sábado, 22 de julho de 2006

"Civilização"

Uma potência guerreira ataca o país vizinho, onde está sedeado um grupo armado responsável por uma incursão no seu território. Durante dias e dias de puro massacre bélico, destrói infra-estruturas de toda a espécie em todo o país (estradas, aeroportos, pontes, centrais eléctricas, fábricas e hospitais), arrasa cidades e bairros urbanos, mata centenas de pessoas inocentes, provoca o êxodo de mais de meio milhão de pessoas. Entre os seus adeptos há quem chame a isto a luta pela "civilização".
Em tempo de barbárie, as palavras trocam de sentido. (Na imagem, Beirute sob as bombas).

Touradas na TV

Eu também sou contra a trasmissão de touradas na televisão em canais de sinal aberto, designadamente na RTP. Quem gostar da barbárie contra os animais, que aprecie "in situ", nos locais a isso destinados, ou em canais de TV por assinatura.

sexta-feira, 21 de julho de 2006

E o Governo português...

... não tem opinião própria (ou não...) sobre o ataque israelita ao Líbano?

"A infra-estrutura do Hezbollah"

Mais um testemunho (foto Lusa) da virtuosa operação de Israel na destruição das "infra-estruturas do Hezbollah" em Beirute!...

"Uma guerra sem sentido"

«A pointless war that no one may have wanted and no one can win. It should stop now. (...) This is madness, and it should end. It is madness because the likelihood of Israel achieving the war aims it has set for itself is negligible. However much punishment Mr Olmert inflicts on Hizbullah, he cannot force it to submit in a way that its leaders and followers will perceive as a humiliation. Israel's first invasion of Lebanon turned into its Vietnam. It is plainly unwilling to occupy the place again. But airpower alone will never destroy every last rocket and prevent Hizbullah's fighters from continuing to send them off. No other outside force looks capable of doing the job on Israel's behalf. At present, the only way to disarm Hizbullah is therefore in the context of an agreement Hizbullah itself can be made to accept.»
(Editorial do
The Economist de hoje).
Decididamente, até o velho e conservador Economist se virou contra mais esta aventura bélica do Estado judaico. O que dirão os ventríloquos dos falcões de Telavive, sempre prontos a denunciar as cavilosas motivações dos "inimigos" de Israel?

quinta-feira, 20 de julho de 2006

Os guerrófilos

Os que apoiaram o ataque dos EUA ao Iraque aplaudem agora também o ataque de Israel ao Líbano. Há um clube de fãs de todas as guerras. Não conseguem passar muito tempo sem uma guerra a sério, sobretudo as lançadas pelos fortes contra os fracos...

Reaccionarismo

O veto de Bush à lei sobre a investigação científica em células estaminais, que diversos países já regularam, revela mais uma vez o extremismo reaccionário do actual inquilino da Casa Branca e a sua dependência política e ideológica em relação à direita religiosa fundamentalista norte-americana.

É evidente que...

... o número apontado hoje pelo Diário Económico, sobre o aumento líquido de funcionários públicos (comparando o número de entradas com o número de passagens à reforma), não são fiáveis, pela simples razão de que se pode deixar de pertencer à função pública sem ser pela passagem à reforma (para além das mortes, há o fim dos contratos a prazo e a passagem para o sector privado). Mas também parecem evidentes duas coisas: (i) mesmo descontando essas situações, sempre terá havido algum aumento líquido de funcionários, o que contraria a garantia governamental da regra "saem 2, entra 1"; (ii) o Governo não dispõe de números exactos sobre os movimentos de pessoal no sector público administrativo, o que é inadmissível.
Trata-se, portanto, de um sério revés político.

...sob controle australiano


Da Praia da Areia Branca, 18.07.06, às 8.30 horas (hora a que PM John Howard aterrava em Dili)

Dili: o Cristo-Rei vela...


Dili, Praia do Cristo Rei, 18.7.06, 8.30 horas.

Timor Leste - a crise, ainda

Está na ABA DA CAUSA o artigo "Ainda a crise timorense" que escrevi na semana passada para o COURRIER INTERACIONAL (publicado a 14/7).
Entretanto estive em Timor Leste e conversei com todos os principais actores. Incluindo com o ex-Primeiro Ministro Mari Alkatiri.
E não tenho nem uma vírgula a modificar naquele meu texto.
Posso, em vez disso, acrescentar:
Mari Alkatiri pode continuar a ser muito importante, determinante mesmo, no processo de construção do Estado em Timor Leste. Naturalmente que é agora sua prioridade ver esclarecidas integralmente na Justiça as responsabilidades criminais que lhe são imputadas. Mas mal possa investir no trabalho parlamentar e partidário pode até tornar-se mais eficazmente influente do que era no Governo, valendo-se da experiência que adquiriu e mais ninguém possui e das competências que lhe são reconhecidas.
Mari Alkatiri pode, pela sua acção no Parlamento, na FRETILIN e nos bastidores contribuir decisivamente para o sucesso do actual governo, chefiado por Ramos Horta. Mas também pode obstaculizar a acção do Governo ou pelo menos dificultar o seu funcionamento.
Só que, se o actual Governo falhar, não será só Ramos Horta que falha. Nem o Presidente Xanana Gusmão que forçou a demissão do anterior Governo e nomeou este. Falha a FRETILIN que o indicou, o integra e o domina. E falhará, sobretudo, a independência de Timor Leste. Pela qual Mari Alkatiri sempre lutou e tantos e tantos timorenses deram a vida.

quarta-feira, 19 de julho de 2006

Médio Oriente - a barbárie à solta

Eu persisto em acreditar na Humanidade. Persisto em crer que razão e emoção nos distinguem no universo animal. E com elas disciplinamos sentimentos, identificamos valores, destrinçamos o bem do mal, comandamos acções e, em sociedade, gerimos interesses contraditórios, com leis e sanções para quem as viole. Por sermos humanos e não animais.
E, nos dias que correm, bem preciso é persistir em acreditar.
Para não nos deixarmos descontrolar pela indignação, a raiva, a impotência, o desespero, a vergonha gerados pela escalada da guerra no Médio Oriente e a destruição crua, cruel de Gaza e do Líbano.
Para não nos deixarmos contaminar pela bestialidade de uma guerra cobarde, centrada no ataque distante, desproporcionado e injustificável contra populações civis indefesas.
Para não nos deixarmos petrificar pela insanidade desumana da super-potência que se proclama fora-da-lei e podia fazer parar a guerra, mas antes a incentiva, recusando-se a exigir o cessar-fogo.
Para afirmarmos que uma tal guerra não serve, não pode servir, Israel. Porque reforça animicamente o Hezbollah e multiplica os ataques contra o povo israelita. Porque reforça e faz o jogo dos seus manipuladores em Teerão e da hidra terrorista por todo o mundo.Mas sobretudo, porque desonra Israel. E desonrando, deslegitima.

Vizinhos do país errado

«UNICEF estima que haja meio milhão de deslocados no Líbano». Que importa, devem ser todos apoiantes do Hezbollah! E se não são, são apenas vítimas dos "efeitos colaterais" da justa represália de Israel. Azar deles, terem "escolhido" viver no Líbano, sítio perigoso...

Despeito

Desde que no ano passado o Governo inscreveu no orçamento para o corrente ano a previsão de crescimento do PIB em 1,1%, não faltaram os que ridicularizaram como megalómano tal cenário, aliás "confortados" nas previsões do BP e das instituições internacionais, sempe abaixo de 1%. Agora que o BP, com base nos dados económicos do primeiro semestre, veio rever em alta a previsão, apontando para 1,2%, acima da previsão governamental, reina nas hostes dos críticos o silêncio do despeito.

Bom sentido

Segundo os números relativos ao investimento em "conhecimento" (investigação, software e educação), colhidos no jornal italiano La Repubblica, os primeiros lugares são ocupados, sem surpresa, pela Suécia, seguida dos Estados Unidos e da Finlândia), todos acima dos 4% do PIB. A correlação entre tais investimentos e o desempenho económico é evidente. Portugal vem muito abaixo, atrás da Grécia e da Itália, com menos de 2%. A diferença está à vista e explica muita coisa. Por isso, o reforço dos investimentos nas referidas áreas só pode ser bem-vindo.

terça-feira, 18 de julho de 2006

Livro de reclamações (2)

As ligações da Carris para o aeroporto de Lisboa são em geral más. Mas à noite desaparecem, deixando os viajantes à mercê exclusiva dos táxis. Não havendo ligações ferroviárias nem de metropolitano directas (deve haver poucos aeroportos europeus de importância nessa situação), não se compreende o défice de ligações por autocarro. Por exemplo, não se justificaria um "shuttle" entre o aeroporto e a Gare do Oriente, dando acesso rápido a comboios, ao metro e a carreiras rodoviárias suburbanas? Ou será que a Carris tem um acordo secreto com a associação de taxistas?

Livro de reclamações (1)

Por várias vezes, nos últimos tempos (ainda ontem, segunda-feira à noite), verifiquei a enorme demora da disponibilização das bagagens no aeroporto de Lisboa, em particular nos voos da TAP. Já não se tolera! Era altura de a companhia aérea verificar o desempenho da empresa responsável por tal serviço.

O massacre de um país


Ecoando a propaganda israelita, alguns meios de comunicação de hoje noticiavam que Israel continuou a "destruir as infra-estruturas do Hezbollah". Na verdade, o que Israel está a fazer é a destruir as infra-estruturas do Líbano, arrasando pontes e estradas, bairros urbanos, centrais eléctricas e outros equipoamentos colectivos, etc. E a matar e a deslocar muita gente, lançando todo o país no caos (as agências internacionais falam em quase duas cenetnas de mortos e centenas de milhares de deslocados).
Aliás, no final desta orgia sádica de violência bélica contra um país indefeso, que deixará o Líbano em ruínas, a única coisa que Israel não conseguirá destruir é justamente o Hezbollah (que, como todos os movimentos elusivos, não precisa de infra-estruturas próprias).

Gostaria de ter escrito isto

«As políticas de educação postas em prática ao longo das últimas décadas tiveram efeitos que só podem qualificar-se de desastrosos.
A eliminação, durante anos, dos exames nacionais no final de cada grau de ensino não democratizou a educação, mas eliminou a noção de mérito e de esforço e acabou por pôr o ensino básico, obrigatório, em concorrência com formas de entretenimento, numa luta desigual que só podia ditar a derrota da escola.»
(Teodora Cardoso, "A educação e a política", Jornal de Negócios de hoje)

domingo, 16 de julho de 2006

Lugares de encanto

Veneza.

Lugares de encanto

Veneza.

"Nem Fidel Castro se esquivou"

O meu artigo desta semana no Público, com o título em epígrafe, está agora disponível na Aba da Causa.

Gostaria de ter escrito isto

«O caso [do anúncio da jornalista Maria João Avilez] não é "excessivamente grrrave", num país em que jornalistas apresentam reality shows, em que manequins são actores ou apresentam notícias, em que apresentadores saem directamente dos noticiários para empresas de "comunicação", em que magazines são apresentados por pessoas que fazem publicidade, em que talk-shows são mostruários de produtos e serviços dos amigos dos apresentadores. Sobre isto nem a Comissão da Carteira nem os papas da deontologia têm uma palavra a dizer. Ao pé da promiscuidade generalizada e da submissão do jornalismo à economia, o caso do anúncio do BPP é uma ninharia.» (Eduardo Cintra Torres, Público de hoje; link só para assinantes)

sexta-feira, 14 de julho de 2006

Dois pesos, duas medidas

Os países da União Europeia lamentam em palavras os excessos da ofensiva militar israelita contra a faixa de Gaza e o Líbano (destruição de inúmeros objectivos civis, morte de dezenas de pessoas inocentes, ataque a um Estado soberano, etc.), em resposta à provocação de grupos extremistas palestinianos, que capturaram dois ou três militares israelitas. Mas quando se trata de forçar Israel a pôr fim ao uso desproporcionado da força e ao ataque ilícito a objectivos civis, a UE fica-se... pelas palavras.
Será dessa maneira, tomando ostensivamente o partido de Israel, sem a mínima equanimidade em relação aos palestinianos, que a UE quer desempenhar um papel imparcial e construtivo no conflito israelo-palestiniano, como é seu dever e interesse?

A política das palavras

Seguindo a qualificação israelita, a captura dos soldados israelitas pelos movimentos radiciais palestinianos é geralmente qualificada como "rapto" pelos media. Ora, num regime de ocupação as tropas do ocupante são um alvo legítimo da resistência armada nos territórios ocupados, sobretudo quando a potência ocupante não respeita os mais elementares direitos das populações dos territórios ocupados.
Já a morte de dezenas de civis inocentes em Gaza e no Líbano em consequência da retaliação israelita só pode ter o nome que tem: assassínios de Estado.

quarta-feira, 12 de julho de 2006

Sempre há uma explicação

«O PSD fez um pacto secreto com o governo e o PS. Apenas esta realidade pode explicar a inexistência de uma oposição capaz por parte do partido de Marques Mendes.» (A. A. Amaral, no Insurgente).

Radicalismo retórico

Uma deputada do BE acusava hoje o Governo de ser "rufia" (sic), por ser "forte com os fracos e fraco com os fortes". A deputada não deve viver neste país, visto que se há coisa de que o Governo não pode ser acusado com razão é de complacência perante os grupos privilegiados, bastando recordar o fim dos regimes especiais e as regalias dos políticos, dos militares, dos juízes, dos professores, dos grandes agricultores, etc. (ainda hoje foi anunciado o fim do regime especial de pensões de reforma do Banco de Portugal e da CGD). Mesmo na reforma da segurança social, quem sai com posições mais salvaguardadas são os titulares de pensões mais baixas, com sacrifício das mais altas.
Uma das razões da boa imagem do Governo na opinião pública (apesar de algumas medidas realmente criticáveis) está justamente em fazer questão de mostrar que, desta vez, a austeridade toca a todos e não somente aos mesmos de sempre.
Com "boutades" daquelas, como é que a oposição quer credibilizar a sua contestação do Governo, mesmo quando há razões para isso? O radicalismo retórico só serve para esconder a falta de ideias e de projectos.

Já se sabe para onde vai o dinheiro ....

... da Câmara Municipal de Lisboa. Segundo o Correio da Manhã, «a Câmara de Lisboa tem nos gabinetes do executivo quase 100 assessores com contratos de prestação de serviços e avenças, com os quais gasta mais de 3,1 milhões de euros por ano».
Um dos grandes mistérios financeiros do País é o do sugadouro de fundos no município de Lisboa. Sendo o município mais rico do país, não tendo despesas importantes que outros têm, porque os Estado (ou seja, o resto do país) as suporta (por exemplo, os transportes públicos), intrigava a sua permanente situação de dificuldade financeira. Agora, a confirmarem-se as notícias do diário lisboeta, começamos a ter um princípio de explicação.

terça-feira, 11 de julho de 2006

Mas é que deve ser mesmo

«Caso GM tem de ser exemplar, diz ministro da Economia». Ai do Governo, se consentisse a mínima complacência face a esta violação grosseira das obrigações contratuais da empresa. Portugal não pode ser uma República das bananas, muito menos de bananas.

Fatalidade

"GM Europe: fecho da Azambuja é definitivo". Fatalidade dos pequenos países periféricos, que já perderam a vantagem dos custos de trabalho comparativamente baixos (de resto, os salários crescem acima da produtividade), mas que mantêm todos os factores negativos: distância e custos de transporte, défice de qualificação profissional, baixa produtividade, falta de fornecedores domésticos qualificados, elevados custos de energia, falta de competividade fiscal, etc.
Temos de fazer melhor em todos esses aspectos.