sexta-feira, 12 de novembro de 2004

Arafat morreu. A Palestina resiste, logo vive.

Arafat vai hoje a enterrar. Todos os palestinianos o choram, mesmo os que justa ou injustamente o criticaram. Ele é o pai-fundador da naçao palestina (e a barriga de aluguer involuntaria, a contragosto, é Israel). E a um pai, que lutou encarniçadamente, contra tudo e todos, para impor a naçao, agradece-se e perdoa-se tudo (o fundador de Portugal, até na própria mae batia e os portugueses encolhem os ombros... ).
A naçao de Arafat está viva. Resiste, logo existe. Resiste por todas as formas à humilhaçao diária de uma ocupaçao tao brutal como refinada na perfidia, uma ocupaçao que só pode ser imposta por quem interiorizou o sofrimento de muitas geraçoes, ao ponto de tanto se desumanizar.
Presto emocionada homenagem a Arafat. O heroi, o lutador, o combatente infatigável, o politico astuto, o lider caloroso e profundamente humano, até nos erros. O homem que deu esse passo gigante, decisivo, que só um forte e corajoso líder podia dar, de reconhecer a existencia do Estado de Israel, para trazer um dia a paz aos dois povos e à regiao. Porque a Palestina existe no mapa, resiste na Cisjordania, em Gaza, em Jerusalém, no coraçao de cada palestiniano na diáspora e na consciencia de cada cidadao do Mundo. Porque a naçao Palestina há-de ter um Estado e viver em paz com Israel. Porque Arafat, um homem pequenino de grande visao e força animica, nunca nunca desistiu de lutar.

Ana Gomes