«"o financiamento público da IVG não consta do referendo, que se restringe à questão da despenalização".
Isto é verdade. Mas também é verdade que há entendimentos diversos no campo do Sim, havendo algumas pessoas (creio que a maioria) que defendem que os abortos (IVGs) devem poder ser comparticipadas pelo Estado, através do Serviço Nacional de Saúde (SNS), enquanto que outros partidários do Sim defendem que as IVGs devem ser pagas exclusivamente pelas mulheres que as solicitem.
E também é verdade que o actual ministro da saúde, Correia de Campos, afirmou já que os hospitais do SNS estarão em condições de levar a cabo IVGs, deixando portanto implícito que haverá IVGs que ele tenciona fazer pagar, no todo ou em parte, pelo SNS. Pelo que, os partidários do Não têm toda a razão em levantar esta questão. (...)
No meu entendimento, as IVGs são um tratamento médico mas não são um tratamento de saúde, na medida em que a gravidez não é uma doença. De mais a mais, há verdadeiras doenças, e graves, cujo tratamento o SNS não comparticipa. Como tal, as IVGs não devem ser pagas pelo SNS - embora possam ser efectuadas em hospitais públicos, se estes tiverem disponibilidade para tal, a troco de dinheiro.
Seria bom que o governo esclarecesse o que tenciona fazer, para dar razão a, ou, pelo contrário, desmentir eficazmente o ataque da campanha do Não.»
Luís L.