1. O Governo anunciou um aumento dos funcionários públicos menos bem remunerados, todos passando a ganhar acima do salário mínimo.
Sucede, porém, que: (i) a crise da pandemia faz com que no setor privado não só não haja aumento de salários (salvo o salário mínimo), mas também que a massa salarial vai sofrer um corte significativo, por causa do aumento do desemprego; (ii) o Estado vai ter um elevado défice orçamental, implicando, portanto, o aumento da dívida pública para níveis preocupantes; (iii) ao contrário de outras medidas tomadas de apoio ao emprego e à economia por causa da pandemia, esta não vai ter duração temporária, aumentando a despesa permanente do Estado.
2. Por conseguinte, esta medida é socialmente iníqua e orçamentalmente imprudente. Mais uma vez se mostra que em matéria de emprego (estabilidade, remuneração, horário de trabalho, etc.) há dois países à parte, o setor público (para o qual nunca falta orçamento) e o setor privado (que depende da economia e da sorte das empresas).
Que importa, porém, se os funcionários públicos são um importante ativo político e eleitoral para qualquer Governo?