.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Vertigem grega (7)
A dura realidade começa a destroçar as ilusões do governo Syriza. Para além de não terem conseguido nenhum apoio para um única das suas propostas sobre a dívida e de continuarem sem apresentar alternativas credíveis, esta decisão do BCE (inevitável face à saída unilateral da Grécia do programa de ajustamento com a Troika) vem tornar ainda mais difícil a vida dos bancos gregos.
No meio do espalhafato mediático e do fracasso negocial, o Governo grego parece cada vez mais um aprendiz de feiticeiro a braços com uma mistura explosiva que ameaça estoirar-lhe nas mãos.
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015
A UE refém de Atenas
Esta é a introdução da minha coluna semanal de hoje no Diário Económico, acerca do impacto do Governo Syriza sobre a política de comércio externo da União Europeia e, em especial sobre o acordo de comércio e investimento com os Estados Unidos (TTIP).
Adenda
Esta é a posição oficial grega sobre o TTIP que refiro no meu texto: «Syriza-led Greek parliament ‘will never ratify TTIP’».