Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
terça-feira, 10 de fevereiro de 2009
Assimetria
Publicado por
Vital Moreira
Quando os jornais opinam, criticam, insinuam, lançam suspeitas ou, mesmo, condenam sumariamente alguém (em especial políticos) -- é sempre em nome da liberdade de informação e de opinião, sem limites. Quando, ao invés, um político se permite criticar jornais ou jornalistas, mesmo com toda a razão --, é a "censura", com todo o seu labéu.
segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009
Pensamentos malévolos
Publicado por
Vital Moreira
Os ingleses só demoraram seis meses a dar-se conta das limitações de Scolari. Nós levámos seis anos!
Obsessão (3)
Publicado por
Vital Moreira
Depois desta orgia bloquista de hostilidade visceral ao PS, ainda haverá socialistas que advoguem uma solução de governo com o BE, caso o PS ganhe as próximas eleições sem maioria parlamentar?
Obsessão (2)
Publicado por
Vital Moreira
O BE reafirmou enfaticamente que "não fará nenhuma coligação de governo pós-eleitoral com o PS", caso este não tenha maioria absoluta.
Na verdade, essa reafirmação era desnecessária. Primeiro, porque é evidente que o Bloco considera o PS "o inimigo". Segundo porque, como típico partido de protesto e de contrapoder da Esquerda radical, o BE se auto-exclui por princípio de participar no Governo. O poder "tem peçonha".
O que Louçã não disse é que, caso o PS tenha de formar um governo minoritário, o Bloco estará disponível para se aliar à Direita para fazer a vida negra ao Governo do PS (o que aliás tem feito várias vezes nesta legislatura), mas também, caso se proporcione, para derrubar o Governo, numa "aliança negativa" das oposições.
Como dizia o outro, "os inimigos dos meus inimigos meus amigos são". Entre o PS e a Direita, o BE já escolheu.
Na verdade, essa reafirmação era desnecessária. Primeiro, porque é evidente que o Bloco considera o PS "o inimigo". Segundo porque, como típico partido de protesto e de contrapoder da Esquerda radical, o BE se auto-exclui por princípio de participar no Governo. O poder "tem peçonha".
O que Louçã não disse é que, caso o PS tenha de formar um governo minoritário, o Bloco estará disponível para se aliar à Direita para fazer a vida negra ao Governo do PS (o que aliás tem feito várias vezes nesta legislatura), mas também, caso se proporcione, para derrubar o Governo, numa "aliança negativa" das oposições.
Como dizia o outro, "os inimigos dos meus inimigos meus amigos são". Entre o PS e a Direita, o BE já escolheu.
Obsessão (1)
Publicado por
Vital Moreira
"O nosso objectivo é retirar a maioria absoluta ao PS" -- discurso de Louçã no congresso do BE.
Já se sabia que para o BE o principal inimigo político não é a Direita mas sim o PS. Por isso, aliás, só admira que o BE diga querer tirar apenas a "maioria absoluta". A gente sabe que bom, bom mesmo, era derrotar o PS. É pena a Direita não estar a fazer a sua parte...
Já se sabia que para o BE o principal inimigo político não é a Direita mas sim o PS. Por isso, aliás, só admira que o BE diga querer tirar apenas a "maioria absoluta". A gente sabe que bom, bom mesmo, era derrotar o PS. É pena a Direita não estar a fazer a sua parte...
Erro de diagnóstico
Publicado por
Vital Moreira
Há quem ache que o péssimo desempenho de Manuela Ferreira Leite nas sondagens eleitorais se resume essencialmente a uma "questão de imagem".
Trata-se, porém de um óbvio erro de diagnóstico. É manifesta a incapacidade da líder do PSD para comunicar publicamente uma mensagem. Nada lhe sai claro, nem consistente, nem convincente. Mas o problema, para além do oportunismo e da irresponsabilidade das propostas políticas do PSD, é sobretudo de pobreza da mensagem da própria líder. Basta ler a banalidade das suas crónicas semanais no Expresso, para verificar que ela não tem nada de novo, nem de profundo, para dizer.
Enfim, um caso perdido.
[revisto]
Trata-se, porém de um óbvio erro de diagnóstico. É manifesta a incapacidade da líder do PSD para comunicar publicamente uma mensagem. Nada lhe sai claro, nem consistente, nem convincente. Mas o problema, para além do oportunismo e da irresponsabilidade das propostas políticas do PSD, é sobretudo de pobreza da mensagem da própria líder. Basta ler a banalidade das suas crónicas semanais no Expresso, para verificar que ela não tem nada de novo, nem de profundo, para dizer.
Enfim, um caso perdido.
[revisto]
O furacão Obama
Publicado por
Vital Moreira
Concordo com esta observação sobre a importância do discurso do vice-presidente dos Estados Unidos, Joseph Biden, em Munich.
Glosando as ideias-chave anunciadas pelo próprio Presidente no seu discurso de tomada de posse, Biden expôs os traços principais do "novo tom" na política externa da Casa Branca, desde o conflito israelo-palestiniano ao Afganistão, desde a "segurança económoca" à "revolução verde".
A era do "neoconservadorismo" de Bush está definitivamente morta --, e bem sepultada.
Glosando as ideias-chave anunciadas pelo próprio Presidente no seu discurso de tomada de posse, Biden expôs os traços principais do "novo tom" na política externa da Casa Branca, desde o conflito israelo-palestiniano ao Afganistão, desde a "segurança económoca" à "revolução verde".
A era do "neoconservadorismo" de Bush está definitivamente morta --, e bem sepultada.
domingo, 8 de fevereiro de 2009
Duas ou três
Publicado por
AG
É de ficar de olho no novo blogue Duas ou Três Coisas, que se anuncia pouco diário, mas que é publicado pelo novo embaixador de Portugal em França, o meu velho amigo Francisco Seixas da Costa.
sábado, 7 de fevereiro de 2009
Delírio
Publicado por
Vital Moreira
«PSD critica "manipulação" das sondagens que colocam partido em má posição».
O PSD entrou em delírio. E esta outra sondagem de hoje, inteiramente convergente com a outra, também é manipulada?!
O PSD entrou em delírio. E esta outra sondagem de hoje, inteiramente convergente com a outra, também é manipulada?!
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009
Redução da pobreza
Publicado por
Vital Moreira
Apesar desta inequívoca demonstração de que as políticas sociais de combate à pobreza resultam, há quem, do CDS ao BE, passando pelo PSD e pelo PCP, continue a repetir que a pobreza continua a aumentar...
Raiva
Publicado por
Vital Moreira
Uma observação destas, sobre as meritórias medidas de substituição do desemprego na actual crise, ultrapassa todos os limites da seriedade intelectual e política.
A raiva é inimiga da razão.
[revisto]
A raiva é inimiga da razão.
[revisto]
António Costa
Publicado por
Vital Moreira
As coisas correm bem a António Costa, para renovar o seu mandato na câmara municipal da capital, com legitimidade reforçada.
À direita, a coligação Santana-Portas pode afugentar muito eleitor do centro. Do outro lado, o sectarismo do BE e do PCP, rechaçando liminarmente qualquer ideia de coligação à esquerda e transformando o PS em adversário principal, não encontrará grande eco no eleitorado de esquerda, que não quer abrir a porta ao regresso da direita aos paços do município.
A proposta de renovação da antiga coligação de esquerda, ontem publicamente reiterada por ele, apesar de saber que seria imediatamente rejeitada pelos destinatários, é uma jogada de mestre. Os lisboetas ficaram a saber porque é que a esquerda vai às urnas dividida contra a direita unida.
Entre a direita dura e a esquerda sectária, a recandidatura de Costa tem todas as hipóteses de sair vitoriosa.
À direita, a coligação Santana-Portas pode afugentar muito eleitor do centro. Do outro lado, o sectarismo do BE e do PCP, rechaçando liminarmente qualquer ideia de coligação à esquerda e transformando o PS em adversário principal, não encontrará grande eco no eleitorado de esquerda, que não quer abrir a porta ao regresso da direita aos paços do município.
A proposta de renovação da antiga coligação de esquerda, ontem publicamente reiterada por ele, apesar de saber que seria imediatamente rejeitada pelos destinatários, é uma jogada de mestre. Os lisboetas ficaram a saber porque é que a esquerda vai às urnas dividida contra a direita unida.
Entre a direita dura e a esquerda sectária, a recandidatura de Costa tem todas as hipóteses de sair vitoriosa.
Irresponsabilidade
Publicado por
Vital Moreira
Há quem continue laboriosamente a procurar explicação para o persistente afundamento do PSD nas sondagens eleitorais. Mas a explicação é fácil e chama-se irresponsabilidade política.
O PSD actua como se fosse um partido de protesto e de contrapoder, uma espécie de PCP de direita. Há dias, votou uma proposta do PSD da Madeira que punha a cargo do orçamento do Estado nada menos do 50% dos encargos com o crédito à habitação de todas as pessoas "com dificuldades para as pagar", independentemente do valor da casa e do nível de rendimentos dos beneficiários, o que, para além da sua patente iniquidade, seria financeiramente incomportável. Ontem insistiu na redução de 2% na parte patronal (e só dessa) da taxa social única, o que afectaria gravemente a sustentabilidade financeira da segurança social, além de beneficiar todas as empresas por igual, incluindo muitas que não precisam nada dessa benesse.
Com propostas tão levianas como estas, sempre a traduzir-se em menos receita pública e mais despesa, que causariam a ruína das finanças públicas, como é que o PSD pode pretender ser tomado como alternativa de governo a sério?!
Aditamento
Para mais uma prova cabal da irresponsabilidade política do PSD ver este exemplo de ontem.
O PSD actua como se fosse um partido de protesto e de contrapoder, uma espécie de PCP de direita. Há dias, votou uma proposta do PSD da Madeira que punha a cargo do orçamento do Estado nada menos do 50% dos encargos com o crédito à habitação de todas as pessoas "com dificuldades para as pagar", independentemente do valor da casa e do nível de rendimentos dos beneficiários, o que, para além da sua patente iniquidade, seria financeiramente incomportável. Ontem insistiu na redução de 2% na parte patronal (e só dessa) da taxa social única, o que afectaria gravemente a sustentabilidade financeira da segurança social, além de beneficiar todas as empresas por igual, incluindo muitas que não precisam nada dessa benesse.
Com propostas tão levianas como estas, sempre a traduzir-se em menos receita pública e mais despesa, que causariam a ruína das finanças públicas, como é que o PSD pode pretender ser tomado como alternativa de governo a sério?!
Aditamento
Para mais uma prova cabal da irresponsabilidade política do PSD ver este exemplo de ontem.
Títulos alternativos
Publicado por
Vital Moreira
«Sondagem: socialistas em queda»
Título alternativo (e mais fiel à realidade): «Aumenta a distância entre o PS e o PSD».
Aditamento:
Há quem procure afanosamente explicações para a sólida vantagem do PS. E quem tire as conclusões sobre o "desastre anunciado" para o PSD.
Título alternativo (e mais fiel à realidade): «Aumenta a distância entre o PS e o PSD».
Aditamento:
Há quem procure afanosamente explicações para a sólida vantagem do PS. E quem tire as conclusões sobre o "desastre anunciado" para o PSD.
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009
Freeport (3)
Publicado por
Vital Moreira
Segundo a revista Visão, «o grupo Carlyle garante que a auditoria feita às contas do Freeport PLC não detectou qualquer buraco financeiro nem qualquer pagamento de "luvas"».
A confirmar-se esta informação (e será fácil verificá-la), a história da corrupção no caso Freeport desmorona-se, pela base.
A confirmar-se esta informação (e será fácil verificá-la), a história da corrupção no caso Freeport desmorona-se, pela base.
Só vantagens
Publicado por
Vital Moreira
Um dos efeitos colaterais da fixação mediática no caso Freeport, para além da crucificação de Sócrates, foi tirar da ribalta os novos desenvolvimentos da informação acerca da cratera do BPN, essa nódoa escandalosa do arrivismo financeiro de certos figurões da direita.
Quem é que tem uma imprensa amiga, quem é?!
Quem é que tem uma imprensa amiga, quem é?!
"Estão verdes"
Publicado por
Vital Moreira
O CDS/PP prescindiu de se apresentar autonomamente a Lisboa (apanhando a boleia de Santana Lopes) e Portas desvaloriza as eleições autárquicas. A gente sabe porquê.
Mas poderá um partido pretender ter verdadeira dimensão nacional, sem um relevante suporte no poder local?
Aditamento
E estando aliado ao PSD numa eleição municipal com a visibilidade da de Lisboa (e provavelmente outras), como é que o CDS pensa disputar ao PSD o mesmo eleitorado nas eleições gerais que são simultâneas com as eleições locais (e possivelmente até no mesmo dia)?
Mas poderá um partido pretender ter verdadeira dimensão nacional, sem um relevante suporte no poder local?
Aditamento
E estando aliado ao PSD numa eleição municipal com a visibilidade da de Lisboa (e provavelmente outras), como é que o CDS pensa disputar ao PSD o mesmo eleitorado nas eleições gerais que são simultâneas com as eleições locais (e possivelmente até no mesmo dia)?
Em vez dos despedimentos
Publicado por
Vital Moreira
As principais vítimas da recessão vão ser as pessoas que perdem o emprego (as que mantêm o emprego até podem ser beneficiadas pela crise, dada a descida da inflação e dos juros). Por isso, importa combater a perda de emprego, desde logo impedindo os despedimentos oportunistas.
Mesmo quando os despedimentos são objectivamente justificáveis (falências, diminuição de encomendas), nem sempre eles deveriam ser consentidos. Dado que a recessão há-de passar, as empresas que apenas precisam de reduzir transitoriamente o seu quadro de pessoal deveriam ser obrigadas, em vez de despedimentos, a optar pela diminuição do tempo de laboração (com redução correspondente da remuneração), mantendo o emprego de todos.
Mais vale distribuir as perdas por todos, por algum tempo, com garantia de manutenção de todos os postos de trabalho, do que sacrificar o emprego de uma parte dos trabalhadores, sem nenhuma garantia sequer de recuperarem o emprego perdido, após o fim da recessão.
Mesmo quando os despedimentos são objectivamente justificáveis (falências, diminuição de encomendas), nem sempre eles deveriam ser consentidos. Dado que a recessão há-de passar, as empresas que apenas precisam de reduzir transitoriamente o seu quadro de pessoal deveriam ser obrigadas, em vez de despedimentos, a optar pela diminuição do tempo de laboração (com redução correspondente da remuneração), mantendo o emprego de todos.
Mais vale distribuir as perdas por todos, por algum tempo, com garantia de manutenção de todos os postos de trabalho, do que sacrificar o emprego de uma parte dos trabalhadores, sem nenhuma garantia sequer de recuperarem o emprego perdido, após o fim da recessão.
Freeport (1)
Publicado por
Vital Moreira
Há quem elogie a suposta "contenção dos partidos da oposição" no caso Freeeport, por alegadamente não estarem a explorar politicamente o caso em seu proveito.
Mas não é bem assim. Primeiro, é evidente que não é só Pacheco Pereira, por parte da oposição, que nos media e na blogosfera tem protagonizado militantemente a exploração política do caso contra Sócrates. Segundo, é notório que a oposição omitiu qualquer denúncia da violação generalizada do sigilo da investigação, e nem sequer exigiu brevidade no apuramento dos factos. Terceiro, é indesmentível que o caso só beneficia a oposição, tanto pelo desgaste que provoca na imagem de Sócrates e do PS (mesmo que aquele seja inteiramente ilibado de toda a suspeição), como pelo facto de a agitação do caso desviar a atenção da inépcia e inconsistência das alternativas políticas oposicionistas.
A oposição não precisa de se apropriar explicitamente do "escândalo" em seu favor. Há quem trabalhe por ela...
Aditamento
«Apesar do agravamento da recessão económica e das novas iniciativas do Governo para a combater, Manuela Ferreira Leite desapareceu de cena desde o início da "campanha Freeport" nos jornais e televisões. Não será porque não quer desviar a atenção desse assunto e não perturbar os prejuízos que ele causa a Sócrates?
Ainda dizem que o PSD não têm procurado tirar proveito do caso...»
[Comentário de um leitor]
Mas não é bem assim. Primeiro, é evidente que não é só Pacheco Pereira, por parte da oposição, que nos media e na blogosfera tem protagonizado militantemente a exploração política do caso contra Sócrates. Segundo, é notório que a oposição omitiu qualquer denúncia da violação generalizada do sigilo da investigação, e nem sequer exigiu brevidade no apuramento dos factos. Terceiro, é indesmentível que o caso só beneficia a oposição, tanto pelo desgaste que provoca na imagem de Sócrates e do PS (mesmo que aquele seja inteiramente ilibado de toda a suspeição), como pelo facto de a agitação do caso desviar a atenção da inépcia e inconsistência das alternativas políticas oposicionistas.
A oposição não precisa de se apropriar explicitamente do "escândalo" em seu favor. Há quem trabalhe por ela...
Aditamento
«Apesar do agravamento da recessão económica e das novas iniciativas do Governo para a combater, Manuela Ferreira Leite desapareceu de cena desde o início da "campanha Freeport" nos jornais e televisões. Não será porque não quer desviar a atenção desse assunto e não perturbar os prejuízos que ele causa a Sócrates?
Ainda dizem que o PSD não têm procurado tirar proveito do caso...»
[Comentário de um leitor]
Ranking
Publicado por
Vital Moreira
No "ranking" da Twingly, o Causa Nossa figura no 13º lugar dos blogs de língua portuguesa e em 4º lugar nos blogs portugueses. Mesmo tendo em conta os critérios específicos da Twingly, é desvanecedor... [Por via de aqui]
quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009
Olhem para o Obama!
Publicado por
AG
A medida que a Administração Obama hoje anunciou, impondo um limite de $500.000/ano aos salários auferidos pelos altos responsáveis de instituições financeiras não só se impõe do ponto de vista ético, como faz sentido do ponto vista prático: uma das causas principais da "exuberância irracional" dos mercados financeiros - a tal que acabou por arrastar a economia real para a crise que hoje arrasa o mundo inteiro - foi a aberrante distorção de incentivos, incluindo os salários e prémios escandalosos, pagos aos executivos das direcções dos bancos de investimento, das agências de rating, etc.
Estes "mestres do universo" da treta passaram anos a tomar decisões sobre investimentos e risco financeiro desligadas da realidade e ao serviço dos seus próprios portfolios de acções e obrigações.
Hoje, nos EUA e noutros países, o Estado vê-se obrigado a injectar balúrdios de dinheiro público em bancos e instituições financeiras em estado comatoso. O mínimo de moralidade impõe que esses mesmos Estados determinem limites e exijam contenção e decência a quem gere tais instituições.
O próprio Presidente Obama fez notar que os americanos estão zangados por os executivos das instituições agora ajudadas pelo Estado estarem "a ser recompensados pelo falhanço".
Espero que em Portugal, o governo de José Sócrates não tarde a seguir nas pegadas dos EUA e imponha limites salariais aos gestores da banca - Banco de Portugal e Caixa Geral de Depósitos incluídos - e especialmente em todas as instituições financeiras que só poderão sobreviver à custa do dinheiro dos contribuintes.
Estes "mestres do universo" da treta passaram anos a tomar decisões sobre investimentos e risco financeiro desligadas da realidade e ao serviço dos seus próprios portfolios de acções e obrigações.
Hoje, nos EUA e noutros países, o Estado vê-se obrigado a injectar balúrdios de dinheiro público em bancos e instituições financeiras em estado comatoso. O mínimo de moralidade impõe que esses mesmos Estados determinem limites e exijam contenção e decência a quem gere tais instituições.
O próprio Presidente Obama fez notar que os americanos estão zangados por os executivos das instituições agora ajudadas pelo Estado estarem "a ser recompensados pelo falhanço".
Espero que em Portugal, o governo de José Sócrates não tarde a seguir nas pegadas dos EUA e imponha limites salariais aos gestores da banca - Banco de Portugal e Caixa Geral de Depósitos incluídos - e especialmente em todas as instituições financeiras que só poderão sobreviver à custa do dinheiro dos contribuintes.
A contrição de Obama
Publicado por
AG
Depois de Bill Richardson, o Governador do Novo México, ter tido que desistir da indigitação para Secretário do Comércio por causa da abertura de uma investigação sobre possível favorecimento na atribuição de concursos públicos, agora caíram Tom Daschle (que se preparava para ocupar o fulcral posto de Secretário da Saúde) e Nancy Killefer (pronta para assumir a pasta da reforma orçamental e da despesa pública). Ambos se retiraram por suspeitas de evasão fiscal e para não manchar com elas a presidência Obama.
O Presidente Obama, que não tem maneira de conhecer todos os esqueletos nos armários dos seleccionados para a sua equipa, reagiu como deve ser: contrição e promessa de não repetir o erro.
Vale a pena citá-lo:
"Tenho que assumir o meu erro. Em última análise é importante para esta administração estabelecer a mensagem que não há dois tipos de regras. Umas para as pessoas famosas e outras para as pessoas normais que têm que pagar impostos... Acho que fiz uma borrada ("I screwed up"). Eu assumo a responsabilidade e nós vamos garantir que resolvemos isto, para que não volte a acontecer."
Perante esta atitude, Obama, mais do que nunca, continua a merecer o benefício da dúvida.
Que refrescante, esta leitura do poder, depois de oito anos do cocktail explosivo de incompetência gritante, abuso de poder e arrogância de George W. Bush!
O Presidente Obama, que não tem maneira de conhecer todos os esqueletos nos armários dos seleccionados para a sua equipa, reagiu como deve ser: contrição e promessa de não repetir o erro.
Vale a pena citá-lo:
"Tenho que assumir o meu erro. Em última análise é importante para esta administração estabelecer a mensagem que não há dois tipos de regras. Umas para as pessoas famosas e outras para as pessoas normais que têm que pagar impostos... Acho que fiz uma borrada ("I screwed up"). Eu assumo a responsabilidade e nós vamos garantir que resolvemos isto, para que não volte a acontecer."
Perante esta atitude, Obama, mais do que nunca, continua a merecer o benefício da dúvida.
Que refrescante, esta leitura do poder, depois de oito anos do cocktail explosivo de incompetência gritante, abuso de poder e arrogância de George W. Bush!
Freeport
Publicado por
Vital Moreira
Eduardo Dâmaso (Correio da Manhã) deve estar a brincar com a inteligência dos leitores e com a lógica das coisas quando escreve que «ao assumir que o assunto é de Estado e ao discuti-lo com o procurador-geral da República, exigindo celeridade (...), o Presidente liquida a ideia de que estamos apenas e só perante uma 'campanha negra' de 'poderes ocultos'."
Na verdade, é justamente por causa da "campanha negra" que o caso Freeport se tornou uma questão de Estado, ao mostrar como a instrumentalização política de uma investigação penal inaceitavelmente demorada, através de uma maciça violação do segredo de justiça e de manipulação selectiva das fontes, pode levar a um processo mediático de incriminação, julgamento popular e condenação sumária do primeiro-ministro (que afinal nem sequer está a ser investigado, por nenhuma suspeita credível existir contra ele).
Por isso é que se impõe, como exigência de Estado, que a investigação esclareça tudo o que há a esclarecer rapidamente, acusando quem tem de ser acusado e ilibando quem deve ser ilibado, de modo a pôr cobro ao assassínio político, que a campanha negra intentou.
Na verdade, é justamente por causa da "campanha negra" que o caso Freeport se tornou uma questão de Estado, ao mostrar como a instrumentalização política de uma investigação penal inaceitavelmente demorada, através de uma maciça violação do segredo de justiça e de manipulação selectiva das fontes, pode levar a um processo mediático de incriminação, julgamento popular e condenação sumária do primeiro-ministro (que afinal nem sequer está a ser investigado, por nenhuma suspeita credível existir contra ele).
Por isso é que se impõe, como exigência de Estado, que a investigação esclareça tudo o que há a esclarecer rapidamente, acusando quem tem de ser acusado e ilibando quem deve ser ilibado, de modo a pôr cobro ao assassínio político, que a campanha negra intentou.
A insustentável legalidade de Paulo Portas
Publicado por
AG
O Vital já aqui evocou a decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos a condenar o Estado português por violação da Convenção Europeia de Direitos Humanos. Que vergonha para o país!
Mas o principal responsável por esta vergonha, o ex-ministro da Defesa Paulo Portas, já veio a público defender as "corajosas" ordens que na altura deu à Marinha portuguesa para esta efectuar uma arrojada operação de intercepção ao ameaçador vaso "Borndiep" das forças abortistas, um episódio que cobriu de glória as nossas Forças Armadas.
Justificou-as "com a protecção da legalidade portuguesa vigente à época".
É trágico-cómico ver Paulo Portas arvorar-se em defensor "da legalidade portuguesa".
O que vale é que, graças a ele, para a próxima vez que for preciso pôr cobro a campanhas de informação perigosas e subversivas, a Marinha portuguesa já estará equipada com meios ainda mais poderosos: os dois submarinos que fizeram as delícias do ex-ministro Paulo Portas... (ah, e também os proventos do militante do CDS "Jacinto Leite Capelo Rego"...).
Mas o principal responsável por esta vergonha, o ex-ministro da Defesa Paulo Portas, já veio a público defender as "corajosas" ordens que na altura deu à Marinha portuguesa para esta efectuar uma arrojada operação de intercepção ao ameaçador vaso "Borndiep" das forças abortistas, um episódio que cobriu de glória as nossas Forças Armadas.
Justificou-as "com a protecção da legalidade portuguesa vigente à época".
É trágico-cómico ver Paulo Portas arvorar-se em defensor "da legalidade portuguesa".
O que vale é que, graças a ele, para a próxima vez que for preciso pôr cobro a campanhas de informação perigosas e subversivas, a Marinha portuguesa já estará equipada com meios ainda mais poderosos: os dois submarinos que fizeram as delícias do ex-ministro Paulo Portas... (ah, e também os proventos do militante do CDS "Jacinto Leite Capelo Rego"...).
Intolerância religiosa
Publicado por
Vital Moreira
A igreja católica espanhola condenou como "blasfémia" e "ofensa à liberdade religiosa" a campanha publicitária de algumas associações ateias, que consiste num cartaz nos autocarros públicos, a dizer que "provavelmente Deus não existe".
Decididamente, continua a haver sectores católicos ultraconservadores que não aceitam que a liberdade religiosa não consiste somente no direito de ter religião e de exaltar Deus, mas também no direito de não ser crente e de contestar a existência de Deus. Mal para eles: o espaço público deixou definitivamente de ser um monopólio religioso.
Decididamente, continua a haver sectores católicos ultraconservadores que não aceitam que a liberdade religiosa não consiste somente no direito de ter religião e de exaltar Deus, mas também no direito de não ser crente e de contestar a existência de Deus. Mal para eles: o espaço público deixou definitivamente de ser um monopólio religioso.
Vindicação
Publicado por
Vital Moreira
Em 16 de Setembro de 2004, a Ana Gomes escrevia aqui no Causa Nossa o seguinte:
É assim, o País é que paga quando a Direita instrumentaliza o Estado para defesa dos seus preconceitos ideológicos.
«Mas a hipocrisia [do Governo no combate ao aborto] assumiu agora novos delírios, com a negação da entrada ao barco da Associação Women on Waves, pela qual o Governo português - o Governo deixado em Portugal pelo Senhor Barroso - procurou impedir a informação e o debate sobre o planeamento familiar, numa clara violação dos direitos fundamentais, do direito internacional e do direito comunitário. E afectou a isso meios totalmente desproporcionados, meios policiais e até militares, não hesitando em empregar navios de guerra. Meios desviados, assim, uma vez mais, do combate central: o combate contra o terrorismo internacional e a criminalidade organizada - por exemplo, desviando-os da vigilância de embarcações usadas no tráfego de droga que sulcam águas portuguesas para penetrar em toda a Europa.» [sublinhado acrescentado]É bom saber que passados estes anos o Tribunal Europeu de Direitos Humanos deu inteira razão a este ponto de vista e condenou Portugal por violação da Convenção Europeia de Direitos Humanos no "caso Bornediep", incluindo o pagamento de uma indemnização às organizações prejudicadas.
É assim, o País é que paga quando a Direita instrumentaliza o Estado para defesa dos seus preconceitos ideológicos.
terça-feira, 3 de fevereiro de 2009
Guantánamo, prisões secretas e responsabilidades europeias
Publicado por
AG
Abaixo reproduzo a intervenção (um minuto, apenas!) que fiz esta tarde em Debate Plenário do PE, sobre como a Europa pode agir para ajudar o Presidente Obama a encerrar Guantánamo e as prisões secretas - o que inclui assumir responsabilidades pela colaboração dada à Administraçao Bush por 14 Estados Membros. Entre os quais Portugal. Nesse contexto voltei a desafiar o Dr. Durão Barroso, hoje com especiais responsabilidades como Presidente da Comissão Europeia, a clarificar o que sabia, afinal.
"Portugal instou a UE a chegar a acordo sobre o acolhimento de pessoas detidas em Guantánamo, o que é estratégico para a solidariedade transatlântica e um gesto humanitário para com pessoas, já ilibadas de suspeitas, mas sujeitas a detenção ilegal, tortura e subtracção à Justiça.
Mas é também um dever para 14 Estados Membros da UE que foram coniventes com a Admnistração Bush, como este Parlamento apontou. A responsabilidade europeia por violações do Estado de direito e dos direitos humanos não pode ser apagada.
O Presidente Barroso tem negado conhecimento da cooperação dada pelo governo que encabeçou na transferência de prisioneiros para Guantánamo e para as prisões secretas. No entanto, ninguém acredita que os militares, a Polícia, os Serviços de Informação e a Administração pública portugueses fossem tão incompetentes de modo a permitir que o espaço aéreo, marítimo e terrestre de Portugal fossem sistematicamente violados pelos EUA.
A fim de o clarificar, será que o Dr. Barroso tornará públicas as notas dos encontros mantidos entre os seus assessores diplomáticos e a Sra. Condoleezza Rice, quando ele era Primeiro Ministro?
Será que o Dr. Barroso tornará público o parecer que então pediu ao seu conselheiro jurídico Dr. Carlos Blanco de Morais para impor regras de navegação especiais a embarcações aproximando-se de navios militares americanos transportando prisioneiros através de águas portuguesas?"
"Portugal instou a UE a chegar a acordo sobre o acolhimento de pessoas detidas em Guantánamo, o que é estratégico para a solidariedade transatlântica e um gesto humanitário para com pessoas, já ilibadas de suspeitas, mas sujeitas a detenção ilegal, tortura e subtracção à Justiça.
Mas é também um dever para 14 Estados Membros da UE que foram coniventes com a Admnistração Bush, como este Parlamento apontou. A responsabilidade europeia por violações do Estado de direito e dos direitos humanos não pode ser apagada.
O Presidente Barroso tem negado conhecimento da cooperação dada pelo governo que encabeçou na transferência de prisioneiros para Guantánamo e para as prisões secretas. No entanto, ninguém acredita que os militares, a Polícia, os Serviços de Informação e a Administração pública portugueses fossem tão incompetentes de modo a permitir que o espaço aéreo, marítimo e terrestre de Portugal fossem sistematicamente violados pelos EUA.
A fim de o clarificar, será que o Dr. Barroso tornará públicas as notas dos encontros mantidos entre os seus assessores diplomáticos e a Sra. Condoleezza Rice, quando ele era Primeiro Ministro?
Será que o Dr. Barroso tornará público o parecer que então pediu ao seu conselheiro jurídico Dr. Carlos Blanco de Morais para impor regras de navegação especiais a embarcações aproximando-se de navios militares americanos transportando prisioneiros através de águas portuguesas?"
Subscrever:
Mensagens (Atom)