«Acabo de ler mais uma das suas notas dedicadas ao SOL, neste caso sobre o relatório do Tribunal de Contas e a Estradas de Portugal, e porque fui responsável directo da edição do referido trabalho, não posso deixar de o corrigir, se me permite, na substância da sua análise. (...)
Vamos por partes: o SOL publicou um trabalho sobre uma auditoria do Tribunal de Contas à Estradas de Portugal, reportando o que aí estava escrito, incluindo até o contraditório do senhor ministro das Obras Públicas, Mário Lino. (...)
A primeira reacção do ministro das Obras Públicas foi a de que o relatório não existia. Concordará comigo em como essa afirmação, no mínimo, não corresponde à verdade? O relatório existe, até tem o contraditório do ministro das Obras Públicas e da Estradas de Portugal, mas Mário Lino prefere agarrar-se a um formalismo – não terá ainda recebido o texto final – para dizer que não existe.
Depois, a crítica (atabalhoada) ao trabalho jornalístico evoluiu e, nessa segunda fase, os números divulgados pelo SOL eram falsos. É, como sabe e muitas vezes tem escrito, uma estratégia antiga, a de matar o mensageiro. É fácil, é barato e dá milhões, pensou Mário Lino. Pensou e fez, mas fez mal. (...)
Vamos então ao post que escreveu sobre esta matéria. Cita uma notícia do Diário Digital, que passo a citar e, se me permite, a comentar:
1 - «O valor de 2,5 mil milhões de euros consta do relatório final, mas resulta de um ficheiro fornecido pela própria Estradas de Portugal, correspondente a um acumulado de mais de 20 anos e que inclui muitos ajustes directos autorizados, mas que nem sequer foram executados, explicou o ministro das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, que lamentou a «leitura enviesada» dos dados». Afinal, os 2,5 mil milhões de euros existem, estão no relatório, mas têm uma explicação. Concordará, também, comigo num ponto: o SOL não inventou números, reportou os que estavam no relatório, mais uma vez sublinho, com o contraditório do próprio ministro. Têm, segundo o ministro, uma explicação que não consta do relatório, como poderá constatar se o leu.
2 - «A situação económica não é preocupante e a situação financeira da EP está a caminho de se poder resolver», afirmou Paulo Campos (...). Também aqui, a avaliação de que a situação é preocupante é do Tribunal de Contas, que a repete várias vezes, como terá constatado se leu o relatório. O SOL não inventou nada, reportou o que foi escrito.(...)
O SOL também se engana e eu, da minha parte, assumo que tenho dúvidas. Mas neste caso concreto, a existirem enganos – e vamos tomar por verdadeiras todas as afirmações do Ministério das Obras Públicas – foram do Tribunal de Contas, no mínimo por omissão. (...)»
António Costa (editor, semanário Sol)
Esclarecimento
A fonte utilizada pelo Sol era o projecto de relatório do TC e não o relatório final. Uma leitura atenta desse texto não autorizava as conclusões que o Sol quanto ao endividamento e ao volume de adjudicações directas da EP.
Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
quarta-feira, 14 de novembro de 2007
terça-feira, 13 de novembro de 2007
Querido IVA
Publicado por
Vital Moreira
Decididamente, o Bloco de Esquerda não se dá bem com a coerência política. Condenou a subida do IVA, há dois anos, até por se tratar de um imposto socialmente cego, que onera relativamente mais os mais pobres, que consomem todo o seu pouco rendimento. Porém, agora que a situação orçamental pode abrir margem para uma baixa do imposto a curto prazo, o BE vem propor a manutenção do IVA, consignando a receita de 1% do mesmo a diversas despesas públicas adicionais (aliás, em violação da regra constitucional da não consignação de receitas fiscais). Afinal, o IVA deixou de ser um imposto "cego" e socialmente "regressivo"?
Louve-se neste ponto a coerência do PCP, que defende a redução do imposto (embora o pretenda já, quando a folga orçamental ainda não é suficiente)...
Louve-se neste ponto a coerência do PCP, que defende a redução do imposto (embora o pretenda já, quando a folga orçamental ainda não é suficiente)...
Dez anos?!
Publicado por
Vital Moreira
«Acordo Ortográfico: Portugal vai pedir moratória de 10 anos».
Dez anos para aplicar um acordo ortográfico é um manifesto exagero. Nem os livros escolares têm tal prazo de vigência, nem se vê nenhuma outra razão de interesse público para um prazo tão dilatado, salvo o interesse privativos dos nossos grupos editoriais em adiar o máximo possível a vigência da nova ortografia. Mas os interesses privados não deveriam contar nesta equação...
Dez anos para aplicar um acordo ortográfico é um manifesto exagero. Nem os livros escolares têm tal prazo de vigência, nem se vê nenhuma outra razão de interesse público para um prazo tão dilatado, salvo o interesse privativos dos nossos grupos editoriais em adiar o máximo possível a vigência da nova ortografia. Mas os interesses privados não deveriam contar nesta equação...
Os salteadores da Arca de Zoe
Publicado por
AG
Já está disponível na Aba da Causa o meu último artigo para o Courrier Internacional sobre a recente tentativa de rapto de várias crianças africanas por parte de uma ONG francesa. Nele sublinho que "os fins mentirosos e os métodos criminosos da Arca de Zoe não são compatíveis com a ética de uma ONG humanitária."
Intervenções recentes: munições de fragmentação, combate contra as armas químicas e a contribuição da Turquia para a segurança europeia
Publicado por
AG
Já estão disponívies na Aba da Causa os textos de três intervenções que fiz recentemente. Uma em representação do Parlamento Europeu numa conferência sobre munições de fragmentação organizada pelo MNE belga; uma segunda, em que fui convidada pela Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPCW) a apresentar as actividades da União Europeia nesta área; uma última no IEEI sobre a potencial contribuição da Turquia para a segurança europeia.
Porquê tanta demora? (3)
Publicado por
Vital Moreira
Chegou a ser anunciada uma reforma dos hospitais militares, no sentido da sua racionalização do seu excessivo número, consolidação de recursos e maior eficiência. Mas não veio a público nenhum desenvolvimento nessa matéria.
Que se passa? Ficou na gaveta essa reforma?
Que se passa? Ficou na gaveta essa reforma?
Porquê tanta demora? (2)
Publicado por
Vital Moreira
Entre os regimes excepcionais do sector público que deveriam ser suprimidos (junto com os dos militares, dos magistrados, etc.) estava o da carreira diplomática. Mas passados dois anos, não se conhece a revisão legal desse estatuto.
Que se passa? Ficou no tinteiro essa reforma?
Que se passa? Ficou no tinteiro essa reforma?
Porquê tanta demora? (1)
Publicado por
Vital Moreira
Passou mais de um ano sobre o pacto PS-PSD em matéria de justiça (sobre ele ver os meus posts de 7 de Setembro de 2006), cujas medidas deveriam ser todas implementadas durante o ano de 2007.
Ora, algumas das mais importantes, como o novo mapa judiciário e a revisão do estatuto dos juízes e do Ministério Público estão por implementar, não se conhecendo sequer as propostas de lei. Que se passa?
Ora, algumas das mais importantes, como o novo mapa judiciário e a revisão do estatuto dos juízes e do Ministério Público estão por implementar, não se conhecendo sequer as propostas de lei. Que se passa?
segunda-feira, 12 de novembro de 2007
Um pouco mais de seriedade, sff.
Publicado por
Vital Moreira
Será que o semanário Sol, e os órgãos que lhe deram eco quanto às bombásticas notícias sobre a empresa Estradas de Portugal, vão dar o mesmo destaque às correcções que mostram as fantásticas falsificações e mistificações veiculadas pelo referido semanário!?
Aeroporto (9)
Publicado por
Vital Moreira
No seu militante editorial de hoje, o director do Público afirma que os defensores da alternativa Alcochete, académicos e empresários, são todos "conhecidos". Ora, não é essa a ideia que se tem sobre os financiadores do estudo da CIP, que sustenta essa opinião, sendo conhecidos apenas quatro ou cinco dos mais de vinte financiadores.
A verdade é que a CIP nunca deu a conhecer oficialmente a identidade desse grupo de beneméritas empresas. E pelos vistos, até agora, também nenhum órgão de comunicação social achou relevante investigar essa identidade. Não é estranho? Havendo obviamente grupos económicos interessados no aeroporto na margem sul do Tejo -- desde a Lusoponte e os seus accionistas ao grupo Sonae, por exemplo --, não seria relevante saber quem financiou o estudo?
A verdade é que a CIP nunca deu a conhecer oficialmente a identidade desse grupo de beneméritas empresas. E pelos vistos, até agora, também nenhum órgão de comunicação social achou relevante investigar essa identidade. Não é estranho? Havendo obviamente grupos económicos interessados no aeroporto na margem sul do Tejo -- desde a Lusoponte e os seus accionistas ao grupo Sonae, por exemplo --, não seria relevante saber quem financiou o estudo?
Aeroporto (8)
Publicado por
Vital Moreira
A CIP perdeu a serenidade e a compostura, inventando uma "campanha" do Ministro das Obras Públicas, por intermédio da Rave, contra o seu estudo para o novo aeroporto.
Mas não tem razão. Primeiro, a Rave não se pronunciou sobre a localização do aeroporto em Alcochete, mas somente sobre o melhor modo de ligar a rede de alta velocidade ao aeroporto nessa localização (caso ela venha a ser escolhida), contestando a proposta da CIP nesse aspecto (e só nesse). Segundo, para quem anda há meses numa sistemática campanha mediática para promover os seu estudo, é pelo menos ridículo que a CIP se queixe de uma alegada campanha alheia. É caso para dizer que a CIP vê o argueiro no olho alheio mas não vê a tranca nos próprios olhos...
Mas não tem razão. Primeiro, a Rave não se pronunciou sobre a localização do aeroporto em Alcochete, mas somente sobre o melhor modo de ligar a rede de alta velocidade ao aeroporto nessa localização (caso ela venha a ser escolhida), contestando a proposta da CIP nesse aspecto (e só nesse). Segundo, para quem anda há meses numa sistemática campanha mediática para promover os seu estudo, é pelo menos ridículo que a CIP se queixe de uma alegada campanha alheia. É caso para dizer que a CIP vê o argueiro no olho alheio mas não vê a tranca nos próprios olhos...
PSD (2)
Publicado por
Vital Moreira
No topo da lista dos municípios com excesso de endividamento está o município de Gaia, o município presidido pelo novo líder do PSD, com quase 12 milhões a mais do que o permitido pela Lei de Finanças Locais (logo seguido de Lisboa, com montante pouco menor).
Depois de ter deixado o Governo do país, em 2005, com um défice as contas públicas superior de 6%, o PSD destaca-se no laxismo e na indisciplina financeira no governo local. E depois querem voltar a governar o País!...
Depois de ter deixado o Governo do país, em 2005, com um défice as contas públicas superior de 6%, o PSD destaca-se no laxismo e na indisciplina financeira no governo local. E depois querem voltar a governar o País!...
PSD (1)
Publicado por
Vital Moreira
Todos os domingos à noite torna-se evidente que o PSD não sofre de bicefalia na liderança, mas sim de tricefalia: L. F. Menezes, Santana Lopes... e M. Rebelo de Sousa.
domingo, 11 de novembro de 2007
Aeroporto (7)
Publicado por
Vital Moreira
Segundo o Público de hoje, a Rave -- a instituição pública para alta velocidade --, arrasa o "estudo da CIP" para o aeroporto em Alcochete na parte relativa à rede de de AV e às travessias do Tejo, evidenciando a sua "ligeireza" e os seus "erros crassos", quer na ideia de fazer passar a linha de AV por Alcochete (desviando a linha Lisboa-Porto para lá!), quer optando por um túnel sob o Tejo no eixo Beato-Montijo.
Como se tinha antecipado aqui, o celebrado "estudo da CIP" começa a afundar-se no ridículo. No entender da RAVE, «a solução da CIP [para a a AV] é péssima, é impossível e é mais cara». O que é estranho é que toda a imprensa tenha acolhido acriticamente as suas propostas, mesmo nas suas componentes mais bizarras (traçado da rede de AV, travessias do Tejo, estimativa de custos), como se fossem ouro de lei...
Aditamento - Se o pseudo-estudo da CIP é o que é quanto à rede ferroviária, poderá ele ser menos mau quanto ao aeroporto?!
Como se tinha antecipado aqui, o celebrado "estudo da CIP" começa a afundar-se no ridículo. No entender da RAVE, «a solução da CIP [para a a AV] é péssima, é impossível e é mais cara». O que é estranho é que toda a imprensa tenha acolhido acriticamente as suas propostas, mesmo nas suas componentes mais bizarras (traçado da rede de AV, travessias do Tejo, estimativa de custos), como se fossem ouro de lei...
Aditamento - Se o pseudo-estudo da CIP é o que é quanto à rede ferroviária, poderá ele ser menos mau quanto ao aeroporto?!
É p'ra já!
Publicado por
Vital Moreira
«Deputado do PSD-M defende independência da Madeira».
É altura de acabar de vez com a chantagem "flamista", que Jardim utiliza sistematicamente contra as instituições da República. Declarem, pois, a independência. E quanto mais cedo melhor!
É altura de acabar de vez com a chantagem "flamista", que Jardim utiliza sistematicamente contra as instituições da República. Declarem, pois, a independência. E quanto mais cedo melhor!
Norman Mailer
Publicado por
Vital Moreira
Com a morte de Norman Mailer desapareceu um grande "anti-americano".
História mal contada
Publicado por
Vital Moreira
«Portas mandou copiar 62 mil papéis do Ministério da Defesa».
É evidente que a explicação de Portas -- de que se tratava de "papéis pessoais" -- não é credível. Primeiro, porque ninguém acumula tal quantidade de documentos pessoais; segundo, porque não se vê razão nenhuma para Portas ter tantos documentos pessoais no Ministério; terceiro, porque não se percebe por que é que ele os mandou digitalizar justamente na véspera de abandonar o Governo; quarto, porque não não "cola" a explicação sobre as legendas dos dossiers ("Iraque", "submarinos", "confidencial", etc.).
Portas vai ter de encontrar explicação menos "coxa".
É evidente que a explicação de Portas -- de que se tratava de "papéis pessoais" -- não é credível. Primeiro, porque ninguém acumula tal quantidade de documentos pessoais; segundo, porque não se vê razão nenhuma para Portas ter tantos documentos pessoais no Ministério; terceiro, porque não se percebe por que é que ele os mandou digitalizar justamente na véspera de abandonar o Governo; quarto, porque não não "cola" a explicação sobre as legendas dos dossiers ("Iraque", "submarinos", "confidencial", etc.).
Portas vai ter de encontrar explicação menos "coxa".
Aeroporto (7)
Publicado por
Vital Moreira
«Novo Aeroporto: Estudo da CIP esquece 1.700 M€ de custos»
Como aqui se tinha antecipado, as contas do estudo da CIP não batiam certo. Com omissões grosseiras como as apontadas, que credibilidade merece o dito estudo?
Como aqui se tinha antecipado, as contas do estudo da CIP não batiam certo. Com omissões grosseiras como as apontadas, que credibilidade merece o dito estudo?
sábado, 10 de novembro de 2007
Sensacionalismo solar
Publicado por
Vital Moreira
Quase todas as semanas o semanário Sol brilha com uma manchete sensacionalista, como a última: «Há 415 pontes em estado grave».
Muitas vezes, têm um pequeno defeito: não correspondem à realidade. Mas o tabloidismo sensacionalista vende bem, como já se sabe há muito.
Muitas vezes, têm um pequeno defeito: não correspondem à realidade. Mas o tabloidismo sensacionalista vende bem, como já se sabe há muito.
sexta-feira, 9 de novembro de 2007
Oportunismo
Publicado por
Vital Moreira
Só por deslavado oportunismo -- alinhar com todos os protestos, tenham ou não razão -- é que se pode apoiar a reivindicação de restabelecimento do iníquo regime de benefícios fiscais para deficientes, em sede de IRS, que vigorou até ao ano passado e cuja vantagem era tanto maior quanto maior fosse o rendimento.
O regime agora em vigor é muito mais justo -- como mostrei aqui --, beneficiando a todos por igual, incluindo os que, não tendo rendimento para pagar IRS, não eram sequer contemplados no anterior regime.
O regime agora em vigor é muito mais justo -- como mostrei aqui --, beneficiando a todos por igual, incluindo os que, não tendo rendimento para pagar IRS, não eram sequer contemplados no anterior regime.
Recrutamento de professores
Publicado por
Vital Moreira
Os sindicatos contestam o novo regime de recrutamento de professores do ensino pré-escolar e do ensino básico e secundário -- o qual prevê uma "prova de avaliação de conhecimentos e de competências" --, argumentando que isso põe em causa os seus títulos académicos e profissionais.
Mas não têm razão. Como empregador, o Estado tem todo o direito de definir as regras de selecção dos candidatos ao ensino público, sendo natural que utilize critérios exigentes, para escolher os melhores candidatos. E bem necessário eles são.
Evidentemente, isto nada tem que ver com os exames que certas ordens profissionais exigem à entrada nas correspondentes profissões liberais, pois aí o que está em causa é uma limitação da liberdade de profissão. Mas nenhum empregador, a começar pelo Estado, está impedido de estabelecer procedimentos de selecção dos profissionais que deseje contratar.
Mas não têm razão. Como empregador, o Estado tem todo o direito de definir as regras de selecção dos candidatos ao ensino público, sendo natural que utilize critérios exigentes, para escolher os melhores candidatos. E bem necessário eles são.
Evidentemente, isto nada tem que ver com os exames que certas ordens profissionais exigem à entrada nas correspondentes profissões liberais, pois aí o que está em causa é uma limitação da liberdade de profissão. Mas nenhum empregador, a começar pelo Estado, está impedido de estabelecer procedimentos de selecção dos profissionais que deseje contratar.
Fundamentalismo
Publicado por
Vital Moreira
«Cidadãos por Lisboa defendem zonas com limite máximo de 30 quilómetros/hora».
Com efeito, se já há em Lisboa limites de 50Km em troços sem peões, 30Km em zonas de peões até é demais!...
Com efeito, se já há em Lisboa limites de 50Km em troços sem peões, 30Km em zonas de peões até é demais!...
Um pouco mais de rigor sff.
Publicado por
Vital Moreira
Em entrevista na RTP2 Octávio Teixeira sustentou que a Estradas de Portugal tinha sido transformada em sociedade anónima "SA", sem exclusivo de capitais públicos, a fim de abrir o seu capital aos operadores privados. Ora, o diploma ontem publicado diz expressamente:
«1 — A EP - Estradas de Portugal, E. P. E., criada pelo Decreto -Lei n.º 239/2004, de 21 de Dezembro, é transformada em sociedade anónima de capitais públicos, com a denominação de EP — Estradas de Portugal, S. A.».Assim se faz comentário político entre nós...
quinta-feira, 8 de novembro de 2007
De onde menos se espera
Publicado por
Vital Moreira
«Alegre condena "pressão fiscal" do Orçamento».
Como mostrei aqui, porém, a carga fiscal em Portugal fica bem abaixo da média da OCDE; além disso, a crítica a um alegado excesso da carga fiscal é um dos principais argumentos da direita contra o Estado social. Como quer Alegre que se consiga simultaneamente o equilíbrio das finanças públicas e o aumento das despesas sociais sem algum aumento da receita fiscal (aliás obtida em grande parte em vitude do sucesso da luta contra a fraude e a evasão fiscal)?!
Como mostrei aqui, porém, a carga fiscal em Portugal fica bem abaixo da média da OCDE; além disso, a crítica a um alegado excesso da carga fiscal é um dos principais argumentos da direita contra o Estado social. Como quer Alegre que se consiga simultaneamente o equilíbrio das finanças públicas e o aumento das despesas sociais sem algum aumento da receita fiscal (aliás obtida em grande parte em vitude do sucesso da luta contra a fraude e a evasão fiscal)?!
"A ofensiva falhada contra o ensino público"
Publicado por
Vital Moreira
Tal é o título do meu artigo desta semana no Público, entretanto reproduzido na Aba da Causa.
Aditamento - Também coligi na Aba da Causa o meu artigo desta semana no Diário Económico, sobre a iniquidade do sistema fiscal.
Aditamento - Também coligi na Aba da Causa o meu artigo desta semana no Diário Económico, sobre a iniquidade do sistema fiscal.
Madrid silencia o Sahara Ocidental
Publicado por
AG
"El pueblo saharaui reclama el respeto y la aplicación de la legalidad internacional, al igual que la inmensa mayoría del pueblo español (Encuesta-Barómetro del Real Instituto Elcano) y millones de ciudadanos informados de todo el mundo.O texto acima é de uma carta assinada por milhares de cidadãos espanhóis e enviada aos eurodeputados espanhóis em finais de Setembro e, entretanto, circulada a outros deputados ao PE.
La consigna de nuestro Gobierno y de los intereses subyacentes es el silencio, como si el asunto fuera competencia de otros, de "terceros. "El silencio es oro" para muchos grandes negociantes, mientras se mantiene el statu quo a costa de los legítimos derechos del pueblo saharaui.
El Pueblo saharaui ha sido el gran olvidado y el gran traicionado en la "modélica" Transición española a esta democracia olvidadiza y cobarde con nuestros propios compromisos, obligaciones y promesas (...), a expensas de los más débiles".
Não são só sucessivos governos em Madrid que fazem orelhas moucas aos apelos dos seus cidadãos que sentem que Espanha tem o dever de intervir, como Portugal interveio por Timor Leste, em defesa dos direitos do povo do Sahara Ocidental : o respeitável jornal "EL PAIS" negou-se a publicar um artigo denunciando a inacção de Espanha face às suas responsabilidades internacionais quanto ao Sahara Ocidental; a pretexto de "falta de espaço". O mesmo fizeram outros jornais e websites em Espanha.
O artigo "La legalidad internacional no es una utopía" pode ser lido em http://www.tlaxcala.es/, nas versões inglesa, francesa e italiana.
Leia e jude a difundir. Nós já derrubamos outros muros de silêncio.
quarta-feira, 7 de novembro de 2007
Espanha ofende Marrocos, mas esquece o Sahara...
Publicado por
AG
Os Reis de Espanha visitaram ontem e hoje Ceuta e Melilla, para grande ofensa e protesto do Governo e de muitos cidadãos marroquinos.
Suspeito que com ofensa e protestos semelhantes aos que uma visita da britânica Rainha Isabel II a Gibraltar provocaria nos "nuestros hermanos"!...
Nas vinte e quatro horas que passei em Madrid, entre ontem e hoje, embatuquei alguns colegas socialistas espanhois ao perguntar se afinal já não se aplicava a "grande" justificação que costumam invocar para não exigirem que o Estado espanhol assuma as responsabilidades que lhe cabe em relação ao Sahara Ocidental, tal como Portugal assumiu em relação a Timor Leste. A justificação habitualmente utilizada é que "Espanha não se pode dar ao luxo de ter uma disputa com Marrocos": está demasiado perto, tem muitos emigrados em Espanha e Espanha tem lá demasiados e poderosos interesses...
Pelos vistos, Ceuta e Melilla já valem bem a disputazinha!
Enfim, perdido por cem, perdido por mil: vamos esperar que agora que as coisas se toldaram, Madrid se afoite a cumprir as suas obrigações em relação ao povo oprimido da antiga colónia do Sahara Ocidental.
Notas a Vasco Graça Moura
Publicado por
Vital Moreira
Vasco Graça Moura respondeu hoje no Diário de Noticias ao meu post de há dias sobre um anterior artigo seu, tudo sobre o referendo do Tratado de Lisboa.
Importa esclarecer alguns pontos:
1. Numa democracia representativa, as decisões políticas devem ser tomadas, por defeito, pelo Parlamento, sendo o referendo um procedimento excepcional de decisão, que carece de forte justificação. Quem tem de se justificar é quem deseja referendos e não quem os não quer. Por isso, a pergunta "Quem tem medo do referendo?" só merece como resposta uma contrapergunta: "Quem não confia na democracia representativa?"
2. Penso que constitui uma instrumentalização do referendo o facto de ele ser exigido só porque se discorda de alguma decisão e se quer "chumbá-la" por via popular contra a maioria parlamentar que a apoia.
3. O compromisso político (do PS e do PSD) de realizar o referendo referia-se ao Tratado Constitucional, não podendo ser esgrimido em relação ao Tratado de Lisboa, que tem uma diferente natureza jurídica e distinto alcance político.
4. Evidentemente, sob o ponto de vista constitucional, o Tratado de Lisboa é referendável. Mas nem tudo o que pode ser referendado deve sê-lo, sobretudo quando tal se afigure politicamene impertinente ou descabido, como é, a meu ver, o caso.
5. Não concordo nada com a afirmação de que a integração de Portugal na UE é hoje uma questão incontroversa, parecendo-me evidente que há "soberanistas" à direita e à esquerda que nunca se conformaram com a integração e que aproveitam cada novo Tratado para reactivar essa hostilidade. Muito gostaria de saber como é que o PCP (e não só...) votaria num referendo sobre essa questão...
Importa esclarecer alguns pontos:
1. Numa democracia representativa, as decisões políticas devem ser tomadas, por defeito, pelo Parlamento, sendo o referendo um procedimento excepcional de decisão, que carece de forte justificação. Quem tem de se justificar é quem deseja referendos e não quem os não quer. Por isso, a pergunta "Quem tem medo do referendo?" só merece como resposta uma contrapergunta: "Quem não confia na democracia representativa?"
2. Penso que constitui uma instrumentalização do referendo o facto de ele ser exigido só porque se discorda de alguma decisão e se quer "chumbá-la" por via popular contra a maioria parlamentar que a apoia.
3. O compromisso político (do PS e do PSD) de realizar o referendo referia-se ao Tratado Constitucional, não podendo ser esgrimido em relação ao Tratado de Lisboa, que tem uma diferente natureza jurídica e distinto alcance político.
4. Evidentemente, sob o ponto de vista constitucional, o Tratado de Lisboa é referendável. Mas nem tudo o que pode ser referendado deve sê-lo, sobretudo quando tal se afigure politicamene impertinente ou descabido, como é, a meu ver, o caso.
5. Não concordo nada com a afirmação de que a integração de Portugal na UE é hoje uma questão incontroversa, parecendo-me evidente que há "soberanistas" à direita e à esquerda que nunca se conformaram com a integração e que aproveitam cada novo Tratado para reactivar essa hostilidade. Muito gostaria de saber como é que o PCP (e não só...) votaria num referendo sobre essa questão...
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