terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

O nado-morto do BE

É a moção de censura a apresentar a 10 de Março, pois claro.
Além de irresponsável do ponto de vista do interesse nacional na actual conjuntura de crise europeia, faz o jogo de quem quer o PS cada vez mais afastado da esquerda. Procurei explicá-lo esta manhã, na rubrica Conselho Superior da ANTENA UM

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Quanto pior melhor...

A moção de censura do BE, anunciada com um mês de antecedência, revela a irreprimível irresponsabilidade política do grupo. Destinada somente a marcar terreno face ao PCP na oposição radical ao Governo e a provocar o PSD -- que obviamente não pode andar a reboque do Bloco --, a inicitiva bloquista tem porém como consequência inevitável um agravamento da pressão dos mercados financeiros sobre o País. A perspectiva de queda do Governo e de abertura de uma crise politica só pode fazer subir os custos da dívida soberana nacional.
Mesmo que não vingue, a inicitiva bloquista vai custar muitos milhões, além dos efeitos nefastos sobre a actividade económica interna. Obviamente, eles sabem disso!

Adenda
A candidatura de Manuel Alegre mostrou que o PS e o Bloco não são miscíveis. A moção de censura -- que, a vingar, só serviria para abrir caminho à agenda neoliberal do PSD -- mostra que o Bloco não tem nenhum limite na sua hostilidade visceral ao PS.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Justiça contra a corrupção. Ou não.

Sobre a perseguição ao Advogado Ricardo Sá Fernandes, agora por "gravação ilícita" por ter tido a coragem de denunciar um caso de corrupção .
Sobre os riscos e ameaças que o Juiz Carlos Alexandre admitiu, por escrito, no despacho judicial em que decide levar a julgamento os acusados no processo das falsas contrapartidas da aquisição dos submarinos. Justamente pela coragem dessa decisão.
Sobre a preocupante substituição das Procuradoras que se empenharam na investigação do processo das contrapartidas e do processo da aquisição dos submarinos. Este último parado há meses, a pretextos diversos, cinco anos volvidos de ter sido iniciada a investigação, sem que tenha sido chamado ao MP um dos principais decisores políticos - o ex-Ministro da Defesa Paulo Portas - desses contratos clamorosamente lesivos dos interesses do Estado e dos contribuintes portugueses.
Tudo a apontar especiais responsabilidades - por acção e omissão - ao actual PGR.
Disto tudo (e não só) falei hoje na rubrica Conselho Superior da ANTENA UM.

Notícia exagerada

A Direita rejubilou com a especulação de uma alegada ajuda do PCP para derrubar o Governo. Houve mesmo quem o desse por "morto"!
Afinal, a especulação não passava de "wishful thinking" da Direita, como sde pode deduzir desta declaração do líder do PCP. Parafraseando Mark Twain, a notícia do morte do Governo às mãos conjuntas da Direita e do PCP era um tanto exagerada!

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Bush ou Bashir: trataremos deles!

A Organização Mundial contra a Tortura enviara no dia 1 de Fevereiro uma carta aberta às autoridades suíças, pedindo que investigassem o envolvimento do ex-Presidente norte-americano George W. Bush na prática de tortura por parte da Administração que chefiou, a propósito de uma prevista visita sua a Genebra a 12 de Fevereiro.
A Amnesty International foi mais longe no dia 3: entregou aos Procuradores de Justiça do Cantão de Genebra e Federais uma detalhada análise factual e legal das responsabilidades criminais de George W. Bush por actos de tortura, no quadro do programa de combate ao terrorismo, no Iraque, no Afeganistão, em Guantanamo e nas "prisões secretas", com base nas suas próprias admissões, incluindo em auto-biografia publicada.
A AI concluia que os elementos eram suficientes para os procuradores suiços abrirem investigações criminais contra o ex-Presidente dos EUA, sendo a Suiça um Estado signatário da Convenção contra a Tortura, e estando portanto legalmente obrigada a proceder à investigação contra qualquer indivíduo presente no território suíço sobre o qual haja suspeitas de que cometeu, autorizou, participou ou foi cúmplice em actos de tortura, não havendo excepções para antigos chefes de Estado.
Antes das autoridades suiças actuarem, George W. Bush, prudentemente, optou por cancelar a visita à Suiça.
Ora bem! Está a aprender umas coisas: pelo menos, já percebeu que na Europa não será bem vindo e pode/deve ser recebido como um criminoso. Como, por exemplo, o seu comparsa Bashir, Presidente do Sudão (ainda em funções, mas já sob mandato de captura do TPI).
Ora aprendamos, nós também, portugueses. Porque as obrigações da Suiça, são também as de Portugal, igualmente Estado-Parte da Convenção contra a Tortura das NU e respectivo Protocolo Opcional, e da Convenção para a Prevenção de Todas as Formas de Tortura e Tratamentos ou Punições Degradantes e Desumanas do Conselho da Europa.
Se Bush ou Bashir ousarem por pé na Europa, há quem os espere.

Antologia do dislate político

«Autoritarismo do PS de Sócrates ultrapassa "centralismo democrático" de Lenine» - Ana Benavente.
O que pode o ressentimento pessoal e político!?

Será que o PCP vai contribuir para o derrube do Governo PS?

«PCP nunca hesitou em tentar derrubar os governos do PS» - afirma Vitalino Canas.
Tenho de contestar esta afirmação. Nunca um governo do PS caiu por efeito de uma moção de censura apresentada ou votada pelo PCP. Em 1978, o PCP ajudou a rejeitar uma moção de confiança apresentada por Mário Soares, mas não saiu dele nem da direita a iniciativa de derrubar o Governo. Depois disso o PCP apresentou moções de censura a governos do PS, mas sempre formuladas de tal modo que a Direita não podia votá-las. E nunca votou uma moção de censura apresentada pela Direita contra um governo PS que o pudesse derubar .
Não vejo razão para pensar que o PCP tenha alterado a sua posição histórica nesta matéria. Uma coisa é condenar os governos PS, a as suas políticas, outra coisa é associar-se à Direita, ou deixar que esta se associe a ele, para derrubar um governo PS.
Tal significaria uma mudança história na relação do PCP com a Direita.

PE reconheceu genocídio dos ciganos pelos nazis

O Presidente do Parlamento Europeu, Jerzy Buzek, fez, no passado dia 2 de Fevereiro, na abertura da sessão plenária do PE em Bruxelas, uma declaração de reconhecimento do genocídio dos ciganos (ou Roma, roms, romanis, entre outras designações) durante a Segunda Guerra Mundial.
Tratou-se de uma declaração de grande solenidade e significado, até porque que muitos Estados Membros da UE ainda não reconheceram o genocídio de que foram vítimas os ciganos pelo regime de Hitler. Foi um momento histórico para os milhões de ciganos europeus, nomeadamente para aqueles que sobreviveram ou cujos familiares foram assassinados pelos nazis.
Estamos a falar da maior e mais antiga minoria étnica europeia (composta, calcula-se, por doze milhões de pessoas), que ainda hoje continua a ser estigmatizada e discriminada.
O reconhecimento do sofrimento cruel dos ciganos é também o reconhecimento do passado trágico da Europa - a que não queremos voltar e por isso temos de continuar a construir a União Europeia e batalhar para que ela se baseie consequentemente nos direitos humanos. E é um primeiro passo para as instituições europeias, todos os governos e cidadãos europeus assumirem as suas responsabilidades no que respeita à plena integração social da comunidade cigana nos Estados Membros, incluindo o direito dos seus membros à livre circulação na UE.

sábado, 5 de fevereiro de 2011

A frase da semana

Numa entrevista o presidente do PSD declarou que "não se pode governar contra as corporações".
Noutro País, uma declaração destas de um dirigente partidário desqualificá-lo-ia irremdiavelmente como candidato a Primeiro-ministro. Pelos vistos, o PSD não quer somente "emagrecer" o Estado. Quer também emasculá-lo e deixá-lo de cócoras perante os interesses organizados.

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Rua Maquiavel

Quem visita Florença com alguma frequência sabe como é provável que o seu hotel fique situado numa rua ou praça com nome de uma grande figura da história florentina ou italiana. Mas nunca me tinha calhado um hotel na Viale Machiavelli, como hoje.

SOARES É FIXE!

Podemos ocasionalmente não coincidir numas miudezas plebeias, mas a minha concordância com a magistral análise de Mário Soares sobre para onde vai a Europa, e para onde devem ir o socialismo democrático e os socialistas portugueses, é total!
É para ler, reler, meditar e recomendar o artigo "A EUROPA CONDICIONA O RESTO" que Mário Soares publicou anteontem no DN.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Justiça ou paródia?

A grotesca iniciativa do MP - DIAP de Lisboa - de acusar o advogado Ricardo Sá Fernandes do crime de "gravação ilícita" pela prova da denuncia da corrupção tentada por Domingos Névoa, indigna quem tenha ainda uma restea de decência e põe fora de si quem, como eu, teime em acreditar em Portugal.
Neste caso concreto, é preciso saber quem é o/a Procurador/a, quem tem por detrás, e com que designios gasta o tempo e os recursos criminais a montar esta paródia de Justiça, fazendo o jogo dos corruptos e encarniçando-se atrás dos que têm a coragem de dar a cara e denunciar os criminosos.
Esta é, também, mais uma demonstração de como o MP está pelas ruas da amargura, apesar de contar com muita gente séria e competente.
Não é mais possível ser complacente com a disfuncionalidade instalada na PGR, que devia dirigir o MP e todos os dias se faz desrespeitar, pelo MP e pelos cidadãos.
É intolerável que o PGR tenha instaurado processos disciplinares à sua Directora do DCIAP e às Procuradoras da investigação sobre os submarinos, ao mesmo tempo que as mantem em funções! Obviamente, desautorizou-as. E, como quem não se sente não é filho de boa gente, o resultado foi, neste ultimo caso, o de provocar a recusa das procuradoras em prosseguir com a investigação.
Logo foram substituidas por quem, certamente, nada sabe dos processos (são dois, o das contrapartidas e o da aquisição dos submarinos), e se for minimamente competente e diligente vai ter um trabalhão para compreender o que está em causa, num caso que envolve matérias complexas e altamente especializadas.
Tudo factores a concorrer para demorar a investigação do processo de aquisição dos submarinos - que há meses está alarmantemente parado. E, porventura, para mais facilmente mandar arquivar a investigação, em momento oportuno.
Em causa estão os interesses do Estado e dos contribuintes portugueses - num caso de corrupção grosseira, a nível europeu, que envolve a responsabilidade civil, criminal e politica de ex-governantes portugueses, de quadros do Estado e das FA, de empresas, de bancos e advogados portugueses e alemães. Um caso que é politicamente muito mais melindroso e explosivo do que o processo das contrapartidas, que seguiu já para julgamento.
Não é possível que PR, Governo e AR finjam que não veem e adiem a necessária intervenção: o actual PGR não tem mais ponta de credibilidade, nem de autoridade.
Para começar a restaurar alguma confiança e dignidade à Justiça em Portugal, é preciso substituir Pinto Monteiro quanto antes!

Repressão no Egipto - e a UE engasgada...

Caos e confrontos sangrentos no Cairo - disparos, agressões, policias à paisana montados em cavalos e camelos distribuindo vergastadas para dispersar o povo que exige a queda de Mubarak. Contam-se os mortos. E feridos aos milhares. Mas o povo não desarma, os jovens não desmobilizam. Incrível a coragem, a determinação, a dignidade e a resistência dos egipcios!
Que contraste com a reacção pusilânime, hesitante e relutante dos lideres europeus, que procuram seguir a onda, mas sem exigir a saída do poder de Mubarak JÁ, antes que destroçe mais o país e o povo!. Que contraste com Obama, que apesar das pressões israelitas e das próprios erros e contradições, já compreendeu e veio ainda ontem dizer que "a mudança no Egipto começou agora". E já hoje mandou o seu porta-voz esclarecer que "agora é...ontem".
Desesperante esta UE, nas mãos de manhosos politiqueiros sem principios, valores ou conviccões, que nada aprendem e nada lideram: a cada hora que passa, mais co-responsáveis se tornam pelos egipcios que caiem na Praça Tahrir.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Troca desigual

Esta declaração de Jorge Lacão sobre a redução do número de deputados não deixa de surpreender. E não é somente porque significa uma mudança na tradicional posiçao do PS nesta matéria.
Imagino que o PS esteja disponível para "pagar" bem a concordância do PSD para estabelecer câmaras municipais politicamente homogéneas, como chegou a ser acordado entre os dois partidos há poucos anos, mas que ficou sem efeito, por o PSD ter roído a corda (no que aliás é vezeiro..). Todavia, oferecer em troca a redução do número de deputados para 180, um velho objectivo do PSD, parece-me francamente excessivo. Uma tal redução, no limite mínimo do intervalo constitucional, vale muito mais, pois afectará a representatividade social e territorial da AR, não sendo fácil de digerir à esquerda.
Por isso, penso que isso vale uma troca bem mais valiosa do que a sugerida pelo dirigente socialista. A meu ver, a questão da redução do número de deputados só deve ser abordada no quadro de negociações para a reforma do sistema eleitoral, incluindo o abandono dos círculos eleitorais distritais e a sua substituição por círculos de base regional (NUTS II) ou subregional (NUTS III - comunidades intermunicipais), ou agregação destes. Os círculos eleitorais distritais constituem o principal obstáculo para a necessária articulação entre a actual divisão administrativa do território nacional ("comunidades intermunicipais" e regiões, ou NUTS III e NUTS II) e a expressão eleitoral do território, que continua agarrada aos velhos distritos, que desde 1976 deixaram de ter qualquer papel administrativo relevante (para além de circunscrição dos governadores civis...).

A importãncia do nome

Acabo de chegar de um jantar de trabalho com responsáveis da comissão directiva do "Arco Atlântico", uma associação de regiões da fachada atlântica da UE, desde o Algarve até ao ocidente da Irlanda, passando pelas regiões ribeirinhas da Espanha, da França e do Reino Unido. Olhando a longa lista das regiões envolvidas, logo notei que só há duas regiões sem nome próprio, a região Norte e a região Centro de Portugal, com uma simples designação geográfica ou afim.
Desde há muito defendo que não é possível construir uma identidade e uma consciência regional com base em designações dessas. Por isso, se fosse dirigente de uma dessas regiões, a primeira coisa que proporia seria a adopção de um nome com substância identitária e com ADN histórico, por exemplo Entre-Minho-e-Douro para a região Norte e Beiras para a região Centro. Aqui fica a sugestão graciosa para Carlos Lage e Alfredo Marques, respectivamente.

Egipto - Fora com Mubarak!


Praça Tahrir, Cairo, esta tarde

Na rubrica Conselho Superior da ANTENA UM, esta manhã, expressei o desejo - partilhado amplamente no PE, mas não no Conselho e na Comissão (cf. as posições do Conselho de Assuntos Gerais de ontem) - de ver a UE ecoar as aspirações do povo egípcio que, corajosamente, continua a manifestar-se exigindo o fim da ditadura de Mubarak.

ABUTRES

Na semana passada, dia 25 de Janeiro, na rubrica Conselho Superior da ANTENA UM, comentei a reportagem ABUTRES, da autoria do jornalista Rui Araújo, transmitida na véspera na TVI.
Disse ali que a reportagem exigia uma investigação séria - que, hoje em Portugal, só talvez o Tribunal de Contas tenha credibilidade e capacidade para fazer - às empresas públicas ESTAMO/SAGESTAMO e AMBISIDER, da holding PARPÚBLICA, responsáveis pela compra e venda de património do Estado e alvo de alarmantes acusações, segundo aquela reportagem e outras investigações jornalisticas publicadas.
Também o disse no domingo passado, na intervenção que fiz na Comissão Nacional do PS.
É intolerável que tão graves revelações/acusações fiquem sem resposta por parte do Estado, por parte do Governo. E que nenhuma investigação seja imediatamente instaurada e publicamente anunciada.
Além das possiveis implicações criminais, está directamente em cheque a responsabilidade do Ministério das Finanças em zelar pelo património do Estado.
O silêncio oficial sobre estes ABUTRES está a ser ensurdecedor!

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

De Tunis ao Cairo... e por aí fora

É encorajador constatar como a Revolução Jasmim, na Tunísia, que ao pôr em fuga Ben Ali determinou o fim de 23 anos de ditadura, está a inspirar mais povos na região a vir para a rua exigir democracia e boa governação.
Já vamos no sétimo dia de massivos protestos no Cairo, onde as autoridades tentaram bloquear as 'armas' revolucionárias modernas: a internet e os telemóveis. Mas apesar do blackout programado, as manifestações continuam! E no Yemen também o povo enche as ruas da capital clamando pelo fim da tirania.
Os tunisinos provaram, como os portugueses em 1974, a força que tem um povo quando sai à rua face a um regime fortemente repressivo.
Que o recado está a ser entendido por outros governantes corruptos e violadores de direitos humanos, de Addis Ababa a Rabat, não há dúvidas: além de estarem freneticamente a tentar impedir a difusão das notícias (mas a Al Jazeera, o Facebook e o Twitter trocam-lhes as voltas...), estão a decretar descidas de preços de bens essenciais - tal é o medo e súbito esforço de apaziguamento!

Mas o recado não é só para ditadores: líderes nas democracias na Europa e nos EUA, além de deixarem de apoiar governos tiranos a pretexto da "estabilidade" e passarem realmente a investir no reforço democrático das sociedades civis dos países com que se relacionam, deviam apressar-se a rever todas as políticas que a nível global fomentam o comércio injusto, especulação e desemprego, contribuindo para a agravação da pobreza no mundo.
É bom que o façam antes que estas revoluções populares espontâneas sejam manipuladas por fundamentalistas e instrumentalizadas para tornar realidade a profecia agoirenta do "confronto das civilizações".

Número de eleitor

A ideia de que o número de eleitor deveria constar do Cartão de Cidadão -- como alguns precipitadamente defendem -- não faz nenhum sentido. Já basta mantê-lo indevidamente.
Primeiro, não se trata de um número de identificação do eleitor nem de prova da sua qualidade de eleitor, servindo somente para elaborar os cadernos eleitorais por ordem numérica e para organizar as mesas de voto. Segundo, e mais importante, o número de eleitor é realmente uma complicação desnecessária, podendo e devendo os cadernos eleitorais ser elaborados por ordem alfabética dos eleitores de cada freguesia (ou de cada secção).
O número de cidadão é uma sobrevivência burocrática inútil, de quando era necessário um acto de recenseamento eleitoral e havia cartão de eleitor e quando o registo eleitoral era ordenado numericamente por ordem de inscrição. Hoje, que já não existe nada disso, pois o recenseamento eleitoral é universal e automático logo que se adquire capacidade eleitoral, sendo o registo eleitoral elaborado electronicamente a partir do registo de identificação civil, o número de eleitor tornou-se uma peça de museu.
Para sobrelotação do Cartão de Cidadão já bastam os quatro números que dele constam...

Aditamento
Pelos vistos há ainda quem, como a associação nacional das freguesias (Anafre), não se tenha dado conta de que o número de eleitor não serve para nada, pelo que não faz nenhum sentido incluir esse número no Cartão de Cidadão,

sábado, 29 de janeiro de 2011

Gostaria de ter escrito isto

«Esta semana, quem gritou mais alto foram os directores, professores e pais dos colégios privados com contrato de associação. Há zonas do país em que as escolas públicas têm cada vez menos alunos e estão a funcionar muito abaixo da sua capacidade mas, ainda assim, foram mantidos estes contratos com colégios privados e com níveis de financiamento altíssimos. Alguns dos intervenientes nesta polémica são fortemente contra o papel do Estado na sociedade, contra tudo o que é público, exceptuando os dinheiros públicos que eles próprios recebem.
Até os responsáveis da hierarquia da Igreja vieram já clamar contra o Governo, interpretando cortes orçamentais como uma espécie de perseguição religiosa. Há muita gente na Igreja que tecia loas ao Governo do eng.º Sócrates quando o dinheiro dos contribuintes fluía, mas que agora só tece críticas. Esperava-se melhor dos nossos bispos.»
João Cardoso Rosas, Diário Económico.

Contra-informação

O semanário Expresso de hoje dá honras de primeira página a uma cândida estória, segundo a qual a razão para o lastimável azedume do discurso de vitória de Cavaco Silva no domingo passado esteve na crítica contundente de Santos Silva na campanha eleitoral.
Mas a explicação não tem pés para andar, como é óbvio, visto que não faz nenhum sentido, a propóstio de um comentário puramente político, falar em "calúnia" e em "infâmia" e desafirar os jornalistas a revelarem as fontes da "mentiras", como fez Cavaco Silva. É evidente, como toda a gente interpretou, que ele considerou como ofensa pessoal as acusações relativas ao caso BPN e à vivenda de férias do Algarve.
Que, face à geral condenação do ressabiado discurso pós-eleitoral, Belém venha tentar dourar a pílula, pode entender-se. Mas que o Expresso tenha acritamente dado acolhimento a uma descarada operação de "spinning" é lamentável.

Peça de museu

Por que é que, relativamente às dificuldades levantadas com o número de eleitor no domingo passado, nem os jornalistas nem os deputados fazem as perguntas óbvias:
a) Para que é que é necessário o número de eleitor hoje em dia?
b) Por que é que não se suprime o que já não tem nenhuma função útil, a partir do momento em que o recenseamento eleitoral passou a ser universal e automático?
Na verdade, os cadernos eleitorais por freguesia podem agora ser feitos directamente a partir do registo de identificação civil, por ordem alfabética, do mesmo modo podendo ser elaborados cadernos de secções de voto separadas dentro de cada freguesia, por via do código postal. Não há nenhuma necessidade de manter um registo eleitoral específico (salvo para as incapacidades eleitorais e para os estrangeiros com direito de voto) nem um número de eleitor autónomo, que nem sequer tem agora um cartão físico de suporte.
Que sentido faz, a cada eleição, obrigar desnecessariamente milhares de cidadãos a informarem-se do seu número de eleitor, por se terem esquecido dele ou por nunca lhe ter sido comunicado? Que necessidade há de gastar dinheiro a montar ou encomendar dispendiosos e vulneráveis sistemas de comunicações no dia das eleições? Que vantagem há em submeter a administração eleitoral e o Governo a um teste de stress a cada acto eleitoral?
Para sair deste imbróglio, o Governo deveria propor imediatamente mandar para o museu essa complexa inutilidade que é o número de eleitor.

Aditamento
Ressalve-se na imprensa o editorial do Público de Sábado, a defender justamente o abandono do número de eleitor e a organização dos cadernos eleitorais e das mesas de voto por ordem alfabética.

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

"Semana ibérica"

Nunca tinha ido ao Colégio de Europa, de Bruges (Bélgica). Foi agradável participar num colóquio sobre os 25 anos da adesão de Portugal e Espanha à então CEE, organizado pelos estudantes dos dois países, em compnahia do eurodeputado espanhol Mendez de Vigo.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Desperdício

«Maioria dos alunos das escolas privadas que sofrem cortes têm lugar no sitema público» - do Diário Económico.
Já se suspeitava disso há muito. A confirmação mostra que os "contratos de associação" eram quase sempre injustificados e que o pródigo subsídio público às escolas privadas era uma desperdício inaceitável de dinheiro público.

Desfaçatez

«Cordeiro diz que a fraude nas farmácias é culpa do Governo».
Pois claro, quando um ladrão rouba, a culpa é sempre do dono que não tomou precauções. Meta-se portanto o roubado, e não o ladrão, na prisão.

"Excesso de carga"...

O "excesso de carga" sobre o sistema informático da base de dados do recenseamento eleitoral exlica por que é ele colapsou no domingo passado. O que está por explicar, porém, é a razão desse excesso de carga, que tudo indica estar no facto de ter sido desnecessarimente alterado o número de eleitor de muitos milhares de cidadãos pelo simples facto de terem substituído o bilhete de identidade pelo cartão de cidadão, ainda por cima sem terem sido informados do novo número, tendo sido surpreendidos pela impossibilidade de votar por não saberm o seu novo número de eleitor.
Por isso, nenhum inquérito ao funcionamento do sistema informático pode explicar o que sucedeu. O que é preciso é uma investigação sobre quem e porquê tomou a arbitrária decisão de alterar o número de eleitor dos muitos cidadãos (como eu mesmo) que não alteraram a sua situação eleitoral, por não terem mudado de freguesia de residência nem de secção de voto.

domingo, 23 de janeiro de 2011

Eleições antecipadas

«Na projecção Intercampos/TVI sobre as intenções de voto dos portugueses, o PSD seria vencedor, com 36,8 por cento dos votos. O PS ficaria seis pontos atrás, com 30,8 por cento dos eleitores.»
Com previsões destas, é francamente duvidoso que o PSD esteja interessado em eleições antecipadas e ainda mais duvidoso que o Presidente da República se preste a fazer-lhe o frete de dissolver o parlamento, arriscando-se a ficar com um imbloglio político entre mãos...

Antologia do surrealismo político

«PPM: abstenção prova necessidade de referendar regime republicano».
Por que não candidatam o seu patusco "candidato ao trono" às eleições presidenciais para testar o apoio monárquico?

"Presidência musculada"

Sem surpresa e tal como todos os seus antecessores, Cavaco Silva ganhou a re-eleição para um segundo mandato presidencial.
Já não se pode dizer que o score obtido – menos de 53%, o mais baixo resultado de todas as reeleições presidenciais até agora – tenha ficado à altura da ambição do candidato e das esperanças da direita. Nestas condições, a ideia de uma magistratura mais "musculada" do que a do primeiro mandato ficou assaz debilitada.