quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Exagero

O Jornal de Negócios de ontem colocava-me entre os "apoiantes" da subida da contribuição social dos trabalhadores. Ora, dar-me como apoiante de algo que considerei uma "violência" e, mesmo, parte de um "massacre", é pelo menos um exagero.

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Preencha esta vida!

Acabo de ver o Salvador na SIC-N que pediu para irmos a este site http://www.preenchaestavida.com/
Para ver como contribuir para minorar as necessidades dos menos capacitados.
Vá e... preencha lá!

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Divórcio com coabitação

É evidente que Portas assassinou deliberadamente a coligação governamental, que dificilmente sobreviverá durante muito tempo. Todavia, há divórcios litigiosos que não acabam com a cohabitação dos ex-cônjuges, por conveniência de ambos e falta de alternativas. Neste caso é também o País que não tem alternativas de governo...

Contra o Governo ou só contra a TSU?

Matos Correia, um dos "spinners" capazes do PSD, está na SIC-N a vender a tese de que manifestações não foram contra o Governo, só contra a "mal explicada" mudança na TSU, a tal que Passos Coelho agora se diz pronto a modular/modelar...
Sucede que o povo não é parvo: além da TSU "Robin dos Bosques ao contrário", este Governo é responsável, mas foge como o diabo da cruz, por prestar contas pela colossal derrapagem no défice e na dívida publica, apesar dos brutais sacrifícios impostos aos portugueses. Um Governo que é responsável pelo agravar da depressão e pelo disparar do desemprego e que manda os jovens emigrar e a isso também obriga menos jovens. Um Governo que escandalosamente se demite de se bater pelos interesses nacionais e europeus junto da Troika e de quem nela manda - Itália, Irlanda, Grécia e Espanha reúnem em Roma dia 21, a convite de Monti, mas Portugal brilhará pela ausência!!! Um Governo incompetente, insensível e desnorteado, que manda às urtigas o consenso social e político que punha a render no exterior. E que até se dá ao luxo de não se concertar entre parceiros de coligação. E que "custe o que custar" se obstina em empobrecer os portugueses e afundar Portugal.
Razões não faltam para os portugueses, com ou sem TSU a transbordar do saco cheio, se manifestarem a plenos pulmões contra o Governo.

Imaginação criadora

A sugestão de Mário Soares (a ter sido feita...), de o Presidente da República nomear um novo Governo sem recurso a eleições parlamentares, é de concretização impossível no quadro constitucional. Ora, a crise económica e financeira não suspende as regras constitucionais. Felizmente!
Num regime parlamentar não cabe ao Presidente substituir governos sem reccurso a eleições, a não ser em caso de autodemissão do próprio primeiro-ministro. Mesmo nesse caso o novo governo teria de "passar" no Parlamento. Por conseguinte, nessa hipótese, excluindo à partida um governo minoritário (que a situação de crise desaconselha vivamente), as alternativas ao actual governo PSD-CDS seriam um Governo PSD-CDS II ou um Governo PSD-PS. Ora A. J. Seguro já disse, e bem, que o PS não encara voltar ao governo a não ser por via de novas eleições.
De resto, quais não seriam os custos para o País de uma crise política e de uma substituição de governo neste momento, quando o orçamento tem de ser aprovado em tempo, como condição de o País ter acesso a mais uma prestação da assistência financeira?!

A representatividade da rua

"Manifestação inorgânica", alertaram alguns; sobreavaliação inadequada da importância operativa da rua, ponderaram outros.
Reflecti sobre os argumentos e decidi juntar-me à multidão que desfilou da Praça José Fontana até à Praça de Espanha, no sábado passado, sem enquadramento organizativo outro, que não fosse o da sua própria cidadania. Desfilei com familiares e amigos, à semelhança de um
milhão de portugueses por todo o país, entre idosos, pais, mães, crianças e jovens, muitos jovens - daqueles que muito faltam hoje às molduras humanas das realizações partidárias. Jamais me perdoaria se tivesse ficado em casa, em obediência a ditames do pseudo politicamente correcto.
Fui como sou, cidadã socialista e mulher de Partido, que não aceita, em circunstancia alguma, ver os seus direitos e deveres de cidadania coarctados.
Fui, continuando a acreditar na democracia representativa e na capacidade que assiste aos eleitos de interpretarem e prosseguirem o interesse publico. Desde que não estilhacem, como hoje sucede, o programa e as promessa com que se apresentaram as eleitores. E
sobretudo se o fizerem com danos irrecuperáveis para a coesão e sustentabilidade dos tecidos económico, social e moral do País, expondo-se à furia dos mansos, como avisam os Evangelhos...
Os defensores da democracia representativa, como eu, têm de entender a evolução dos tempos - e o líder do meu Partido, António José Seguro, na entrevista que ontem deu à RTP, mostrou que a entende.
Os cidadãos eleitores são hoje mais instruídos, mais informados e mais dispostos a uma intervenção activa, concordante ou reprovadora. O acomodamento passivo dos eleitores aos dislates de quem os governa ou ao juízo de próximas eleições é resquício obsoleto dos séculos dezanove e vinte.
Aí dos políticos - de todos os quadrantes, do poder ou da oposição- que ignorem a realidade do alto da sua torre de marfim, se não entenderem que os progressos que as redes sociais avassaladoramente potenciam, estão a transformar conceitos que pareciam consolidados, nomeadamente o da exclusividade omnisciente da representatividade política.
Não se confunda a rua "impreparada", como muitos pejorativamente a apodam, com a afirmação de uma cidadania informada e exigente. E sobretudo nunca, mas nunca, se tema o seu exercício ou se tente apoucá-lo. Quem o fizer, falha na qualidade de político representivo. Em especial em sociedades acossadas, como a portuguesa, pela impreparação, incompetência e fundamentalismo ideológico dos eleitos para governar.

(transcrição do que esta manhã disse aos microfones do "Conselho Superior" na RDP/Antena 1)

domingo, 16 de setembro de 2012

Referendo da rua

Numa democracia liberal, todos têm o direito de se manifestar politicamente, incluindo por meio de manifestações de rua. Numa democracia responsável, o Governo tem obrigação de ter em conta os protestos sociais, pelo menos quando atinjam grande dimensão. Mas numa democracia representativa, as decisões políticas são tomadas por governantes escolhidos através de eleições. Nenhuma democracia pode assentar nos "referendos de rua", para revogar as decisões politicas do governo em funções.
Isto vale para todos os governos, incluindo aqueles de que não gostamos (e em quem não votámos).

Recordando

Ao ver o PCP e o BE a vociferar contra o actual Governo, cuja queda já querem, e a exigir que o PS faça coro com eles não posso deixar de recordar que foram eles mesmos que se aliaram ao PSD e ao CDS para derrubar o Governo do PS, contra o qual vociferaram tanto como agora. Há companhias que comprometem...

PS

É fácil estar contra as novas medidas governamentais -- e cavalgar a onda dos protestos populares. Mais difícil é indicar as mediaas alternativas que deveriam ser tomadas para alcançar os objectivos assumidos perante a troika e respeitar a decisão do Tribunal Constitucional sobre a igualdade de sacrifícios das diferentes fontes de rendimento.

Duplicidade

O CDS não pode estar com um pé no Governo e outro fora dele. Ou está dentro -- e apoia as decisões do Governo. Ou não apoia -- e sai do Governo.

sexta-feira, 14 de setembro de 2012

Tudo é relativo

Sim, o aumento da contribuição social dos trabalhadores em sete pontos percentuais (de 11 para 18%) é uma violência, em especial para as remunerações brutas mais baixas (que por isso deveriam ser poupadas ou compensadas). Todavia, importa lembrar que já no corrrente ano os trabalhadores do sector público (e todos os pensionistas) perderam os dois subsídios mensais extraordinários, o que equivale ao dobro daquele corte de rendimentos (embora tenham sido poupadas as remunerações e pensões mais baixas).
Por outro lado, é de prever que a descida sigificativa da contribuição social das empresas (quase seis pontos percentuais), tornando mais leve o custo do trabalho, reforce a sua capacidade de enfrentar a crise, reduzindo as suas necessidades de financiamento, aumentando a sua competitividade e travando a subida do desemprego (supondo que a descida da procura não neutraliza esse efeito). Ora, pior do que perder rendimentos é perder o emprego.
Sem dúvida, a medida é muito penosa para quem a sofre, mas pode não ser tão má como parece nos seus efeitos.

quinta-feira, 13 de setembro de 2012


Aqui fica a intervenção que fiz na plenária desta semana, interrogando a Alta Representante Ashton sobre o que anda a UE a fazer para libertar os milhares de prisioneiros políticos na Etiópia, tal como o jornalista Eskinder Nega, e promover a transição democrática no país.

quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Líbia- Abu Shagour, Primeiro Ministro

Boas notícias da Líbia, esta noite: a nomeação de Abu Shagour como Primeiro Ministro.
Boas notícias decerto resultado das tenebrosas desta manhã, quando se soube do assassinato do embaixador americano e outros diplomatas no ataque ao Consulado em Benghazi.
Boa decisão, porque Abu Shagour tem todas as capacidades para conduzir a Líbia nesta fase tão complicada. Encontrei-o varias vezes em Tripoli, como Vice-PM (na pratica já era quem funcionava na direcção do governo providorio) e organizei a sua vinda à Comissão dos Negócios Estrangeiros do PE, em Junho passado, três semanas antes das primeiras eleições livres na Líbia.
A Líbia, em choque pelo horrendo ataque contra diplomatas americanos que tanto se empenharam em ajudar à sua libertação, fica ao menos a partir de hoje entregue a mãos competentes e determinadas para conduzir o processo de construção democrática.

Benghazi - o cobarde ataque

Tenebroso e cobarde, o ataque ao Consulado americano em Benghazi.
Acabrunhante saber que morreram 4 pessoas, uma delas o Embaixador americano, para mais um homem que tanto trabalhou pela libertação da Líbia do regime de Khadaffi, um homem que esteve ao lado dos líbios no terreno durante os meses mais perigosos da guerra de libertação.
Condenação, condolências, solidariedade para as famílias e a nação americana, expressei esta manhã em plenário do PE. Mas também para o povo líbio e especialmente às corajosas gentes Benghazi, que não mereciam o tremendo dano na sua imagem causada por um punhado de radicais fundamentalistas.

Harlem Désir - avenir

Désir rima com "avenir".
Do PSF, da França e da Europa.
Ele é de esquerda, da verdadeira esquerda, a progressista, a de serviço ao povo, ao país e à Europa dos cidadãos. Da esquerda que não se deixa infiltrar pelo oportunismo ou vender aos interesses financeiros ou empresariais.
É um amigo, uma das pessoas com quem tive mais sintonia política desde que entrei no PE. Antes disso convidei-o a vir a Lisboa, à apresentação das lista de candidatura do PS às eleições europeias de 2004, e ele veio, a 28.2.2004.
Mes meilleurs voeux, mon cher Harlem, pour toi, le PSF, la France. Et notre Europe.

Estado da União: selva fiscal

"Um contrato decisivo, propôs o Presidente Barroso.
Mas ele não abordou a rivalidade fiscal dentro da UE, que permite a uns Estados Membros enriquecer à custa de outros. Funcionando como paraísos fiscais que armazenam lucros empresariais e outros capitais, extraídos de outros Estados Membros para evitar pagar impostos aí, assim fugindo a contribuir com a sua justa quota para o rendimento nacional.
Eles servem para os mesmos propósitos para que são usados a Suíça, as Bermudas, o Delaware ou as Ilhas Caimão - para proteger os proventos da evasão fiscal e de outra criminalidade, incluindo a corrupção. Isso pode ser legal, mas é imoral e compromete a integridade da União Económica e Monetária.
Poderemos nós completar a União Económica e Monetária e o Mercado Interno e avançar nas Uniões Orçamental e Bancária, poderemos nós restaurar a confiança e credibilidade da União, se ela se baseia nas fundações acomodatícias do crime que prevalecem no Far West fiscal da UE?"

Pergunta que dirigi a Presidente Barroso no debate hoje no Parlamento Europeu sobre o Estado da União.

terça-feira, 11 de setembro de 2012

O massacre (3)

Com o alargamento das novas medidas de austeridade a todos os tipos de rendimento, incluindo os rendimentos de capital, embora com dimensões longe de valores equiparados, o Governo pode ter afastado definitivamente qualquer risco de nova declaração de inconstitucionalidade, mas espalhou o descontentamento por todos os grupos sociais.
Decididamente, o ano de 2013, a meio da legislatura, com as eleições locais daqui a um ano, vai constituir o "cabo das tormentas" do Governo. Só a prometida retoma do crescimento económico, o esperado regresso ao mercado da dívida e o ambicionado saldo positivo da balança comercial externa podem atenuar as sombrias perspectivas do ano que vem.

O massacre (2)

Para mostrar equanimidade na distribuição dos sacrifícios, o Governo resolveu aumentar de novo a taxa liberatória sobre rendimentos de capital, e também tributar directamente alguns elementos do património, como casas de valor elevado, carros de luxo, aeronaves e embarcações.
Todavia, se a primeira medida tem real impacto na receita, já a segunda aparece mais "para a fotografia", a ter em vista o valor indicado pelo Governo para as casas elegíveis para pagar o tributo especial, nada menos de um milhão de euros!
Salva-se o valor simbólico da medida. Obviamente o Governo sem sequer pensou num genuíno imposto sobre a riqueza, como aqui se propôs várias vezes, ou ao menos sobre um conjunto de elementos patrimoniais minimamente abrangente, como segundas casas, piscinas, número de automóveis, colecções de arte, etc.

O massacre (1)

Passos Coelho tinha afinal anunciado somente uma das muitas novas medidas de austeridade decididas pelo Governo. A lista hoje anunciadas pelo Ministro das Finanças constitui um verdadeiro massacre, entre aumento de impostos, corte de pensões e de prestações sociais, redução de dotações orçamentais, etc.
O prazo de consolidação orçamental foi prolongado por um ano, mas ao contrário do que o PS reclamava não foi para aliviar a austeridade, antes para a reforçar duramente. O défice que estava prometido para o corrente ano (4,5%) só vai ser atingido no próximo ano e à custa de um maciço programa adicional de novos sacrifícios do rendimento das pessoas.
O Goveno falhou duplamente os seus objectivos.

sábado, 8 de setembro de 2012

Pior a emenda... (8)

Na sua alocução ao País, o Primeiro-Ministro não referiu como vai suprir o "buraco orçamental" provocado pela queda das receitas no corrente ano, que obviamente vai continuar a fazer-se sentir enquanto não houver retoma económica.
Todavia, tendo em conta as suas palavras contra um aumento adicional de impostos, ecoando a conhecida posição do CDS, tudo indica que a meta do défice orçamental para o próximo ano (3% do PIB) só pode ser atingida através de novos cortes drásticos na despesa pública. Não é preciso ser adivinho para saber quais são ser as principais vítimas: despesas sociais, saúde e educação. Os "suspeitos" do costume!
O Estado Social vai ser reduzido ao osso entre nós!

Pior a emenda... (7)

Ao substituir o corte de um dos subsídios suplementares no sector público (que voltará a ser pago m 2013) por um aumento de valor equivalente da contribuição social dos empregados públicos, o Governo não consegue somente neutralizar orçamentalmente a operação (visto que a maior despesa de um mês de remuneração será compensada com receita adicional equivalente).
Fingindo repor um dos subsídios, que é pago de uma vez (enquanto o aumento da contribuição social será diluído e "anestesiado" ao logo do ano), o Governo na verdade substitui uma medida que era supostamente transitória (o corte dos subsídios) por outra que vai obviamente tornar-se permanente (a maior contribuição para a segurança social).
Mesmo que o segundo subsídio também venha a ser reposto no final do programa de ajustamento, é evidente que a contribuição para a segurança social não voltará ao que era antes. Por conseguinte, o Governo consegue o prodígio de parecer repor os dois subsídios, quando na realidade sempre cortou definitivamente um deles!
Chapeau!

Pior a emenda... (6)

O Primeiro-Ministro gabou-se de, com estas medidas, evitar um agravamento suplementar dos impostos.
Trata-se porém de uma falsa meia-verdade. As contribuições para a segurança social não são impostos em sentido próprio mas não deixam de ser tributos públicos obrigatórios ("contribuições parafiscais", na nomenclatura tradicional). É certo que não é grande, se algum, o impacto da medida anunciada sobre a carga tributária nas finanças públicas. Todavia, o Governo vai aumentar exponencialmente a carga tributária sobre os trabalhadores do sector privado para desonerar na mesma medida as contribuições das empresas. Há quem sofra efectivamente um subtancial aumento da carga tributária.
Estamos portanto perante uma enorme alteração da chave de repartição dos encargos com a segurança social, mediante a transferência da carga tributária dos empresários para os trabalhadores. Uma medida retintamente de direita!

Pior a emenda... (5)

As medidas agora anunciadas podem deliciar a troika e os mercados financeiros, mas vão ampliar o descontentamento social com o programa de austeridade, tanto mais que alteram subtancialmente (e de surpresa) a tradicional repartição dos encargos com a segurança social, em favor das empresas e em prejuízo dos trabalhadores.
No plano político, é evidente que depois disto o PS só pode votar contra o orçamento para 2013, o que pode aprofundar a lógica de oposição ao Governo. É de prever o fim do compromisso entre o Governo e a oposição socialista sobre o essencial do programa de austeridade e de consolidação orçamental.

Pior a emenda... (4)

Não faltam vozes a defender que as medidas anunciadas pelo Governo não dão resposta satisfatória ao acórdão do Tribunal Constitucional, visto que o sacrifício adicional que foi imposto aos trabalhadores do sector público e aos pensionistas (cerca de 2/14 avos do rendimento) continua a ser muito maior do que o que é agora imposto aos rendimentos do trabalho do sector privado (cerca de 1/14 avos do rendimento bruto anual).
Considero improcedente este argumento. Por um lado, como já argumentei aquando da decisão do TC, não se pode equiparar a situação dos trabalhadores do sector público com os do sector privado (maior remuneração média, menor horário de trabalho, segurança no emprego, estabilidade salarial, etc.); por outro lado, como o próprio TC considerou, não se exige uma igualdade absoluta nestas matérias, só sendo de condenar as desigualdades de tratamento intoleráveis ou arbitrárias. Não creio que seja o caso...
Por isso, mais uma vez, a contestação destas novas medidas deve ser travada no plano político e não no plano constitucional. Nem tudo o que é politicamente condenável é contrário à Constituição...

Pior a emenda... (3)

O Primeiro-Ministro não indicou concretamente como vai aumentar a contribuição dos rendimentos de capital (lucros, dividendos, juros, mais-valias, rendas) nas receitas do próximo orçamento, de modo a respeitar a decisão do Tribunal Constitucional, de que todas as fontes de rendimento devem ter a sua parte côngrua nos sacrifícios colectivos.
No entanto, sendo evidente que não é admissível que tais rendimentos tenham uma contribuição adicional proporcionalmente inferior à que vão ter os rendimentos do trabalho no sector privado (pelo contrário!), é de esperar que ela não seja inferior a 10%. No caso dos lucros das empresas, aliás, deve haver um agravamento especial, para compensar a substancial redução da contribuição social, de que vão beneficiar agora.

Adenda
Ao valor referido há que deduzir naturalmente as medidas que já afectaram os rendimentos de capital, nomeadamente a sobretaxa sobre o IRC e o aumento da taxa liberatória sobre os rendimentos de capital para 25%.

Pior a emenda ... (2)

A factura da crise orçamental vai ser mais pesadamente suportada pelos trabalhadores do sector privado, que já a sofriam especialmente através da redução de salários, do desemprego maciço, do corte das indemnizações de despedimento e dos subsídios de desemprego, etc.
Por acréscimo, desta vez sofrem de uma assentada do corte de cerca de um salário bruto anual, através de um aumento de sete pontos percentuais da contribuição social, a qual se eleva a 18% da remuneração, o que, salvo erro, passará a ser um recorde europeu...

Pior a emenda que o soneto (1)

Duvido que os que se regozijaram com a decisão do Tribunal Constitucional sobre o corte dos dois subsídios suplementares no sector público e nas pensões mantenham o aplauso. Na verdade, em resposta a essa decisão, o Governo decidiu manter aqueles cortes (ainda que um deles seja reposto e substituído pelo aumento exponencial da contribuição social) e alargar os sacrifícios aos demais rendimentos, tendo já anunciado o aumento da contribuição social do sector privado no equivalente a cerca de um mês de remuneração (deixando em aberto as soluções para os rendimentos de capital).
Com esta decisão, o Governo mata três coelhos de uma cajadada: (i) responde ao desafio colocado pela decisão do TC (sem prescindir dos cortes); (ii) aumenta as receitas da segurança social (pois a soma das contribuições dos trabalhadores e das empresas é agora de 36% da massa salarial, quando antes era de menos de 34%); (iii) e sobretudo, tal como era desejado pela "troika", avança decididamente na chamada "desvalorização interna", diminuindo substancialmente os custos do trabalho para as empresas (nada menos de 5 pontos percentuais), aumentado assim a competitividade externa.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

Twittando...


...sobre a Convenção Democrata:


  • Obama: “You can choose a future where we reduce our deficit without sticking it to the middle class". Espete-o nos governos europeus pf!
  • I believe  is a decent man with a  agenda for America and World. Against the indecency of deregulation and casino economy.
  • Saio  c/ admiração e inveja: sinto liderança, narrativa, estratégia, estímulo no campo Obama. Q contraste c/ UE em crise!
  •   Albright, just now at , is very right:  needs to get its act toghether

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

PM Zimbabwe sobre Etiópia

No debate sobre "Respostas Globais para a Pobreza e Desenvolvimento Humanos" no International Leaders Forum do NDI, esta manhã em Charlotte, o PM do Zimbabwe, Morgan Tsvangirai, concorreu comigo que Meles Zenawi sujeitou a Etiópia à sua ditadura e que os etiopes exigem "accountability".
Uma atitude desempoeirada, uma vez que a União Africana, vergonhosamente, cala e consente sobre a repressão no país onde está sedeada.

Vintage Bill

Começou rouco, mas aqueceu e oleou com o calor da assistência electrizada.
Um discurso a indigitar formalmente Obama - que descreveu como "cool por fora mas a arder por dentro pela America" - para se candidatar à reeleição pelo Partido Democrático. Um Obama tão cool que, "caramba, ele até nomeou a Hillary!"
Um discurso a defender a "Obama story" contra a ameaça Republicana, Romney é só fachada.
Um discurso a explicar que Obama herdou a economia em colapso colossal, por causa da crise provocada pela desregulação financeira e as guerras desastrosas de Bush. E tratou de começar a recupera-la, mas nem ele, nem mais ninguém, poderia consegui-lo em apenas 4 anos. "Four more years!" são precisos - "you will feel it", a recuperação económica, os jobs,jobs,jobs que já vêm aí, no pipeline. Graças a Obama. Porque com Romney - é mais das desastrosas receitas desreguladoras e favorecedoras dos super-ricos que provocaram a crise! "There they go again!!!"
Um Vintage Clinton a contrapor a visão Obama contra a estreiteza Romney - a ameaça ao "sonho americano", a ameaça à classe média. A contrapor a América social e das oportunidades para todos do "Obamacare", dos empréstimos para os estudantes, do salário igual e o resto para as mulheres, à dos cortes nos impostos dos Republicanos, só para tornar mais ricos os super-ricos. A América que quer dialogar e melhorar, em vez de guerrear, o resto do mundo.
Um discurso extraordinário, pedagogico, substantivo, impactante e empolgante - um discurso dos melhores, desde sempre, dizem os conhecedores, por um dos melhores oradores americanos de todos os tempos: Bill Clinton.