Blogue fundado em 22 de Novembro de 2003 por Ana Gomes, Jorge Wemans, Luís Filipe Borges, Luís Nazaré, Luís Osório, Maria Manuel Leitão Marques, Vicente Jorge Silva e Vital Moreira
segunda-feira, 19 de julho de 2004
O «croupier» de Perelada
Evidentemente, quem vimos em Perelada não foi Telmo Correia, mas um seu duplo quase perfeito. Só que nessa altura nem nós, nem o próprio Telmo sabíamos que lhe estaria reservada a pasta em que se exercitava através do seu sósia num casino catalão. A coincidência é digna de um episódio dos Ficheiros Secretos. Aliás, a última revista do Público dedicava o tema de capa aos fanáticos portugueses das aparições extra-terrestres, na mesma edição em que publicava uma biografia de Santana Lopes. Não acham coincidências a mais?
Não viremos um dia a saber que este Governo foi formado por insondáveis influências telepáticas e mediúnicas? Imaginemos, por exemplo, que no mesmo dia em que Telmo Correia, através do seu duplo «croupier», ensaiava os seus dotes turísticos em Perelada, um duplo de Nobre Guedes, militante da «Greenpeace», manifestava-se em Houston contra o efeito de estufa e a insensibilidade ecológica da Administração Bush. Imaginemos ainda que Paulo Portas e Santana Lopes tiveram, nesse dia, a visão extraordinária que os conduziu até às escolhas mais surpreendentes deste Governo. Mas imaginemos finalmente que, tal como num episódio dos Ficheiros Secretos, quem hoje ocupa os lugares de ministros do Turismo e do Ambiente não são os verdadeiros Telmo Correia e Nobre Guedes mas os seus duplos ou clones: ou seja, o «croupier» de Perelada e o militante da «Greenpeace». Inverosímil? Talvez não tanto como o próprio Governo que agora temos.
(Asseguro que a história de Perelada é verídica e pode ser testemunhada por fontes absolutamente credíveis).
Vicente Jorge Silva.
Latitudes
Luis Nazare
Quase Famosos
domingo, 18 de julho de 2004
Na ausência do Vital, o nosso post diário sobre a situação política
Enchidos ao domingo
sábado, 17 de julho de 2004
Finalmente, a prova.
sexta-feira, 16 de julho de 2004
Santana, o imparável
Em contrapartida, a nomeação anunciada de Nobre Guedes para o Ambiente (falara-se dele para a Justiça, mas, pelos vistos, as duas pastas são claramente intermutáveis) é uma demonstração de génio imaginativo na relação de forças dentro da coligação. Já agora, porque não recuperar Celeste Cardona para a Cultura ou até Figueiredo Lopes para a Inovação, em vez de remetê-los para o desemprego político?
O único problema é que a sugestão já não vai a tempo (embora Santana tenha demonstrado uma humildade assinalável na aceitação de todas as sugestões, nomeadamente as da comunicação social, conforme declarou). Lançado no seu afã de voluntarismo político e de primeiro-ministro mais veloz do que a própria sombra, Santana já terá antecipado a tomada de posse do Governo para este fim-de-semana, precedendo assim o glorioso 19 de Julho de todos os aniversários que se propunha comemorar. Será que, afinal, não quis ser confrontado com o fantasma de Sá Carneiro e decidiu surpreendê-lo pela antecipação?
Vicente Jorge Silva
Milagre socrático
Durante o discurso, essas passagens foram sublinhadas por aplausos muito vivos de uma plateia que a câmara (imóvel) da SIC não mostrava. Só no fim se quebrou o suspense e nos foram revelados rostos entusiastas da renovação prometida. Estava lá a fina flor do aparelho do PS, nomeadamente das federações distritais que tão bem conhecemos e cuja paixão pelas propostas renovadoras se tornou célebre. E pairava no ar aquele clima unanimista e inconfundível da velha corte pressurosa em prestar vassalagem ao novo príncipe.
Espero para ver como Sócrates irá ultrapassar a quadratura do círculo. Sobretudo depois dos meses a fio que ele levou a recrutar apoios para a sua candidatura entre o que o PS tem de mais velho, mais gasto, mais clientelista e menos renovável. Construir o novo com o velho releva do milagre. Mas Sócrates chama-se Sócrates. Quem sabe se esta coincidência auspiciosa não nos reserva um prodigioso milagre?
Vicente Jorge Silva
Rui Cardoso Martins
Com o nascimento das Produções Fictícias, que começaram por aproveitar a oportunidade de Herman José, o universo do humor tornou-se mais interessante. Mas, ao mesmo tempo, inquietante. Há gente que, manifestamente, começou a sobrevalorizar-se doentiamente. Formataram-se na construção de piadas e, julgando poder deixar uma qualquer marca na história, estão condenados ao esquecimento.
Voltarei ao assunto. Mas não posso deixar em claro o texto publicado no excelente Inimigo Público por Rui Cardoso Martins. É que agora posso dizer que já fui motivo de cinco minutos da atenção daquele que é, na minha opinião claro, o mais talentoso e brilhante escritor de humor em Portugal. Aquele que é responsável, creio, pelo melhor programa dos últimos anos na RTP e por uma extraordinária crónica semanal no Público.
Por um lado, faz o seu caminho e continua a dar lições aos mais jovens. Mas, por outro, tenho um pouco a ideia que está a perder tempo numa estrutura que privilegia o anonimato e lhe trava as ambições. Mas isto sou eu a pensar. E pode ser que nada disto faça sentido para o Rui, que nem sequer conheço pessoalmente.
Luís Osório
O Estadão dos Assuntos Económicos
Álvaro Barreto é um velho senhor educadíssimo e simpatiquíssimo (digo-o sem qualquer sombra de ironia, ele é mesmo assim) que passou por inúmeros conselhos de administração e foi assessor de outros tantos. A sua carteira como agente de representações do poder económico é tão volumosa que chega a intimidar. Além disso, Barreto é uma bela figura, com um perfil de patrício romano, no esplendor dos seus quase setenta anos de idade.
Ministro da Economia, «tout court», era um papel escasso para tal personagem. A Economia foi assim promovida, assaz justamente, a Assuntos Económicos (pois é deles que se trata, não de mera e abstracta Economia). Só acho que ministro de Estado é um título que sabe a pouco, tendo em conta o volume e infinita diversidade dos ditos Assuntos de que Álvaro Barreto é familiar. Estadão seria mais adequado e soaria melhor. De facto, os Assuntos Económicos não são apenas matéria de Estado, mas de Estadão.
Vicente Jorge Silva
Entro de baixa...
Receita para o êxtase
Obrigado Ademar!
Comércio electrónico & confiança
Mantidas em "low profile" durante os primeiros anos, as compras "on line" disparam agora a ritmos relativamente acelerados. Mais de um terço dos internautas franceses (8,3 milhões), de todas as idades, compram em linha com regularidade. À frente continuam os discos e os livros, mas o mercado das viagens e do turismo é o que mais progride. Roupa, produtos de fotografia e informáticos, jogos de vídeo, bilhetes de espectáculos, perfumes e flores (mesmo a sério e não apenas virtuais como as que recebi no dia da festa do Causa Nossa) ocupam os lugares seguintes. Os produtos alimentares são os que mais resistem, provavelmente devido à densidade do comércio de proximidade neste sector.
Tal como entre nós, em estudos feitos há alguns anos, o principal obstáculo continua, no entanto, a ser a segurança das formas de pagamento em linha. Em boa verdade, talvez não seja tanto um problema de insegurança informática propriamente dita, mas muito mais um problema de falta de confiança no sistema aquilo que afasta tantos consumidores de escrever o número do seu cartão de crédito num écran de computador.
«O mundo é imperfeito»
Continuo a defender, à semelhança do que escrevi várias vezes em http://taf.net/opiniao/ , que devemos adoptar uma posição mais institucional. Parece-me mal que decisões destas sejam tomadas em função da pessoa concreta que irá estar nas funções de Primeiro-Ministro. O que está em causa não pode depender de fulano A ou de fulano B. É de Portugal que estamos a falar, não é de PSL ou PP.
Mais: quer se queira quer não, PSL foi _eleito_, mesmo que indirectamente. Pode-se argumentar (provavelmente bem) que não era isso que o povo queria, mas as regras que nos regulam são essas e chegou-se aqui sem violar objectivamente a Lei.
O mundo é imperfeito, aceitemo-lo assim e façamos o melhor que sabemos nestas condições. Isso não é quebrar princípios nem amolecer com inércia. A única razão válida para uma "demissão" nestas circunstâncias seria considerar que o simbolismo desse acto tem o valor de um exemplo de alerta. Respeito-o por isso.»
(Tiago Azevedo Fernandes)
quinta-feira, 15 de julho de 2004
Pacheco Pereira renuncia...
A dignidade pessoal e a coerência nos princípios não têm preço. Ainda bem!
Seguindo o rasto
Aplauso para Luís Osório
Ver também as declarações do próprio LO ao Diário de Notícias.
Vale a pena transcrever uma passagem do seu editorial sobre o assunto no jornal que dirige:
«O meu lugarExemplar, sem dúvida.
(...) Um director de jornal deve saber assumir e honrar compromissos, em primeiro lugar consigo próprio e com a sua equipa e, obviamente, selar um acordo de confiança com os seus leitores. Não vejo outra forma, apesar de no nosso país esta verdade ser muitas vezes uma realidade meramente teórica.
No auge da chamada crise política, dois dias antes da decisão de Jorge Sampaio,
A Capital, sob minha responsabilidade, noticiou em manchete que o Presidente já se decidira por eleições. Considerei as fontes insuspeitas. Achei que devia avançar porque, na passada quarta-feira à noite, tive a certeza de que as eleições antecipadas eram absolutamente certas. Nunca direi as fontes que tinha, mas a verdade é que não me questionei da veracidade da informação. Só que, dois dias depois, Jorge Sampaio não dissolveu o Parlamento. E, até ao fim, apesar de muita gente me garantir que, afinal, a decisão era contrária ao esperado, acreditei nas minhas fontes de informação.
No dia a seguir, num editorial assinado por mim e por Rogério Rodrigues, pedimos desculpa e garantimos que as consequências desse erro grosseiro seriam avaliadas internamente. É nesse processo que estamos. Coloquei o meu lugar à disposição da administração e da redacção.
Pelo compromisso que assumi consigo quando aceitei a direcção do jornal, quero partilhar tudo o que for verdadeiramente importante na vida de A Capital. E esta é uma altura fundamental na história deste jornal. É crucial assumir riscos, mas, nesse percurso tantas vezes sinuoso, não podemos perder pelo caminho o essencial do que julgamos ser por dentro. Não podemos perder o respeito pelo leitor, esse é o limite de tudo e o princípio de tudo o que deve nortear um órgão de comunicação. E não devemos perder o respeito por nós próprios. (...)».
Outros muros
Não confundamos o que não tem comparação!
"Abnóxio"
Eis a sua carta de anúncio:
Amigos, Confidentes, Cúmplices e CompanhiaCom efeito, era inevitável. E não acreditem no nome do blogue. Ao contrário do que ele insinua, nas mãos do Ademar tudo, até um simples blogue, se torna perigoso.
Pois, era inevitável!!!!
Desempregado de governo e divorciado de presidente, resolvi associar-me ao movimento bloguista, fundando o ABNOXIO (sem acento, por estúpidas embirrações tecnológicas que jamais entenderei). Quando quiserdes espreitar-me (sem que eu vos veja), sabereis agora como fazê-lo.
Não prometo muito: só poesia (própria e alheia) e algumas intimidades (a propósito ou despropósito). Ah! o endereço da fechadura é o seguinte: www.abnoxio.blogs.sapo.pt.
Não aceito sócios, nem colaboradores: quero masturbar-me sozinho.
Saudações calorosas do
Ademar
Felicidades, Ademar!
(*) "Blogue não oficial" da Escola da Ponte aqui.
«A quota de Belém»
«Nos primeiros nomes do governo da nova coligação alargada, Bagão Félix, nas Finanças, pertence naturalmente à quota do CDS-PP, reforçada. E o embaixador António Monteiro, na pasta dos Negócios Estrangeiros, pertencerá porventura à quota de Belém?».
"Honni soit..."
quarta-feira, 14 de julho de 2004
Antes fossem mentiras...
Há quem fale em mentiras, não em enganos. Mas acreditemos na boa fé de Bush: fiquemos pelos enganos. Não serão erros demais para o Presidente da única superpotência? Seria, até, menos inquietante se fossem deliberadas mentiras.»
(Francisco Sarsfield Cabral, Diário de Notícias, 14 de Julho)
Quem diria, hein!?
O que vão pensar e dizer desta oportunista manifestação de "antiamericanismo primário" -- quem diria, hein?! -- os costumeiros epígonos lusitanos do Pentágono e de Bush? Um "renegado" em perpectiva?
«Hipocrisia»
Corrosivo e fundamentado. Leia o resto do post.
Madre televisão
«Se vier a confirmar-se [a candidatura de José Socrates à liderança do PS], e a ganhar contra outras hipóteses, o destino tem algumas ironias: Sócrates e Santana fizeram uma dupla de sucesso na RTP, como comentadores, e agora poderão ver-se, não no mundo da Comunicação, mas na realidade, como os dois opositores políticos directos: um como líder da oposição, e o outro como primeiro-ministro.»Abençoada televisão, prodigiosa parideira de líderes políticos de sucesso! Doravante um tirocínio televisivo deveria ser requisito obrigatório de candidatura a cargos políticos de maior responsabilidade.
Passaculpas
E assim se desculpa uma guerra ilegal e ilegítima, que humilhou as Nações Unidas, dividiu a comunidade internacional, retirou autoridade e meios à luta antiterrorista, deu pasto à hostilidade das massas árabes contra o Ocidente, custou muitos milhares de vidas (sobretudo de inocentes civis iraquianos) e destruiu um País.
"Accountability democrática", dizem eles!?
Parecer
Na verdade não emiti nem me foi pedida nenhuma opinião jurídica sobre esse caso. Trata-se de errada referência a um estudo que fiz há mais de uma ano para a Associação Nacional dos Municípios sobre a questão, em geral, da suspensão do mandato executivo municipal por efeito do desempenho de funções governativas. A minha conclusão é a de que tal suspensão, que decorre directamente da lei, não tem limite de tempo e que ela não se confunde com as suspensões voluntárias por outros motivos, só estas tendo um limite máximo cumulativo de 365 dias durante o mandato de 4 anos, sob pena de o perda do cargo.
Embora sem ter em conta nenhuma situação concreta, é evidente que essas conclusões valem para o caso de Carmona Rodrigues, o qual pode assim ir ocupar o cargo de Presidente do CM de Lisboa, em substituição de Santana Lopes. Tal é, juridicamente, o meu parecer (salvo melhor evidentemente...).