Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016
Condecoração indecorosa
Adenda
Importa esclarecer que não possuo nenhuma condecoração. Mas com comendadores destes fico contente por ter declinado receber uma.
Jogada arriscada
É que se passa com a guerra aberta publicamente pelo Governo contra o governador do Banco de Portugal, cuja posição está blindada pela independência garantida pela UE aos bancos centrais nacionais. É óbvio que o Governo pode tentar forçar Carlos Costa a demitir-se, mas os custos "reputacionais" dessa operação arriscada de politização do BP poderiam revelar-se excessivamente onerosos para a necessária estabilidade e credibilidade do sistema nacional de supervisão bancária.
Adenda
No caso dos chamados "lesados do BES", cabe exclusivamente ao BdP, como "autoridade de resolução", determinar o perímetro das responsabilidades a transferir para o novo banco. O Governo não devia imiscuir-se nessa matéria. Se o Governo quiser indemnizá-los à custa dos contribuintes, é um assunto seu (e deles!), em que não deve envolver o BdP.
quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016
Boa ideia
Foi boa a medida do anterior Governo de estimular o pedido de fatura no pagamento de bens e serviços. A ideia do atual Governo de substituir o prémio - títulos da dívida pública em vez de automóveis - pode ser menos apelativa mas é política e socialmente mais apropriada.
Num país com baixos níveis de poupança e em que a esmagadora maioria da dívida pública está em mãos estrangeiras -- aumentando assim o risco de exposição a crises de confiança - é importante dar visibilidade e incentivar a poupança interna e apostar nos títulos da dívida pública nacional como meio prioritário de aforro.
Contra a tradição
Duvido, porém, que haja uma boa justificação institucional para associar o PR a decisões governamentais, tornando-o politicamente corresponsável pelas mesmas.
2. É certo que a Constituição admite explicitamente essa possibilidade, mas não é por acaso que na prática ela não se tem verificado, com uma ou duas exceções cerimoniais ao longo destes quarenta anos.
Trata-se de um resquício do semipresidencialismo da versão inicial da Constituição (1976-1982), quando o Governo era politicamente responsável perante o PR e quando este podia demitir livremente o Governo; nesse quadro constitucional era natural que o Primeiro-Ministro quisesse associar o PR a decisões governamentais, obtendo preventivamente a sua cobertura política. Essa justificação deixou de existir depois de 1982, quando o Governo deixou de depender politicamente do PR e este deixou de poder interferir na esfera governativa.
3. A eventual presidência do Conselho de Ministros pelo PR só obscurece a necessária separação entre o papel de Belém, como árbitro e supervisor imparcial e neutro do sistema político, e o papel do Governo como responsável único pelo condução política do País. O árbitro não pode interferir, muito menos dirigir, o jogo, ainda que ocasionalmente. E tampouco pode ser co-envolvido ou deixar-se envolver na responsabilidade política do Governo perante a AR, visto que ele é politicamente irresponsável.
4. Desde 1976, o PS nunca deixou de combater qualquer deriva presidencialista do sistema de governo ou qualquer ingerência presidencial na esfera governativa e de reivindicar a autonomia dos governos face ao PR e a exclusiva responsabilidade política dos governos perante o parlamento. A presidência do conselho de ministros pelo PR casa mal com essa virtuosa tradição política.
segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016
Aliados da onça
Já sabíamos que naquelas bandas só é de esquerda o PCP e quem tiver a sua chancela. Mas recusar o simples qualificativo de centro-esquerda ao governo mais à esquerda que temos pelo menos desde 1979 revela bem que o PCP não guardou, muito menos enterrou, o machado de guerra contra o PS e que o acordo de apoio parlamentar ao Governo nem sequer um armistício significa, pelo menos em relação às milícias sindicais, que continuam a disparar contra o Governo quando convém, como mostram as greves entretanto declaradas, apesar de em alguns setores os dirigentes sindicais da CGTP se comportarem como se fossem ministros-sombra ou comissários políticos "controleiros" dos correspondentes ministérios, à boa maneira leninista.
Com "aliados da onça" como estes o Governo não precisa de inimigos.
Perder pela demora
Compreende-se o interesse em desdramatizar e em adiar politicamente o assunto, que é suscetível de criar algum atrito na base parlamentar aliada Governo. Mas essa espera de dois meses pode revelar-se negativa, por várias razões: primeiro, as autoridades da União e as agência de rating podem insistir na sua apresentação quanto antes, a fim de evitar qualquer incerteza nociva nos mercados da dívida pública nacional; segundo, a imprensa não vai deixar de fazer especulações sobre as possíveis medidas, obrigando o Governo a vir a terreiro desmenti-las ou a confirmá-las pelo silêncio; terceiro, o desconhecimento sobre as possíveis medidas vai prolongar o debate orçamental para além da aprovação do orçamento, o que não é propriamente favorável à criação do necessário clima de estabilidade e de confiança económica e social.
É bom saber que o Governo confia plenamente em que não vai ser necessário recorrer a tais medidas, mas é melhor ter uma rede de segurança para sossegar os céticos de boa fé e para retirar argumentos à oposição.
domingo, 14 de fevereiro de 2016
Dupla discordância
Há aqui duas questões diferentes.
Primeiro, há quem defenda que essa questão não pode ser sujeita a referendo, com o argumento de que "os direitos não se referendam". Discordo. Salvo as exceções constitucionais (onde não se conta esta matéria), tudo o que pode ser decidido por via de lei pode ser decidido previamente por referendo.
Segundo, há quem defenda que esta questão só pode ser decidida por referendo, e não pelo parlamento, dadas as suas implicações morais e/ou religiosas. Discordo. Ressalvada uma exceção constitucional (a regionalização do continente), não há nada que exija referendo obrigatório. Numa democracia representativa tudo o que não seja inconstitucional pode ser (e em princípio deve ser) decidido pelo poder legislativo. Pessoalmente, não sou adepto dos referendos e não compartilho da referendite aguda que de vez em quando assalta o país.
sábado, 13 de fevereiro de 2016
Deixemos a Constituição em paz
Tal como nos dois casos referidos também agora penso que a Constituição não fornece uma reposta a esta questão, a qual, portanto, permanece dentro da margem de livre decisão do legislador democrático. Por um lado, não me parece que a Constituição proíba a eutanásia (nas condições acima descritas), porque o direito à vida obriga os outros (proibição de homicídio e da pena de morte) e não o próprio e não implica uma "obrigação de viver"; há muito tempo que a tentativa de suicídio deixou de ser crime. Por outro lado, mesmo que se possa argumentar a favor de um "direito ao suicídio", já não me parece que se possa retirar diretamente da Constituição um direito à assistência de terceiros para terminar a própria vida.
Por conseguinte proponho que retiremos a Constituição do debate sobre a eutanásia. A Constituição não tem de ter resposta para todos os problemas políticos ou sociais, sobretudo quanto eles implicam juízos religiosos ou morais. Deixemos o espaço público debater serenamente a questão e o legislador decidir livremente, quando chegar o momento.
sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016
Prudência orçamental, recomenda-se
Eis o lead da minha coluna semanal de ontem no Diário Económico. Ou de como precisamos de prudência orçamental para evitar mais sustos com os juros da dívida como o de ontem...
Antologia do farisaismo político
Não assim em Portugal, onde um falso partido ecologista, que não passa de uma sucursal política do PCP, se manifesta contra a recente subida dos impostos sobre os combustíveis. Entre os transportes coletivos e oportunismo de apoiar os automobilistas, os pseudo-verdes preferem curtir mágoas pelos segundos. É preciso ter lata!
quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016
Boas Fadas que te Fadem!
Legitimidade
De facto, no exercício orçamental de 2015 (e nos anteriores), o Governo PSD-CDS falhou rotundamente as suas próprias metas orçamentais. Em vez dos prometidos 2,7%, o défice nominal ficou em 3,1%, impedindo assim a saída do procedimento défice excessivo (mesmo que não tivesse havido o resgate do BANIF, que o Governo da direita meteu debaixo do tapete); e em vez de descer como devia, o défice estrutural subiu, violando grosseiramente as regras orçamentais da UE.
2. O problema para o Governo PS é que a falta de legitimidade da direita para criticar o orçamento não lhe dá legitimidade para reiterar a prevaricação. Os mercados financeiros costumam ser menos complacentes com governos de esquerda, habitualmente tidos como mais propensos para a indisciplina orçamental.
Imposto verde
Não tem razão de ser a objeção das empresas quando argumentam com o aumento de custos provocado pela (aliás ligeira) subida do imposto, pela simples razão de que esta representa uma pequena margem da redução do preço dos combustíveis.
quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016
Um pouco mais de rigor, sff
Um eventual referendo nessa matéria só poderia ter lugar sob proposta da própria Assembleia da República, antes da votação da lei, não por iniciativa de Belém. O PR pode obviamente sugerir, pedir, recomendar, instar a realização do referendo. Porém, depois de eventualmente aprovada uma lei nesse sentido, só resta ao PR, além da possibilidade de suscitar a fiscalização preventiva da sua constitucionalidade, optar entre promulgá-la ou vetá-la, sujeitando-se neste caso a ter de a promulgar se ela for depois confirmada na AR.
terça-feira, 9 de fevereiro de 2016
Carga tributária
Ora é preciso anotar duas observações (i) a subida desses impostos é mais do que compensada com a descida de outros, a começar pelo IRS, o que até torna o sistema fiscal um pouco menos injusto; (ii) Portugal continua com uma carga tributária (impostos mais as contribuições para a segurança social) inferior à média da UE, como mostra a tabela junta relativa a 2013.
É certo que a nossa referência nesta matéria deveriam ser países como a Irlanda e a Espanha, que têm uma carga tributária inferior. Todavia, mesmo assim, não se pode dizer que ela seja insuportável entre nós.
2. Mais preocupante deveria ser o facto de a consolidação orçamental, ou seja, a redução do défice orçamental, estar ser feita quase exclusivamente à custa do aumento das receitas, com pouca ou nenhuma contribuição do lado da diminuição da despesa.
Sabendo-se que temos de continuar a reduzir substancialmente o défice orçamental (nominal e estrutural) e a aumentar o "saldo primário" (saldo orçamental descontado dos encargos da dívida pública), o mais provável é continuar a pressão para o aumento da carga fiscal nos próximos anos.
Equivoco (3)
A EDP - Distribuição é concessionária da rede de distribuição, que é um serviço público, e não opera num mercado concorrencial; além disso, a EDP - Serviço Universal, como "comercializador de último recurso", está obrigada contratualmente a fornecer um serviço básico de energia elétrica aos consumidores que não estejam em condições de se abastecerem no mercado. Algo de semelhante ocorre nos demais "serviços de interesse económico geral" liberalizados (como o gás, as telecomunicações, etc.).
Ora, salvo a ligação aérea para os Açores e as demais condições contantes do acordo de privatização (onde não se conta a manutenção de um hub no Porto), a TAP não tem mais "obrigações de serviço público".
Equívoco (2)
Primeiro, é o próprio texto oficial do acordo que diz expressamente que a empresa mantém o estatuto de empresa privada. Segundo, a TAP não é empresa pública nem na definição do direito da UE nem do direito interno português (que aliás são coincidentes). A gestão da TAP fica inteiramente nas mãos dos acionistas privados e o Estado não fica com nenhuma posição dominante no governo da empresa, já que não tem a maioria do capital, nem dos direitos de voto, nem tem o direito de nomear a maior parte dos membros do conselho de administração (muito menos da comissão executiva). (Nestas condições, o que se pode questionar é a legitimidade do direito de veto do Estado no conselho de administração...)
Acresce que a TAP não integra o conceito constitucional de setor público empresarial, que exige a titularidade e a gestão públicas; ora, o Estado não fica com a maioria do capital nem muito menos com a gestão da TAP.
segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016
Equívoco
Saúda-se a militância de Rui Moreira pelos interesses da sua cidade e região, sendo de esperar que a empresa reanalise a sua decisão. A verdade, porém, é que a TAP já não é uma empresa pública - qualidade essa que perdeu com a privatização e que não recuperou com o recente acordo entre o Governo e os compradores - nem é uma empresa concessionária de serviço público, à qual o Governo possa dar ordens ou impor condições. De resto, mesmo enquanto empresa pública, a TAP era uma empresa que operava num mercado concorrencial, pelo que a sua gestão devia guiar-se por critérios comerciais. Impor a empresas públicas que operam no mercado a realização de operações contrárias à gestão comercial sempre constituiu uma das piores pechas da gestão pública, com pesados encargos para os contribuintes.
Adenda
Como era de prever, o Governo não vai interferir nesta matéria.
Voltar ao mesmo
Contando a mesma dispensa de trabalho na véspera do Natal e do Ano Novo, são mais três dias de férias do que no setor privado. Se a isso somarmos a recuperação das remunerações, o retorno às 35 horas de trabalho semanal e o fim da possibilidade de despedimento, estamos a assistir a uma cornucópia de boas notícias para a função pública.
O problema vai ser quando os trabalhadores do setor privado, invocando a Constituição e a equidade política, reclamarem o mesmo tratamento.
sábado, 6 de fevereiro de 2016
Aliados da onça
Ora, tal como o PS fez questão de salvaguardar lealmente os compromissos que tinha com esses partidos no acordo que fez com a Comissão Europeia também eles deveriam respeitar agora esse compromisso, abstendo-se de apresentar propostas que aumentem o défice acordado com Bruxelas. Se o não fizerem, obrigam o PS a votar contra essas propostas, tornando-se o "mau da fita", ou, pior do que isso, pode acontecer que o PSD vote alguma dessas propostas de despesa dos infiáveis aliados do PS, só para "encalacrar" o PS...
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016
Sob vigilância (2)
De facto, Portugal não pode de nenhum modo deixar criar um clima de incerteza orçamental que ponha em causa a (única) notação de rating positiva, a da DBRS canadiana, que é a garantia imprescindível do financiamento exterior do Estado e dos bancos nacionais a juros baixos.
Por isso, é essencial agora não deixar descarrilar a execução orçamental, deixando entrar pela janela aquilo que a Comissão Europeia não deixou entrar pela porta. Desnecessário será dizer que ainda mais importante do que a vigilância da Comissão Europeia em Bruxelas é a da delegação da DBRS em Lisboa.
Esquecer isso pode ser fatal.
Sob vigilância (1)
O laborioso e bem-sucedido compromisso poupou o País a um choque de consequências imprevisíveis com as instituições europeias e e o orçamento a que se chegou mantém Portugal na rota da consolidação orçamental, da redução do desequilíbrio das contas públicas e da contenção da dívida pública.
Fraudes
Mas há outra área que deveria exigir também maior rigor é o das aposentações por incapacidade, quer na definição dos seus pressupostos quer na verificação destes.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016
Receitas alternativas
Abertura da minha coluna semanal de hoje no Diário Económico. Ou como arranjar receitas públicas alternativas sem mais impostos.
Quando o que separa não desune
Felizmente, no PS, por via de regra, é assim!
Cartão amarelo
Em vez de penalizar o facto de ele ficar aquém da meta preestabelecida quanto ao "défice estrutural" (mesmo assim recalculado e reduzido em 0,4%) e quanto à contenção da dívida pública, a Comissão deve premiar o esforço de aproximação feito pelo Governo, mercê da receita adicional criada pelo aumento de vários impostos, que também reduz o défice nominal para 2,4% (era 2,8% no primeiro draft). Por isso, a Comissão deve abster-se de uma cartão vermelho, que pareceria excessivamente punitivo, e limitar-se a um cartão amarelo, com advertências sérias sobre as insuficiências remanescentes no orçamento aprovado, como fez em relação a outros países.
Resta esperar que a execução orçamental não venha a descarrilar e que não cheguemos a setembro a necessitar de um orçamento retificativo...
Adenda
No entanto, as arrasadoras perspetivas da Comissão Europeia desta manhã sobre Portugal fazem duvidar sobre se existem condições para leniência de Bruxelas em relação ao orçamento que está em via de aprovação no Conselho de Ministros...
Adenda 2
Também muito pessimistas as perspetivas do FMI. Decididamente, o exercício orçamental de Lisboa complica-se
Os que têm e os que não têm
2. Resta, porém, o defeito de todas as deduções fiscais, que só beneficiam quem tem rendimento suficiente para pagar IRS, deixando de fora justamente as muitas famílias de menores rendimentos e que por isso mais necessitam de apoio para criar os filhos. Afinal, nem toda a gente tem direito ao prémio financeiro por ter filhos. Como em quase tudo, há os have e os have nots.
Por isso, como há muito defendo, em vez de benefícios fiscais, era mais justo um subsídio de valor equivalente para todas as famílias.
quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016
"Soberania orçamental"
O montante das receitas e despesas públicas, bem como a origem das primeiras e a aplicação das segundas - ou seja, toda a política orçamental em sentido próprio -, continua a ser inteiramente da responsabilidade dos governos e dos parlamentos nacionais.
A União monetária e a moeda comum implicaram obviamente a perda da política monetária e da política cambial pelos Estados-membros que integram a zona euro, mas só afetaram a política orçamental quanto ao défice e ao endividamento, não quanto às opções e prioridades substantivas em matéria de receitas e de despesas públicas.
A UE e a situação na Líbia
União Europeia e Estados Membros falharam em agir como Europa coesa e coerente para ajudar os governos de transição líbios na tarefa que devia ter sido prioritária, sem a qual era óbvio que não funcionariam Estado, nem governação: a construção de forças de segurança sob comando nacional, o que implicava desmobilizar as milícias, não deixar que fossem infiltradas por redes criminosas e terroristas, explorando os arsenais de Khadafi no "bazar de armas" que ainda aqui hoje denunciou o Presidente da Nigéria.
UE e Estados-Membros continuam a enterrar a cabeça na areia, tudo reduzindo a lutas tribais entre líbios: continuam em denegação da "guerra por procuração" conduzida em terreno líbio por potências rivais sunitas - Egipto e Emiratos, atrás da Arábia Saudita que financia os grupos salafistas, contra Turquia e Qatar, que apoiam a Irmandade Muçulmana. "Guerra por procuração" que organiza a desintegração da Líbia e a expansão do Daesh e outros grupos terroristas no terreno.
O Acordo Político Líbio que o Representante do SGNU Martin Kobler conseguiu negociar oferece uma oportunidade que o povo líbio, a UE e a região não podem desperdiçar: é uma oportunidade "in extremis" para impedir a escalada da violência. Um ataque terrorista organizado a partir da Libia contra europeus não ficará sem resposta. E ninguém saberá controlar os impactos de uma intervenção militar externa.
Para o Acordo Político Líbio e o Governo de Acordo Nacional vingarem é vital que a UE imponha imediatamente sanções direccionadas contra qualquer indivíduo ou organização, líbio ou estrangeiro, que boicote o Acordo e o governo.
A Europa tem de assumir que é sua obrigação e interesse vital investir na segurança da Líbia. A erradicação de santuários terroristas implica trabalhar na desmobilização, desarmamento e reintegração de qualquer milícia, no combate ao tráfico de armas e de seres humanos, e na formação de forças de segurança líbias sob comando unificado. Sem se restabelecer segurança, não haverá transição democrática na Líbia, nem capacitação para a governação, nem respeito pelos direitos humanos, nem gestão dos recursos petrolíferos, nem controlo de fluxos migratórios.
A UE tem de se empenhar na Líbia e interessar-se pelo povo líbio. Só assim assegurará a sua própria segurança e a segurança da região.
(Minha intervenção em debate esta tarde no PE sobre a situação na Líbia)
terça-feira, 2 de fevereiro de 2016
Um pouco menos de hipocrisia política, sff
De facto, nos termos da lei-quadro das autoridades reguladoras de 2013, tais vencimentos foram fixados por uma comissão de vencimentos, a qual, de acordo com a mesma lei, é composta por três membros, um em representação da própria autoridade reguladora, outro em representação do Ministro das Finanças (que pertencia ao PSD) e outro em representação do Ministro da tutela (que era o ministro da Economia, do CDS). Portanto, os representantes do Governo tinham a maioria na referida comissão de vencimentos, e ninguém acredita que não atuassem de acordo com instruções ou pelo menos com a cobertura dos respetivos ministros.
Por conseguinte, o PSD e o CDS não podem sacudir a água do capote do seu Governo nesta indecente história!