No seu discurso de rentrée política Manuela Ferreira Leite voltou a atacar uma alegado «clima antidemocrático» vigente, supostamente instalado pelo Governo do PS. Mas não concretizou essa grave acusação, que não passa de uma fácil invenção do PSD, não se baseando em nenhuma acusação fundada de violação das regras constitucionais ou das "convenções políticas" que regem a vida democrática.
A verdade é que poucos países democráticos terão um governo tão escrutinado como este pelas instituições apropriadas (Presidente da República, Parlamento, Tribunal de Contas, Provedor de Justiça, etc.) e pelos media, maioritariamente críticos. Poucos governos maioritários terão tido entre nós a coragem de nomear tantas personalidades independentes ou oriundas da oposição para lugares fulcrais, como por exemplo a CMVM, a CGD, ou mais recentemente o secretário-geral para a segurança. Nenhuma maioria parlamentar teve, como esta, o desprendimento para proceder a uma reforma parlamentar que amplia substancialmente os poderes parlamentares da oposição, bem como a exposição parlamentar do Governo.
A primeira obrigação de uma oposição responsável é a seriedade no debate político. A acusação de antidemocratismo não é pura a simplesmente séria.